Capítulo 50: Os culpados sempre se entregam - Parte 2

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Após a comoção causada pela visão de Nate, o próprio Moderador precisou conter a plateia. Não havia mais motivos para o julgamento continuar. Nate já tinha mostrado suas provas, Camil continuava alegando ser inocente, não tinha mais nada que pudesse ser acrescentado, já tinham prolongado o suficiente.

O Moderador ordenou uma pausa e o júri deixou o tribunal para se reunir em uma sala secreta.

Dante não se sentiu à vontade para se juntar ao júri, não depois de assumir sua participação nas ações de Nate. Sentindo-se desorientado, o guardião da justiça se aproximou dos amigos de Nate na primeira fileira para aguardar a volta da sessão.

- Será que tem lugar para mais?

O grupo abriu espaço no banco para que Dante sentasse com eles. Lótus, vendo que Dante se sentia aflito, logo segurou sua mão para confortá-lo. Nate olhava para eles do banco de testemunhas desejando saber o que estavam pensando.

- Não te deixaram participar da conversa? - quis saber Eli, puxando assunto.

- Eu preferi não ir - disse Dante. - Não sei se a minha opinião seria bem vinda.

- Você é o guardião da justiça, é claro que sua opinião deve ser ouvida - comentou Dony - Sua performance foi ótima, tenho certeza que vamos conseguir mandar o desgraçado do Camil para o Vazio.

Dante concordou com a cabeça mas não se sentia totalmente confiante.

- Acredito que devem condenar o Camil, mas temo que não condenem apenas ele.

- Acha que o Nate pode ser condenado também? - perguntou Gina, apreensiva.

Lótus ficou indignado.

- Se fizerem isso, estarão cometendo o maior erro de todos! O Nate arriscou tudo para salvar a Bárbara.

- E foi nesse tudo que ele descumpriu quase todas as regras do Meio - lembrou Dante, desanimado. - Eu conheço o Moderador, ele zela principalmente pela imparcialidade. Se ele ignorar o que o Nate fez, ele teria que dar a todos o mesmo tratamento. É para isso que as regras foram criadas.

Eli bufou e cruzou os braços.

- Que regras maravilhosas nós temos. Isso tudo é ridículo. Já mandamos um inocente para o Vazio e agora vamos mandar outro?

- Eu sei Eli, isso tudo é péssimo. As regras do Meio são atrasadas e vivemos em constantemente preocupados, tudo isso é verdade - concordou Dante. Mesmo em sua posição, ele sabia reconhecer os pontos negativos do Meio. - Não sei o que o júri vai decidir, mas eu ainda quero ter esperanças. O lado positivo é que eu imagino que nenhum de nós vai ser condenado. Até o Moderador sabe reconhecer que isso seria um desfalque enorme.

- Não me deixa feliz saber que vou ser poupado enquanto o Nate é condenado - retrucou Eli - Tenho medo do que vou ser capaz de fazer se disserem que vão condená-lo.

Dante segurou a mão de Eli e o grupo todo decidiu dar as mãos. Esperaram ali, lado a lado, torcendo com todas as forças para que o Moderador soubesse reconhecer a bravura de Nate e não sua desobediência.

Passado um certo tempo, o Moderador reapareceu no tribunal, acompanhado do júri. Mabel correu até a primeira fileira para buscar Dante e pediu que ele tomasse seu lugar no púlpito de acusação. Geralmente, era Dante que proferia a decisão do júri.

- O Moderador quer dizer ele mesmo a sentença - explicou a guardiã.

Dante obedeceu e deixou a primeira fileira. Já esperava essa atitude.

Quando todos ficaram em silêncio, o Moderador posicionou-se em frente ao banco dos acusados e começou sua fala.

- Após todos os altos e baixos desse julgamento, enfim teremos um veredito - começou ele. O brilho de suas asas estava fraco após tantas horas, mas sua beleza ainda era impressionante. - Quando Tine criou o selo de espírito, soubemos que essa ameaça duraria para sempre. Passaram-se mais de dois séculos desde o banimento de Tine, mas presenciamos hoje que ainda existem guardiões que se veem como deuses. Vendo isso, eu sinto que falhei. Pensei que tinha escolhido corretamente quando decidimos quem assumiria os lugares deixados por Tine e seus cúmplices.

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⏰ Última atualização: Mar 13 ⏰

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