Um Esconderijo No Tempo

Capítulo 41: A Peça que Faltava

Depois de assistir os Sentinelas do Meio levarem Nate para a prisão, Eli precisou juntar todas as forças que ainda lhe restavam para se levantar do chão. O guardião das almas teve vontade de chorar, mas segurou até onde foi possível. Nate precisava de sua ajuda, e para isso, ele não podia se dar ao luxo de desperdiçar tempo. Eli precisava seguir com o plano. 

Sem muitas alternativas além de esperar pelo retorno de seus amigos, Eli se trancou na casa de Nate e buscou a Esfera do Tempo na biblioteca. Ainda não sabia como Nate a usaria para provar sua inocência, mas ele estava convencido que iria funcionar. 

Poucas horas depois, Dony e Gina retornaram acompanhados de Lótus. Ao saberem da prisão de Nate, quase se desesperam, mas Eli tranquilizou os amigos e lembrou que a liberdade de Nate dependia deles. 

Lótus contou que não conseguiu encontrar Dante no conselho de guardiões, e ao ver que o guardião da justiça tinha vindo levar Nate, concluiu que Camil devia ter chegado antes ao encontro de Dante. 

— Droga! Aquele maníaco ruivo conseguiu o que queria! — resmungou o guardião dos sonhos — Eu devia ter saído mais cedo. 

Eli deu de ombros.

— Agora é meio tarde para lamentarmos. Nenhum de nós teve culpa. 

Antes que se esquecessem, Dony e Gina pediram ajuda para trazer Ivo para dentro da casa. 

— Olhem pelo lado positivo. A Gina conseguiu quebrar o encanto do Camil e logo devemos conversar com ele — Avisou Dony.  

Ivo ainda esperava do lado de fora da casa. A poção usada por Gina para curá-lo o deixou em um estado de sonambulismo, e ele andava sem rumo pela calçada com a cabeça confusa. 

Os quatro guardiões levaram Ivo para a sala de Nate e o sentaram em uma cadeira. Por segurança, decidiram amarrá-lo, caso ele despertasse do transe agressivo.  

— Ok, e o que fazemos agora? — questionou Gina, enquanto observava Ivo recuperar os sentidos aos poucos. 

Eli se posicionou de frente para Ivo, com sua foice em mãos. Desde o episódio da prisão injusta de Nate, ele estava mau humorado e pouco disposto a ter paciência com Ivo. Faria o que fosse preciso para ele confessar seu envolvimento no caso, e se ele não colaborasse, Eli não hesitaria em partir para as vias de fato. 

— Nós não podemos garantir que ele vai falar — lembrou Dony, vendo a impaciência de Eli. — Precisa manter a calma, Eli! O Ivo foi enfeitiçado, ele pode precisar de tempo para se recuperar. 

— Tempo é tudo que não temos. Em todos os sentidos — retrucou Eli — Ainda precisamos pensar em uma forma de convencer o Dante a nos ouvir, e se nenhum de vocês tiver uma ideia genial, vamos ter de apelar para a baixaria. 

— O que quer dizer com isso? Baixaria como? — perguntou Gina — O Dante é um cara de poucos amigos. Não consigo imaginar ninguém capaz de convencê-lo a nos escutar.

— Talvez a Mabel possa — sugeriu Dony, lembrando da guardiã amiga de Dante. 

Eli negou com a cabeça. 

— Ela pode até acreditar na gente, mas duvido que iria contra o julgamento do Dante. Mabel é rígida com as regras do Meio apesar de tudo. 

— Então o que podemos fazer? — disse Dony.

— Como eu disse, vamos apelar para a baixaria — reafirmou Eli — O Dante veio aqui e tratou a mim e ao Nate como se fossemos dois amantes traidores, mas ele não tão certinho como todos imaginam. 

Lótus ficou um pouco receoso ao ouvir Eli. 

— Como assim? Você está pensando em chantageá-lo com alguma informação?