Um Esconderijo No Tempo

Capítulo 43: Retornando ao trabalho

Os preparativos para a viagem de Nate para o passado seguiram na casa do guardião. Tudo precisou ser organizado às pressas devido a possibilidade do hospedeiro de Camil ser possuído, mas ainda assim, tinham de traçar um plano de ação eficaz.  

Depois que Dante concordou em ajudar Nate, os guardiões se reuniram na biblioteca de Nate para mostrar a gravação da confissão de Ivo ao guardião da justiça. Para a sorte de todos, Nate conseguiu fazer com que a esfera funcionasse com muita facilidade, o que era bastante animador diante da necessidade de mostrar as provas que tinham no tribunal. 

Lótus assistia tudo afastado do grupo, estava quieto desde que voltaram do escritório de Dante no Conselho de Guardiões. Preocupado com o amigo, Nate se aproximou dele e sentou ao seu lado. 

 — Esse lugar está vago? 

Notando a presença de Nate, Lótus esboçou um sorriso triste e assentiu com a cabeça. 

— Fique à vontade.  

Os dois guardiões ficaram em silêncio por alguns instantes, mas Nate estava inquieto demais e não conseguiu segurar sua curiosidade. 

— Eu posso perguntar como se aproximaram? Você e o Dante.   

— Não acho que seja o momento para falar disso — cortou Lótus, desconfortável — Temos problemas mais importantes para lidar agora, além disso, eu e Dante estamos separados.

— Me desculpe, eu não queria te fazer lembrar disso, mas fiquei preocupado quando vi a reação de vocês no escritório. 

Lótus nunca teve ninguém com quem compartilhar seu envolvimento com Dante e por isso estava acostumado a guardar seus problemas para si. Mesmo assim, achou que devia tentar desabafar. 

— Acho que ficamos entre idas e vindas durante uns 100 anos ou mais, não tenho tanta certeza — contou o guardião dos sonhos — Nos separamos definitivamente a alguns meses, ou talvez 1 ano mais ou menos. Parei de contar o tempo exato quando a saudade começou a doer demais. 

Nate estendeu sua mão para o amigo, queria lhe mostrar um pouco de apoio. 

— Você é realmente a pessoa mais forte que conheço. Mesmo machucado por dentro, você não hesitou em me ajudar. Eu gostaria de ter reparado que você não estava bem na época em que me visitou. Foi muito egoísta despejar os meus problemas em você sem nem ao menos lhe perguntar como estava. 

Lótus segurou a mão de Nate. 

— Não precisa se desculpar, você estava com um problema muito maior na cabeça, isso é natural. Eu fico feliz de poder te ajudar, porque eu sei que você faria tudo para me ajudar se soubesse de tudo entre mim e o Dante. Você também guardou suas dores por muito tempo até reconhecer que precisava de ajuda, e um dia eu também vou encarar o fato de que não posso ignorar os meus sentimentos pelo Dante para sempre. 

— Quando esse dia chegar, eu quero que saiba que estarei aqui para te ouvir — declarou Nate — Quero que possa contar comigo de verdade, independente de qualquer coisa, nunca se esqueça que você foi meu primeiro amigo no Meio e eu valorizo demais o que fez por mim. 

Lótus sorriu para Nate, dessa vez, não era um sorriso triste. 

— Obrigado Nate. Você com certeza será o primeiro que irei procurar. 

Nate e Lótus aproveitaram um pouco mais da companhia um do outro enquanto o grupo discutia os detalhes da confissão de Ivo. Pouco depois disso, Eli se afastou dos demais guardiões e foi até eles. 

— Lótus, será que posso roubar o Nate um pouco? 

— Claro, fique à vontade — respondeu ele, com seu característico sorriso de lado nos lábios — Se comportem rapazes, vou ver se o pessoal precisa da minha ajuda.