Um Esconderijo No Tempo

Capítulo 42: Em situações de emergência, todos os meios justificam o fim

As ruas do Meio estavam tranquilas naquela noite. Em frente à prisão dos guardiões, não se ouvia nenhum som de nenhuma parte. A única presença ali era de dois sentinelas, que vigiavam a entrada como cães de guarda. 

Assim como os ceifeiros de Eli, os sentinelas do Meio eram ajudantes espirituais. Suas funções eram restritas a obedecer cegamente o Moderador e todos os guardiões do conselho. Ao contrário dos ceifeiros, os sentinelas não têm capacidade de raciocinar praticamente nada, e suas mentes se limitam a guardar poucas informações. A única característica dominante dos sentinelas é sua força, habilidade que eles usam de forma violenta sem pestanejar quando são ordenados. Caso ninguém os mande fazer nada, os sentinelas vagam como sombras atrás dos membros do conselho, esperando por ordens. Era uma vida um tanto quanto entediante, mas nenhum sentinela parecia se incomodar com isso.

Eli, Dony, Gina e Lótus, estavam a poucos metros da prisão, observando em silêncio o movimento da rua diminuir. Escondidos entre os prédios, o grupo de guardiões esperava pelo melhor momento para darem continuidade ao plano de tirar Nate da prisão.

Ansioso, Eli não desviou o olhar da entrada por nenhum momento. Sua paciência estava se esgotando aos poucos enquanto esperava.

— Quanto tempo mais temos de ficar aqui? Caramba! — reclamou ele — Já faz quase 2 horas que estamos encarando aqueles dois imbecis!

Dony sinalizou para que Eli falasse baixo.

— Caramba digo eu! Não podemos dar um show na frente dos outros guardiões Eli! Trate de sossegar! Vamos esperar até não ter nenhum guardião na rua!

Eli bufou e voltou a seu posto de vigia. A preocupação com Nate estava lhe deixando louco.

— Enquanto esperamos aqui, podemos decidir como iremos entrar — lembrou Gina, tentando ajudar Eli a se distrair — Alguém tem uma ideia do que fazer?

— Por mim a gente entra quebrando tudo — disse Eli, apertando o pingente de sua foice nas mãos — Estamos em uma situação de emergência e eu não vejo motivos para sermos civilizados.

— Faça isso e a sua lua de mel com o Nate vai ser em uma cela — comentou Lótus, rindo discretamente.

— Tem alguma ideia melhor? — perguntou Eli.

Dony se manifestou novamente.

— Eu tenho uma sugestão. Acho que pode funcionar.

O grupo se juntou para ouvir a ideia de Dony, prevenindo qualquer possibilidade de serem ouvidos.

— Pensem comigo — começou o guardião do destino — Aqui fora tem apenas dois sentinelas, mas garanto que lá dentro devem ter pelo menos uns seis ou oito deles. Se fizermos escândalo, os sentinelas de dentro vão ouvir e virão atrás da gente. Além disso, vamos chamar muita atenção se deixarmos o Eli sair por aí brandindo aquela foice enorme dele como um louco. Precisamos de uma entrada silenciosa, assim conseguimos surpreender os sentinelas de dentro da prisão.

— E como vamos fazer isso? — quis saber Eli — Os sentinelas não possuem nenhum senso de noção, se tentarmos atacá-los de surpresa, eles vão gritar igual sirenes e vão acordar o Meio inteiro.

— Eu penso que o Lótus vai ser bem útil para nos ajudar com isso — continuou Dony, virando-se para Lótus — Como guardião dos sonhos, você acha que pode fazer os sentinelas dormirem?

Lótus abriu um sorriso animador.

— Claro! Porque não pensei nisso antes!

— Então vamos seguir com esse plano — confirmou Dony — O Lótus vai na frente e nós vamos sem seguida. Assim que eles dormirem, a gente entra com tudo e partimos para o que importa.