Depois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos.
Para onde ir quando tudo...
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Joey – 4 anos atrás
— Joey, mamãe está perguntando se pode liberar a mesa de jantar! — Benjamin abriu a porta do meu quarto.
— E eu preciso dar autorização para os outros comerem? — Perguntei, explicitamente irritado e Ben fez uma careta.
— Vish! Que bicho te mordeu, ein? Esqueceu que é véspera de Natal?! Aliás... — Ele deu uma pausa enquanto olhava para o relógio. — Só faltam vinte minutos para o Natal!
Revirei os olhos.
Não é que eu não gostasse do Natal. Era aquele, especificamente, que eu queria pular.
Continuei em silêncio, deitado na cama e olhando para o teto.
— É que ela quer saber se a Ashley não vem! — Disse.
Bufei alto e me virei para o outro lado, onde ficava a janela.
— Não quero falar dela!
Benjamin ficou alguns segundos calado, mas finalmente entendeu e suspirou.
— Vou trazer seu jantar aqui e qualquer coisa você está com diarreia! — Falou e fechou a porta, me deixando sozinho com o silêncio mais uma vez.
Todo mundo me dizia que a Ashley iria terminar comigo em menos de 3 meses e que nosso relacionamento não tinha futuro, mas eu nunca acreditei nisso. Afinal, eu a conhecia há muito tempo e sabia que ela não era como eles achavam que era! O problema foi comigo, na verdade.
Eu a conhecia desde a quinta série. Éramos colegas de classe, mas não nos falávamos muito, apenas o essencial... Até o sorteio das duplas para o trabalho de Interpretação Textual no ano seguinte, onde calhamos juntos. No dia posterior, eu fui à casa dela para assistirmos ao filme passado pela professora, do qual deveríamos fazer uma crônica de 10 páginas inspirada na história do protagonista e no contexto do enredo.
Levamos quase duas semanas pra terminar, mas tiramos a melhor nota. E então esse foi apenas o nosso primeiro de muitos trabalhos juntos.
Além de ser inteligente, ela era muito envolvida com artes cênicas e participava do clube de teatro da escola, além de que sempre se inscrevia em chamadas para peças teatrais locais e estaduais, propagandas e minisséries, das quais estava sendo constantemente selecionada. Dois anos depois, ela foi chamada para atuar em um seriado de TV nacional, e passou um ano fora só gravando.
Quando ela voltou, precisou cursar o ano que tinha perdido e ficamos em classes separadas, mas, antes mesmo disso, eu já tinha percebido que gostava dela.
Começamos então a nos aproximar novamente e uns três meses depois que ela voltou, começamos a namorar. Mesmo com a fama iniciando pra ela, o rosto estampado nas chamadas da série, em pôsteres de fãs, capas de álbuns do elenco e objetos referentes à série, quando estávamos juntos, ela era a mesma Ashley que sempre conheci, gentil e brincalhona.
