Bárbara despertou eufórica na madrugada de domingo, teve um pesadelo onde seu corpo começava a sumir e as pessoas não lhe viam, ficou desesperada e não conseguiu pegar no sono novamente, sua mente estava muito perturbada, como se algo estivesse tentando se comunicar com com ela, começou a se concentrar nas vozes que lhe invadiam os pensamentos e conseguiu formular algumas palavras.
" Encontrar... Pátio... Bárbara...."
Além dos guardiões, ninguém ali sabia que seu nome era Bárbara. Abriu os olhos rapidamente e soube do que se tratava, Nate estava tentando se comunicar com ela, queria vê-lá.
Depois de entender a mensagem, Bárbara deu uma desculpa para as colegas de quarto dizendo que ia tomar água e saiu pelos corredores do internato tentando não fazer muito barulho. Os ventos gelados característicos de Santa Ana do Sul batiam contra seu corpo e agitavam seu pijama largo e fino, caminhou encolhida de frio se arrependendo de não ter vestido um casaco antes de sair. Chegando ao pátio, Bárbara procurou pelo familiar rosto de Nate entre as árvores e bancos de ferro torcendo para encontrá-lo antes que algum monitor noturno lhe visse fora do dormitório, mas logo ouviu a voz do guardião ecoando fora de seus pensamentos.
- Pensei que ia ter que te buscar no dormitório, nossa conexão por pensamento ainda não está perfeita então não tinha certeza se ia me ouvir - disse Nate, estava sentado de pernas cruzadas em um dos bancos do pátio debaixo de uma árvore de folhas longas cobertas de orvalho. Ao contrário das outra vezes que tinha o visto, dessa vez o guardião estava vestindo roupas mais aprumadas, uma calça preta e uma camisa de botões branca de mangas curtas e seu inseparável cordão vermelho no pescoço, seus cabelos loiro claro estavam quase brancos no escuro, seu sorriso estava mais tranquilo do que engraçado.
-Você está... diferente - comentou Bárbara - Está com um jeito mais sério.
-Eu estava em trabalho à poucos, não gosto de parecer desleixado usando moletom e roupas folgadas quando estou em algum compromisso com os outros guardiões - explicou Nate, estava visível em seu rosto que estava cansado - Digamos que essa é a minha versão de horário comercial.
-Não é ruim, eu achei até bem legal - elogiou Bárbara - Está parecendo cansado.
-Só um pouco, estou organizando minha biblioteca e isso é bem cansativo - contou Nate, admirado com a preocupação de Bárbara consigo - Enfim, não vim aqui para falar das minhas lamúrias de guardião, e sim para falar de você, conte-me como tem passado por aqui, devo me preocupar com algo?
Bárbara não achava que tinha avançado os limites impostos por Nate, suas investigações estavam fracas e não tinha dito nada suspeito, dentro dos padrões que o guardião tinha lhe passado estava andando na linha.
-Acho que não tem com o que se preocupar, estou me saindo bem - respondeu ela, tirando um pouco do peso que Nate tinha nas costas - Eu te escrevi uma carta.
-Uma carta? - perguntou Nate,confuso - Quando te sugeri que me escrevesse não achei que ia levar a sério já que a sua geração é toda conectada e essas coisas.
Bárbara entregou ao guardião o pequeno envelope que trazia consigo.
-Eu achei que podia ser interessante para que a gente se comunicar sem demorar muito durante as visitas - sugeriu ela.
-Não é má ideia, quando eu era humano gostava muito de trocar cartas com meus amigos,mas naquela época só tínhamos como nos comunicar assim - comentou Nate, com uma expressão saudosa, às vezes gostava de se lembrar de sua vida humana,mas em geral preferia se esforçar para se esquecer o mais rápido possível.
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Um Esconderijo No Tempo
FantasyBárbara, nossa protagonista de 17 anos, é uma jovem inconformada e impulsiva, que a anos convive com a investigação do massacre da escola de seus pais,do qual eles são acusados injustamente. Por conta de um erro do tempo, ela sofre um acidente fata...