Capítulo 40: O embate com a Justiça - Parte 1

23 5 72
                                    

Nate não se lembrava da última vez que tinha se sentido tão bem e tão cansado ao mesmo tempo.

Quando o guardião do tempo despertou novamente em seu quarto, viu que o dia já estava no fim. Eli ainda dormia ao seu lado. Se levantou da cama com cuidado para não acordá-lo e foi até a janela para abrir as cortinas. A luz do entardecer era fraca, mas serviu para aquecer os músculos gelados do corpo de Nate. Observando o céu pela janela, ele calculou que deviam ter dormido por pouco mais de 4 horas.

Nate caminhou até o grande espelho que tinha em seu quarto e se lembrou que ainda estava nu. Apanhou a calça de seu pijama no chão e vestiu-se enquanto olhava para seu reflexo. Um sorriso satisfeito brotou nos lábios do guardião quando ele viu que sua pele tinha perdido o aspecto pálido de dias atrás, seu rosto estava corado, e até seus cabelos tinham recuperado o brilho dourado de antes, sentia-se com plena saúde. Apesar do leve cansaço, estava muito melhor.

O guardião reparou também que seu corpo exibia algumas marcas da tarde com Eli, como pequenos arranhões nas costas e nas pernas, e sinais de beijos no pescoço. Nate riu ao lembrar de seus tempos de adolescente, quando via seus irmãos passarem dias andando com o corpo coberto para que seus pais não vissem os "chupões" deixados por suas namoradas, nunca pensou que em algum dia passaria por uma situação parecida.

Ao se lembrar do que tinham feito, Nate ainda se pegava boquiaberto. Uma parte sua ainda pensava estar vivendo um sonho muito bom, mas não tinha dúvidas, seu corpo era a prova viva.

As lembranças de Nate o levaram novamente a cada momento daquela tarde. O perfume de erva doce de Eli estava preso em seu corpo e o toque gelado de sua pele ainda lhe provocava arrepios. Quando fechava os olhos, conseguia se lembrar de cada detalhe de Eli, desde a maciez de seus lábios, o calor de sua intimidade, o timbre doce e suplicante de sua voz, e sua forma tímida de tapar a boca para abafar os próprios gemidos quando eles escapavam de sua boca. Nate sentiu uma fisgada em seu abdômen apenas com a memória das expressões de prazer de Eli, do desejo que brilhava em seus olhos, e de cada um de seus toques firmes em seu corpo. O melhor de tudo, era ver que Eli ainda se encontrava ali, não era apenas mais um de seus sonhos.

É claro que tiveram vários momentos engraçados até aprenderem de fato a prática de tudo. Perceberam de cara que teriam de ter paciência um com o outro, e deveriam se esforçar para que ambos se sentissem bem. Felizmente, as segundas tentativas compensaram o desconforto inicial. Podiam dizer que tinham desfrutado da experiência real como qualquer outro casal já passou ao dar um passo adiante. No fim das contas, a maior satisfação estava na complicidade de encontrar um meio igual de prazer para ambos.

Depois de se vestir, Nate voltou-se para Eli em sua cama e se aproximou para vê-lo mais de perto. O guardião das almas dormia com o corpo coberto até os ombros com um dos muitos lençóis jogados sob a cama. Vendo-o tão encolhido entre os lençóis, Nate pensou que Eli podia estar sentindo frio e levantou-se novamente para buscar um cobertor, mas quando ouviu o guardião das almas se movimentar, voltou sua atenção para ele de novo.

Eli virou-se de bruço no colchão e empurrou o lençol que o cobria para baixo, deixando o dorso de seu corpo descoberto, pegando no sono em seguida. Talvez estivesse com dificuldades para dormir pelo calor, afinal o quarto ainda estava abafado pela tarde com as janelas fechadas.

Com as costas de Eli expostas, Nate reparou em um detalhe desconhecido em seu corpo. No escuro não podia enxergar, mas agora que a luz iluminava o quarto, Nate viu claramente o que o guardião das almas escondia sob as roupas.

Eli tinha uma cicatriz. Olhando bem, não apenas uma, mas sim duas.

Nate chegou mais perto de suas costas nuas e viu melhor as duas cicatrizes largas que atravessavam a pele de Eli. Pelo aspecto esbranquiçado, provavelmente devia ser de uma lesão antiga, mas com certeza tinha sido um trauma grave. As marcas começavam abaixo da caixa torácica, e subiam até as escápulas, formando um "V" de cabeça para baixo nas costas do guardião das almas. A pele daquela região estava afundada, como se um pedaço dela tivesse sido arrancado.

Um Esconderijo No TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora