Um Esconderijo No Tempo

Capítulo 32: Você quer Experimentar a Sangria? O Gosto é Melhor que o Nome

Existiam poucas coisas que Eli realmente odiava fazer, e uma dessas coisas era ter de ir em uma festa. Quando se tratava de uma reunião pequena, apenas com amigos e conhecidos, o guardião das almas conseguia se sentir confortável para aproveitar a diversão, mas a ideia de socializar a força lhe irritava profundamente, e se isso envolvesse altas doses de álcool e músicas barulhentas, aí sim Eli perdia totalmente o interesse. 

Nos últimos dias, Eli, juntamente de Dony e Gina, se dedicaram dia e noite para tentar encontrar pistas sobre o real culpado por alterar a linha do tempo, e quem sabe assim, ajudarem Nate em suas buscas. Infelizmente, nenhum dos três teve grandes avanços em suas investigações, e com o prazo para o retorno do Moderador se aproximando, Dony lembrou-se da festa de Camil no fim do mês de dezembro, e como todos os guardiões do Meio foram convidados, a oportunidade de coletar pistas era muito tentadora. Eli acabou acatando a ideia do amigo de que a festa do guardião do desejo seria uma chance imperdível de investigar vários guardiões em um só lugar, e só por isso aceitou ir na tal comemoração de aniversário de Camil. 

Eli passou um bom tempo em frente ao seu guarda-roupas, procurando pela produção perfeita para aquele momento. Sua real vontade era sair vestindo qualquer coisa, mas se fosse de forma desleixada, podia deixar muito evidente que só estava ali para investigar, por isso, procurou a roupa ideal para convencer a todos de que estava animadíssimo para a festa. Para lhe ajudar a escolher, Eli convocou seus ceifeiros de confiança, Mira, Lux e Hui. 

— Mestre, acho que essa é a roupa perfeita! Sem dúvidas! — exclamou Mira, aplaudindo juntamente com seus companheiros quando Eli adentrou de volta para o quarto após experimentar sua vigésima produção. Era simples mais elegante, uma calça de cintura alta preta e de caimento justo, uma camiseta branca, um blazer também preto, e botas curtas de couro para completar.

Eli se olhou no espelho buscando os defeitos que só ele enxergava e ficou satisfeito de ver que não estava incomodado com nada. 

— Acham mesmo que estou bem assim? Não quero parecer desleixado mas também não posso dar a entender que estou amando ir nessa festa, preciso de um meio termo, entendem? — comentou ele com os ceifeiros. 

— Não se preocupe Mestre, está ótimo assim! Sem exageros! — elogiou Hui, com um estojo de maquiagem nas mãos — Que tal um pouco de contorno com o lápis preto nos olhos? Acho que ficará bom. 

Lux apoiou a ideia do colega ceifeiro.

— É verdade Mestre, vai contrastar muito bem no senhor e vai destacar o verde dos seus olhos —  disse ele. 

Eli não via nada de muito especial em seus olhos, mas parecia que todos viam isso como sua maior beleza, então não faria mal dar mais destaque para o belo tom de verde de suas íris. 

— Ok, se dizem que vai ficar bom, confio em vocês — aceitou ele, deixando Hui se aproximar para fazer a maquiagem de seus olhos, e enquanto isso, Eli se lembrou do toque final de sua roupa — Mira, você conseguiu aquele acessório que eu te pedi? 

Mira assentiu com a cabeça e entregou para Eli o que trazia consigo, um cinto de arreios. Eli olhou satisfeito para a peça de tiras de couro, com fivelas e argolas de metal leve, era exatamente como precisava. O guardião das almas transpassou o cinto em volta da cintura e prendeu algumas das tiras soltas em sua perna, deixando o restante delas soltas e próximo de seu quadril para disfarçar o que levaria no bolso de sua calça para a festa.   

— Por todos os guardiões! Mestre! Uau!— exclamou Mira, ao ver como a peça que trouxe para Eli lhe vestiu perfeitamente — O senhor está exalando sensualidade por todos os poros! 

— Demais! Parece uma miragem de um anjo caído! — elogiou também Hui, boquiaberto. 

Eli começou a ficar tímido com tantos elogios, mais feliz por atingir seu objetivo.