Depois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos.
Para onde ir quando tudo...
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William
Eu estava sentado ao lado dela há cerca de quarenta minutos, sem conseguir tirar os olhos de seu rosto. Esperando que se movesse um centímetro, que a superfície de suas pálpebras fizesse o mínimo movimento e seus olhos se abrissem outra vez.
Como já estava quase me acostumando a estar, me sentia nervoso. Sabia que enquanto ela não falasse comigo eu teria medo.
Quando cheguei, por volta das nove horas, o dr. Kildman chamou a psicóloga e pediu que eu conversasse com ela, mas acabou demorando chegar, e eu não sabia o que esperar de sua fala.
— Olá, bom dia! — Ouvi a porta de vidro se arrastando e logo virei o rosto em sua direção. Era uma mulher que aparentava ter a minha idade, vestindo um jaleco e trazendo uma prancheta nas mãos.
— Bom dia! — Me levantei em prontidão e ergui a mão para cumprimentá-la.
— Peço desculpas pela demora. Estava fazendo algumas rondas e esperei finalizar o andar anterior logo! À propósito, sou Megan Flow.
— William. — Abri um meio sorriso e ela apontou para o pequeno sofá de dois assentos que estava logo atrás de si.
— Prazer em conhecê-lo, William! — Disse, ao sentar.
Fiz o mesmo.
— Igualmente!
— Pois bem... Hoje pela manhã o dr. Kildman solicitou uma consulta para Selena. Me parece que o neurologista já veio fazer uma avaliação, foram solicitados alguns exames, mas aparentemente não há nenhuma inconformidade cerebral. Vim para avaliá-la, mas não tive a oportunidade de construir nenhum diálogo. Selena não está responsiva a estímulos verbais nem visuais, e por conta do diagnóstico da tetraplegia, não pudemos trabalhar com estímulos físicos a princípio. É difícil que eu lhe dê um parecer agora, William, eu não posso me precipitar em tentar diagnosticá-la. Porém, pela conformidade em todos os resultados de exames neurológicos, só consigo identificar em sua postura que ela provavelmente deve estar em estado de choque psicológico. Vou lhe mostrar algo. Venha comigo! — Ela então levantou, deixou a prancheta sobre o sofá e caminhou até Selena.
Quando paramos, cada um de um lado do leito, ela tirou do bolso do jaleco o que pareceu ser uma caneta.
— Vou fazer agora uma avaliação pupilar básica. Lembrando que este teste já foi feito antes, eu quero apenas lhe mostrar para que você entenda melhor. Bom, essa aqui é uma lanterna pupilar. Nós vamos passá-la de um lado para o outro dos olhos dela e observar como as pupilas reagem. Veja...
Ela repousou a pequena lanterna ao lado de Selena, limpou as mãos com um álcool disposto na parede ao lado do leito e apoiou os polegares sobre as pálpebras de Sea, puxando ambas para cima logo em seguida.
Senti meu coração acelerar assim que vi seus olhos abertos, e por um breve momento pensei que ela realmente estivesse ali, mas logo voltei à realidade do diálogo com a psicóloga.