Capítulo 33: O Pior "fora" é Aquele que você Adia

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⚠️ ATENÇÃO ⚠️: Esse capítulo pode conter gatilhos de assédio sexual!
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O álcool foi o protagonista de todos os episódios de desmaio na vida de Eli. Implacável e destrutiva, a bebedeira era capaz de aflorar todos os medos de Eli em um único gole. Não era esperado que um guardião poderoso como Eli, fosse tão fraco se tratando de algo tão simples, era até curioso a forma como isso acontecia, mas até os mais fortes possuem algo que lhes derruba, não há escapatórias contra isso. 

Eli descobriu por acaso que seu corpo imortal não era capaz de aguentar nem bebidas leves, ainda se lembrava perfeitamente da primeira vez que bebeu, aconteceu há vários séculos atrás. Tudo começou quando Dony foi visitar Eli em sua casa, e levou como presente uma bela garrafa de licor, assim que sentiu a bebida forte descer queimando por sua garganta, Eli ficou tonto instantaneamente, e nos anos seguintes, depois de provar de outras bebidas, concluiu que o álcool nunca seria seu melhor amigo, e que o melhor era estar sempre preparado para a possibilidade de desmaiar depois de beber. 

Para Eli, a pior parte de beber não era sua pouca tolerância alcoólica, mas sim o que podia lhe acontecer enquanto estivesse bêbado. Eli se sentia pressionado a ser o guardião perfeito o tempo todo, e seria impossível ter controle de si mesmo estando louco pela bebida, Eli detestava se sentir vulnerável ou fraco, então enquanto muitos precisavam beber para se soltar, Eli precisava ficar sóbrio para não soltar as rédeas. 

Mesmo com todo o cuidado que tomava para não ultrapassar seus limites, Eli não podia ficar totalmente seguro, pois até um gole da simples Sangria preparada por Camil foi capaz de lhe atirar no chão em poucos minutos. 
Eli nunca tinha se sentido tão quente em toda a sua vida, quanto como no momento em que sentiu seu corpo começar a ceder pela fraqueza no meio da sala de Camil. Se lembrou vagamente de estar suando e com a respiração agitada enquanto dormia, como se estivesse queimando de dentro para fora por uma febre grave. Aos poucos seus sentidos foram voltando ao normal, mas ele já não estava mais no meio da multidão de convidados da festa. 

Ainda se acostumando com a luz, Eli sentiu a presença de alguém do seu lado, tocando sua testa para medir se a temperatura de seu corpo estava abaixando. Com sua visão meio turva pelo tempo desacordado, Eli não reconheceu quem era. 

— Dony? .... Lótus? — balbuciou o guardião das almas, torcendo com as forças que ainda tinha para que tivesse sido amparado pelos amigos e não por um estranho.

Uma voz bem conhecida soprou sob os ouvidos de Eli, trazendo consigo o aroma adocicado de seu perfume. 

— Resposta errada, amor — disse Camil, sentado ao lado de Eli, velando seu sono. 

Ao perceber quem estava ao seu lado, Eli despertou assustado. Seu corpo reagiu rápido e logo se afastou. Assim que acordou completamente, Eli pode ver onde estava repousando a segundos atrás, no quarto de Camil. 

Eli observou com calma cada canto do cômodo para se situar. Percebeu que estava deitado sob a cama do guardião do desejo, envolto em um enorme lençol de cetim que cortava os ventos vindos da janela escancarada, já Camil estava sentado ao pé da cama, lhe observando com os olhos bem atentos enquanto rascunhava algo em um caderno, se parecia com um desenho. 

Atentando-se melhor ao cômodo, Eli percebeu que tudo estava bem bagunçado. Em uma escrivaninha no canto do quarto, Eli viu uma pilha enorme de folhas de papel e uma variedade de lápis coloridos, tintas para tela e pincéis de tamanhos variados. Também reparou em um guarda-roupas grande na frente da cama, com as portas abertas revelando inúmeras peças de roupas quase caindo de seus cabides com o a corrente de ar gélida que entrava pela janela, havia uma penteadeira com algumas maquiagens usadas ao lado esquerdo da cama, e no direito, um criado mudo com uma luminária pequena que mal iluminava 50 centímetros à sua frente. Não havia um metro sequer daquele cômodo largo que não tivesse o mesmo cheiro enjoativo e excessivo de Camil, e isso logo deixou Eli incomodado, parecia que estava sendo sufocado por um buquê de flores, de resto, o quarto de Camil era comum, sem grandes destaques, o que era o contrário do que Eli esperava, achou que seria um lugar todo estampado e de cores vibrantes, mas a cor mais chamativa ali era do lençol que cobria Eli, um tom quente de vermelho. 

Um Esconderijo No TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora