- Capítulo 5 -

235 39 182
                                    

— Não podemos ficar simplesmente rodando pra cima e pra baixo tentando achar algo ou

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Não podemos ficar simplesmente rodando pra cima e pra baixo tentando achar algo ou... Alguém, sei lá! — Ben falou enquanto limpava as lentes do óculos na camisa.

— Além de que vai acabar a gasolina! — Joe completou, erguendo o indicador.

— É verdade, nós precisamos nos planejar! Estamos sem comida, sem roupas, sem mapa, sem internet, sem adultos por perto... — Falei.

— Temos barrinhas de cereais no carro. — Joe acrescentou e eu o olhei com as sobrancelhas erguidas, porque realmente pensei que fosse uma piada. Até eu perceber que não era.

Nós só tínhamos uma garrafa de água de 2 litros e uma caixa com 10 barrinhas de cereais.

Meu coração pesou.

— É disso que estou falando! Não dá pra gente ficar aqui parado esperando Deus descer do céu com um banquete e um guarda-roupas, uma casa nova, os anjos como vizinhos e as trombetas tocando ao fundo pra nos acalmar! — Dener disse, o que acabou nos fazendo rir.

— Na verdade, Ele pode fazer isso, sim! — Joe completou e eu apenas balancei a cabeça com um meio sorriso.

— Ok, então precisamos decidir em que direção vamos, o que esperamos encontrar e também fazer os cálculos da duração da gasolina e da divisão das barrinhas de cereais e da água. — Eu disse.

Houve um silêncio tenso que se seguiu à minha fala e depois os suspiros de desespero se iniciaram. Respeitosos e em ordem. Ninguém interrompeu o suspiro de ninguém.

— Eu não acredito nisso! — Ben sussurrou depois de levar uma das mãos à testa e esfregá-la com força e insistência.

Abaixei a cabeça e tentei limpar as sujeiras das minhas unhas.

— Nós vamos morrer, não é? — Dener perguntou ao quebrar o silêncio, com uma expressão séria e realista.

Olhei para ele por muito tempo e senti minha vista embaçar; depois pisquei com força.

Ok, eu não sabia o que responder. Mas quem saberia?! Eu iria mentir para ele e garantir algo que eu não tinha certeza de que iria mesmo acontecer?! Iria dizer para ele que continuaríamos vivos e conseguiríamos sair daquela situação?! Como, se nós nem mesmo sabíamos o que iríamos fazer para sobreviver?! Sem comida, pouca água, sem roupa limpa, sem abrigo, sem direção... Que tipo de saída poderia haver?!

Respirei bem fundo e olhei para ele.

— Vamos fazer o possível para que isso não aconteça. — E então balancei a cabeça positivamente, sabendo pelo menos que sim, tentaríamos nos manter vivos. — Eu... — Engoli em seco. — Volto já!

Decidi então me afastar deles e andei apressadamente até o carro, e assim que bati a porta, as lágrimas me inundaram. Eu nem mesmo consegui pensar direito no que iria fazer, nem pensei em me controlar, nem pensei... Eu só deixei fluir. Deixei sair todas aquelas lágrimas que estavam presas e talvez nem sabiam que estavam lá, quase saindo, quase me afogando.

Tempestade de Areia Onde histórias criam vida. Descubra agora