- Capítulo 18 -

168 19 80
                                    

Joey não ficou comigo o dia inteiro

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Joey não ficou comigo o dia inteiro. Eu senti que precisava de um tempo só para mim e meu Pai, e pedi que me deixasse um pouco sozinha.

Ainda passamos um tempo na piscina, lembrando de histórias antigas e tentando não reclamar tanto pela situação em que nos encontrávamos. Foram momentos agradáveis, mas muito dolorosos. Nada estava como planejávamos. Tudo parecia fora do lugar. Sentíamos que tínhamos chegado ao fim do túnel, mas não havia luz, apenas paredes, pedras e escuridão. Às vezes era difícil acreditar que conseguiríamos superar tanta dor e desespero.

Depois de me secar e trocar de roupas, morrendo de frio, fui para a sala de jogos, onde havia alguns jovens no videogame, e me direcionei às grandes prateleiras de livros na parede, tentando lembrar exatamente onde William havia pegado a pequena versão do Novo Testamento.

Levei algum tempo para encontrá-lo e, quando finalmente o encontrei, me perguntei a qual lugar eu poderia ir para ficar sozinha.

Decidi dar uma passada no campo para verificar se ainda haviam pessoas lá e vi que Rita, Hanna e Suzane estavam sentadas à beira da piscina, conversando algo com expressões tristonhas no rosto, o que já havia se tornado uma cena muito comum naquele lugar: pessoas tristes e lamentosas da vida — eu não estava em tantas condições de criticar ou achar depressivo demais tal atitude, era muito difícil se manter forte naquele momento.

Apesar disso, eu me forçava a sempre lembrar de que, mesmo quando estava fraca, existia uma força maior acima de mim que me mantinha viva, que continuava trazendo o ar para os meus pulmões todas as manhãs. Eu precisava me apegar à esperança que Ele trazia do presente e do futuro.

Havia um projeto. Havia um propósito. Havia um caminho que tinha sentido, mesmo que eu definitivamente não conseguisse compreendê-lo.

Reparei, então, que, mais ao longe, bem no fundo do campo, ainda estavam Elise e Dener, sentados no segundo andar das arquibancadas de concreto, provavelmente já estafados de tanto brincar com Aruk. Dener tinha um sorriso no rosto que realmente contrastava com os demais semblantes ao nosso redor, e Elise estava provavelmente contando alguma história, à qual ele estava muito concentrado.

Fiquei alguns segundos apenas olhando para os dois, agradecendo mentalmente pelas pequenas alegrias, porque, afinal, são elas que injetam em nós a esperança de que nem tudo está perdido, de que podemos continuar sobrevivendo dentro do caos e ainda assim sorrir. Nós precisamos nos forçar a encontrá-las e vivenciar cada segundo de felicidade que elas nos trazem, nos apegar aos motivos pelos quais lembramos de manter a esperança e a fé, pois Aquele que cuida de nós não dorme e está sempre mandando pequenos recados aos quais devemos estar atentos. Se os observarmos com clareza, veremos que Deus está sempre falando conosco.

Depois de alguns segundos apenas os encarando, decidi ir ao nosso dormitório, já sabendo que estaria vazio por ter acabado de ver as meninas na sala do campo.

Tempestade de Areia Onde histórias criam vida. Descubra agora