Já havia se passado três dias desde o meu aniversário. E eu estava esperando até ter a certeza de que todas as meninas estavam dormindo para sair do dormitório.
Calcei o tênis e vesti o moletom azul marinho que havia ganhado de Abby. Eu não sabia exatamente o que estava passando pela minha cabeça, mas estava determinada a conseguir o que queria.
Abri a porta e o corredor estava vazio e escuro, com os ponteiros vermelhos do relógio digital apontando 01:47 ao longe. Alguns feixes das luzes amareladas atingiam a parte da parede que ficava frente à entrada. Caminhei até lá.
Não havia ninguém passando pelo salão de entrada, então fiquei parada em frente às grades na esperança de que William passasse por lá. Mas o tempo estava passando e nada. Tudo deserto.
Procurei uma das câmeras de segurança e fiquei encarando-a por algum tempo até que meu pescoço começou a doer, então tentei me alongar um pouco, o que também não foi uma boa ideia porque o frio apenas se intensificou, me fazendo sentir a pele arrepiar em alguns pontos.
Suspirei e sentei no chão gelado, pensando em como seria bom eu ter vestido uma legging por baixo da calça. Apoiei minha cabeça nas grades e passei mais um longo tempo esperando.
Depois de mais uns minutos, o relógio já apontava 02:26 e eu sentia meus olhos pesarem, até que uma sombra se projetou na parede no segundo corredor. Levantei depressa e William parou assim que me viu, passando um tempo me encarando. Eu não sabia bem o que dizer a ele, mas antes que tivesse tempo para pensar em algo ele virou de costas e voltou para o corredor sem dar uma palavra.
Mordi o lábio inferior e olhei para baixo, deixando os ombros caírem.
É claro! No que eu estava pensando?!
Virei de costas e olhei ao redor. Eu não queria dormir.
Caminhei até a sala de jogos para pegar algum livro e passar o tempo, mas assim que puxei a fechadura, lembrei que ela era encerrada às 19:00, então fui até o campo, mas também estava fechado. Afinal, o que eu esperava que estivesse aberto às duas da manhã?
Respirei fundo e resmunguei em tom baixo. O que custava deixar as portas abertas a noite toda?!
Olhei ao redor mais uma vez.
Dener tinha razão. Aquilo era uma prisão.
Mas eu não queria chorar de novo. Estava cansada.
Deitei no chão ao lado das portas das salas de atividades e olhei para cima. Como queria ver o céu! Sentir o ar puro tocar minha pele e balançar meu cabelo...
Fechei os olhos por um momento e tentei me lembrar do barulho das ondas, da sensação do mar batendo nos meus pés...
Sorri.
Lembrei de Brian e de como passávamos quase todos os finais de semana surfando nas praias de Sisera. Sentia saudades da minha antiga vida, onde tudo era tão fácil e simples. E da minha mãe.
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Tempestade de Areia
AventuraDepois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos. Para onde ir quando tudo...