Capítulo 15: O Tempo está Empatando o Meu Romance

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Os dias no internato de Santa Ana do Sul passavam tão rápido quanto um filme, quase parecia que tudo não passava de uma troca de cenas, onde meses passam em segundos e ninguém percebe o quanto o tempo está apressado. Para Bárbara, cada nova manhã significava uma nova possibilidade de ser pega em sua encenação, mas a medida que sua estadia em 1995 aumentava, mas Bárbara ficava confiante de que estava se saindo muito bem para uma garota de 2020, talvez levasse mesmo jeito para atriz.

Em uma certa tarde, no meio do mês de Outubro, Bárbara pensava e rabiscava em seu caderno sentada na biblioteca do internato, enquanto ouvia Arthur dissertar sobre sua última leitura e o quanto aquele livro merecia um nobel, o garoto tinha se tornado um grande companheiro para Bárbara, estando ao seu lado e lhe ajudando com suas investigações amadoras, e mesmo que Arthur não quisesse admitir, já eram muito amigos com toda a certeza. Bárbara não estava prestando muito a atenção no que o rapaz estava falando naquele dia, sua cabeça estava cheia demais, não importava o quanto observasse Celso e seu grupo, eles sempre pareciam estar um passo à sua frente, não tinha nenhuma prova concreta contra eles e faltava pouco para o incêndio acontecer, isso tirava seu sono, até seus amigos já tinham reparado que estava agindo diferente, como se estivesse estressada com algo, mas é claro que Bárbara nem pode contar com a ajuda deles, nem em sonho poderia deixar que alguém descobrisse sobre o incêndio horrível que aguardava por todos da turma 15, e os amigos estavam incluídos nesse total.

-... eu realmente não tenho palavras para descrever o quanto fiquei apaixonado pela narrativa desse autor, é sério, você tem que ler Marina! - dizia Arthur, terminando sua longa explicação sobre sua nova leitura, percebendo que Bárbara estava com o pensamento longe e que muito provavelmente nem tinha lhe ouvido direito - Marina! Ei! Está tudo bem?

Bárbara voltou a si em um susto, nem tinha notado que estava a tanto tempo dispersa.

-Oi? O que? Se eu estou bem? Claro! Porque não estaria? - começou a responder rapidamente a garota, tentando em vão encontrar em sua memória alguma pequena parte do Arthur tinha dito, mas pelo visto ela não tinha escutado nada mesmo.

Arthur logo viu que tinha explicado sobre seu livro para as paredes, observou a preocupação no rosto de Bárbara e decidiu insistir um pouco mais.

-Tem certeza que está bem? Parece meio abatida - comentou ele, chamando a atenção de Bárbara para si - Eu estava falando muito? Acho que me empolguei um pouco.

-Eu só estou cansada, nada demais - respondeu Bárbara - Acho que ando pensando demais nos problemas da nossa turma, tenho que parar de ficar procurando conspirações na classe, senão vou acabar maluca!

-Eu te entendo, às vezes eu fico pensando nisso também - contou Arthur, suspirando - Acho que a gente está exagerando nas buscas, talvez as pistas estejam fugindo da gente, minha mãe costuma falar que as coisas que buscamos muito, cedo ou tarde chegam até nós, eu sempre achei que não queria dizer nada mas pensando agora ela pode estar certa, só temos que esperar um pouco.

Bárbara não tinha tanto tempo assim para esperar que tudo brotasse na sua frente e que o mistério do culpado do incêndio se resolvesse em um passe de mágica.

-Não sei se isso pode dar certo Arthur, mas por enquanto vou deixar de lado sim, pode ser melhor por agora - afirmou a garota, mudando o foco de seus pensamentos - Preciso me ligar em outro assunto, quem sabe um pouco de distração não me faz bem, tem alguma sugestão para mim?

-Sinceramente não sei se sou a melhor pessoa para lhe ajudar, eu mesmo me distraio com pouca coisa, um bom livro, ouvir uma boa música, ou assistir um filme que gosto, coisas desse tipo - confessou Arthur, achando que sua ideia de diversão era bem maçante para a garota - Talvez seus amigos possam te ajudar com isso melhor que eu.

Um Esconderijo No TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora