Depois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos.
Para onde ir quando tudo...
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William – 2 dias antes
Saí do refeitório antes mesmo que pudesse ver o diretor Tanner se afastando e fui direto para a ala de emergências, recorrendo à primeira ideia óbvia que passara por minha cabeça. De alguma forma, não conseguia controlar meus passos ou minha respiração, parecia que eu estava flutuando pelos corredores do hospital enquanto Selena ocupava cada um dos meus pensamentos. Eu sentia que a vida dela estava nas minhas mãos, e não podia ficar parado esperando que algo acontecesse. Se não fizesse nada, me sentiria culpado pra sempre.
Sem saber exatamente quanto tempo havia levado, cheguei à movimentada área da emergência, sem fazer ideia de qual o próximo passo.
Passei um longo tempo parado olhando para lugar nenhum e pensando em nada. O que eu esperava conseguir ali? Não sabia nem mesmo por que havia ido até lá, eu estava realmente em modo automático.
— Senhor? Precisa de algo?
Pisquei forte quando vi que alguém havia se materializado na minha frente e me perguntava algo.
— Oi?
— O senhor está parado aí há alguns minutos... Está procurando por alguém?
— Eu... Não. — Engoli em seco e depois desviei os olhos para baixo. — Sinceramente, eu não sei o que estou fazendo aqui. Eu só... Pensei que talvez...
— Um momento, senhor! — Ela estendeu o indicador diante do meu tórax enquanto olhava algo em um dispositivo que acabara de tirar do bolso. — Eu vou pedir que alguém venha lhe ajudar, preciso ir agora! — Então virou de costas pra mim e, segundos depois, as portas dos fundos foram escancaradas com atendentes entrando aos gritos e um casal chorando atrás da maca que ia sendo carregada.
Umedeci os lábios enquanto flashs de lembranças me invadiam. Os funcionários, de um modo geral, estavam muito ocupados para prestar atenção em mim, então ninguém me barrou quando decidi me aproximar da cena.
A passos lentos, talvez ainda atordoado com tudo que estava acontecendo, levei quase dois minutos para chegar até eles, e quando finalmente o fiz, fiquei apenas um pouco atrás do casal que chorava, olhando para a mesma cena: a grande movimentação de segundos atrás se dispersara, e dois enfermeiros já haviam saído da pequena sala onde a maca jazia — muito calmos, por sinal, o que me deixou intrigado.
Um atendente começava a puxar a maca de volta para o corredor, enquanto outro se aproximava de nós.
— O que vocês estão fazendo? O que aconteceu? Por que todos estão saindo?! — O homem que estava à minha frente logo se empertigou.
— Desculpe, vocês são os pais?
— Sim, somos! — Ele respondeu.
— A filha de vocês está sendo levada para fazer um exame chamado eletroencefalograma. Ela ficará sob observação por algumas horas. A princípio, fizemos alguns testes e precisamos confirmar a hipótese. Nós lamentamos profundamente, mas, ao que tudo indica, Jessie não está mais apresentando atividade cerebral. — O atendente pareceu concluir sua fala e a mulher à minha frente logo soltou um alto soluço, enquanto o homem ao seu lado soltava sua mão e começava a caminhar de um lado para o outro do médico.
