Capítulo 45: A Verdade que só Você pode Dizer

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Nate caminhava de um lado para o outro entre as estantes da biblioteca do internato de Santa Ana do Sul. Inquieto, o guardião do tempo aguardava com pressa enquanto Arthur procurava o livro que iria muni-los contra Camil. 

Bárbara também esperava apreensiva, observando o namorado revirar as prateleiras repletas de livros. A garota pensou em ajudar Arthur em sua busca, mas como não tinha a mínima noção de como a biblioteca estava organizada sua ajuda só ia atrasar. Arthur estava em seu habitat natural entre os livros e logo conseguiria encontrar a obra que precisavam, não podiam se desesperar ainda. 

Percebendo o nervosismo de Nate, Bárbara pensou que devia tranquilizá-lo. 

— Ainda são só 01:15 da manhã, o Arthur conhece essa biblioteca como ninguém, logo vamos partir atrás do Celso. — ela estava sentada em uma das poltronas de leitura, tentando em vão manter a calma. De repente pareceu inútil dizer as horas para o guardião do tempo — Nem sei porque estou te falando que horas são? Foi um comentário idiota. 

Nate riu de leve. 

— É em momentos como esse que eu gostaria de não ter o poder de saber sempre as horas. Sentir a exata passagem do tempo é algo agoniante quando você não está pronto para encarar algo que está prestes a acontecer. 

Bárbara emudeceu. Ainda não sabia como iam se salvar daquele problema, tinha medo de falar algo que fosse deixar todos ainda mais ansiosos, mas não conseguia disfarçar que também estava prestes a entrar em colapso.

— Acho que não podemos conversar sobre outra coisa, nem ignorar que a situação é crítica, está claro que não vamos conseguir nos distrair enquanto esperamos — admitiu Nate à garota. Cansado de andar em círculos, ele se sentou no braço da poltrona de Bárbara. — Talvez você possa me ajudar a traçar um plano. 

— Como assim? Você não tem um plano? — Bárbara quase riu de nervoso. Era a cara de Nate enfrentar tudo sem nem saber o que fazer. 

Nate apontou para a esfera da história em suas mãos. 

— Espero que isso aqui seja o suficiente para dar um fim nesse inferno. 

— Achei que você só usasse ela para achar os livros na sua biblioteca — comentou Bárbara, um pouco fascinada pela oscilação de cores e luzes da esfera presa ao cajado que Nate carregava. 

— Também achava isso. Mas os últimos meses foram bem intensos, fiz descobertas bem úteis sobre meus poderes. Um pouco disso devo ao Tine, suas descobertas com a esfera me ajudaram muito, ele era um lunático mas nunca foi burro, tenho que reconhecer isso. 

Nate não falou muito sobre Tine para Bárbara, apenas o suficiente para que ela compreendesse o que o selo de espírito representava, mas ela não precisou de mais que isso para saber que o antigo guardião do tempo tinha criado a praga que os assombrava naquele momento. 

— E como esse tal livro que estamos procurando pode ajudar? — quis saber Bárbara. 

— Digamos que eu preciso expor umas verdades para o Camil, e esse livro vai me ajudar a achar essas verdades — resumiu Nate — Estou com um pressentimento ruim de que terei mais trabalho do que imagino, e só as palavras do Matteo vão funcionar com o Camil. 

Depois de alguns minutos de procura, Arthur deu um grito ao finalmente encontrar a obra que precisavam em uma prateleira escondida na seção de “livros de doação”. O rapaz correu com o exemplar de “O Anjo Caído de Florença” nas mãos e se juntou a Bárbara e Nate nas poltronas de leitura.        

 — Me lembro de cada palavra deste livro como se tivesse lido ontem — falou Arthur, enquanto Nate folheava com atenção as páginas brancas e não muito antigas do livro que tanto procuravam. — No começo desse ano eu me interessei por romances epistolares, que são histórias compostas através de cartas. Perguntei à bibliotecária se havia algum livro com cartas antigas e o único que ela conhecia era esse, uma história real sobre uma rapaz em Florença que se apaixonou por seu colega e melhor amigo. Pelo que entendi esse livro é um apanhado com as cartas que ele trocou com esse amigo durante os anos que eles se  relacionaram, um historiador as encontrou nos destroços da antiga propriedade do garoto, seu nome não é citado nas cartas mas se especula que ele seja o filho mais novo da família Di Angelo, uma família tradicional de Florença. 

Um Esconderijo No TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora