Depois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos.
Para onde ir quando tudo...
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(JOEY)
Adrian havia acabado de estacionar o carro e estávamos discutindo o que faríamos com Sea.
— Dentro do carro faz muito calor, não tem condição! — Elise dizia.
— Acontece que é o lugar mais confortável que temos no momento! E não vai fazer muita diferença pra ela, Ben disse que ela ainda está tremendo de frio. — Adrian respondeu.
— Ok, já chega! Eu vou ficar com ela! — Disse e fui logo para o carro, fazendo meu irmão descer e ficando no lugar dele.
Sea estava com os lábios roxos e suando tanto que escorria pela testa e fazia sua pele brilhar.
Suspirei e observei o ferimento em sua cabeça, que parecia bem mais inflamado do que no dia anterior.
Fiquei encarando-a e me perguntando se a culpa daquilo tudo acontecer tinha sido minha. Eu não queria tê-la acertado! Só estava estressado e preocupado, e... Eu nunca saberia que ela estava exatamente ali, no local em que eu havia jogado a pedra. Como poderia saber?!
Continuei encarando-a. Eu não queria parar. Eu não queria me afastar, eu não queria deixá-la nunca mais. Mas ao mesmo tempo eu me sentia indigno de estar cuidando dela, sendo que tudo aquilo tinha sido culpa minha. Era culpa minha, não era?
Eu deveria imaginar que ela poderia estar bem perto, aliás, eu sabia que ela estava perto. Eu deveria ter pensando antes de atirar a maldita pedra no que deveria ser só mais um monte de pedras!
Mas não era. Era a minha melhor amiga precisando de ajuda e eu só piorei tudo. E nem mesmo consegui contar a ela que fui eu o causador daquilo. Eu merecia um castigo eterno, uma pena e também um óscar de cara mais idiota do mundo!
E naquela situação, vendo-a tão debilitada e inconsciente nos meus braços, eu estava me perguntando se também não tinha sido um mentiroso, um ocultador, um falso e hipócrita! Afinal, que tipo de melhor amigo era esse que não tinha coragem nem pra assumir os próprios erros?! E se eu a matasse?! Se minha melhor amiga morresse por minha causa?!
Bom, pelo menos eu seria preso por justa causa e receberia o castigo que eu tanto merecia: de um assassino.
Estava meio inerte e tentando voltar no tempo, revendo as possibilidades de fazer qualquer coisa diferente, mesmo já sendo tarde demais.
E se eu não devesse ter feito a atadura com a camisa? E se tiver abafado e piorado tudo? Aí eu não só a teria machucado, como também agravado seus ferimentos! E se ela tivesse tido uma hemorragia cerebral?!
Caramba, uma hemorragia cerebral! Causada por mim. Por mim!
Respirei fundo.
Se minha melhor amiga morresse por um erro que cometi, não sabia se conseguiria me perdoar um dia.
