Depois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos.
Para onde ir quando tudo...
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Eu estava olhando fixamente para a parede azul à minha frente, sentindo o suor escorrendo por minha testa, braços, pernas, barriga e costas. Estava exausta, e não importava quantas vezes por semana eu passasse por aquilo, era difícil demais de acostumar. Lauren e David, meus fisioterapeutas frequentes, sempre me diziam que meu desempenho era acima da média, por conta da minha vida ativa em esportes antes do diagnóstico, mas saber disso não tornava aquilo mais fácil.
— Vai Sea, continua, você está indo bem.
— Estou tentando. — Respondi entre respirações entrecortadas e caras feias.
Meus braços estavam tremendo mais que nunca, e tudo que eu queria era parar imediatamente com todos aqueles esforços e deitar. Entretanto, eu tinha um objetivo muito bem definido, e sabia que seria capaz de fazê-lo acontecer. Eu precisava.
— Você sabe, todos estão impressionados com os seus avanços nos últimos meses. É quase inacreditável o fato de você estar assim pouco tempo após um diagnóstico tão fechado, e ainda sem a cirurgia. — Lauren comentou, motivacional como sempre. Bom, pelo menos ela estava tentando.
— É, uma pena não ter dado certo. — Falei.
— Ou talvez não. Tudo acontece por um motivo. Talvez não fosse pra ser. — Respondeu, e olhei cansada pra ela. — Estou falando sério, não me olhe assim! Vai que não desse certo, ou que houvesse alguma complicação!
Suspirei.
— Faz sentido que, como fisioterapeuta, você seja tão positiva assim. — Comentei, e ela me lançou um olhar brincalhão, como se tivesse ficado ofendida.
— E sabe o que não faz sentido?! Você sendo pessimista. — Ergueu as sobrancelhas. — Para. Não combina com você, tá? — Sorriu.
Abri um meio sorriso.
— E quem disse que estou sendo pessimista? Apenas comentando que talvez todo esse trajeto teria sido mais fácil com a cirurgia, mas tudo bem. Faz parte.
— Não, não faz parte. Seria um absurdo que te liberassem pra uma cirurgia tão complexa depois de todo o seu histórico de traumas clínicos. Eu mesmo proibiria que fizessem, nem que tivesse que ir lá te esconder. — David acrescentou, após ter ficado apenas ouvindo.
Sorri.
— Naquela época você nem sabia que eu existia!
— Não importa. Eu tenho instintos, sabe!
Balancei a cabeça ainda sorrindo, e por um breve instante esqueci da força que estava fazendo pra me manter de pé.
— Pois bem, senhorita Selena, é com muita alegria que informamos que hoje você bateu o seu record de passos e de minutos em pé. Foram exatamente treze minutos e contando! — Lauren voltou a falar sobre o treino, me trazendo de volta ao momento real.
