Enquanto limpava o quarto de Nate, Eli percebeu que se tivesse nascido humano, com certeza teria alergia a poeira.
Sacudindo os lençóis do amigo na sacada do quarto, o guardião das almas segurou firme quando sentiu seu nariz comichando, mas não conseguiu aguentar muito. O pó irritava seus olhos e adentrava pelas narinas como um inseto insistente a zunir no ouvido. Sentindo-se vencido, Eli deu um grande espirro, que ecoou em todos os cantos do quarto.
Depois de dias reunidos na mesma casa, os amigos de Nate finalmente partiram para a ação. Enquanto isso, Eli ficou encarregado de vigiar Nate até que ele se recuperasse. Os remédios de Gina fizeram efeito, e Nate acabou caindo no sono no sofá da sala pouco depois de comer no almoço.
Para se distrair de sua preocupação com Nate, Eli se ocupou na limpeza do quarto do guardião do tempo, que não via uma vassoura há pelo menos 2 meses.
Dante devia chegar na casa de Nate no fim da tarde, depois que encerrasse suas atividades diárias. Vendo o tamanho da bagunça que ainda dominava os cômodos, Eli chamou reforços para concluir a limpeza. E com a ajuda de alguns de seus ceifeiros, Eli passou parte do dia reorganizando tudo para a chegada de Dante. Não era todo dia que o guardião da justiça visitava alguém, então era bom causar uma boa impressão.
Mira, Lux, e Hui, os ceifeiros que estavam ajudando Eli na faxina do quarto, deram um pulo de susto ao ouvir o espirro.
— Está tudo bem mestre? — perguntou Mira. Seus cabelos loiros estavam presos para trás com uma bandana e ela usava um avental azul por cima de suas roupas de rotina.
Eli sinalizou que estava bem, mas seu nariz ainda coçava sem parar.
— Não sei como o Nate estava conseguindo dormir nesse muquifo — comentou ele. A poeira parecia não ter fim.
— Se eu não tivesse visto o senhor Nate dormindo lá embaixo, diria que essa casa está abandonada — disse Lux. Tinha acabado de sacudir o tapete de Nate na varanda, e a poeira impregnou-se em seus cabelos, deixando seus cachos escuros grisalhos de pó — Podemos terminar a limpeza para você se preferir, Mestre.
Ficar esperando de pernas para o ar, só ia servir para deixar Eli mais apreensivo. Precisava focar em algo para esquecer o medo que sentia.
— Está tudo bem. Um pouco de poeira não mata ninguém — desconversou ele, tomando um espanador nas mãos — Só me ajudem para que consigamos terminar o quanto antes.
Os ceifeiros voltaram a trabalhar na arrumação, com enormes sorrisos estampando seus rostos. Não importava o que fosse, eles sempre ficavam alegres em ajudar Eli. O bom humor deles deixava Eli um pouco mais relaxado, e nas horas seguintes, conseguiram operar um milagre no quarto de Nate, deixando-o muito mais apresentável.
— Mestre, onde deixamos esse cesto de roupas sujas? — perguntou Mira, terminando de recolher as peças do chão com a ajuda de Lux.
Eli os ajudou a levantar o cesto do chão e sinalizou o caminho para os fundos da casa.
— A lavanderia fica depois da cozinha, podem deixar lá — disse — Quando terminarem, podem voltar ao trabalho. Não podemos levantar suspeitas na busca das almas também, ou virão atrás de nós.
Mira e Lux partiram correndo com o cesto de roupas, mas Hui ainda terminava de organizar o gaveteiro de Nate, parecia estar intrigado com o conteúdo que organizava.
— Algum problema Hui? — Eli quis saber.
O ceifeiro caminhou até Eli e lhe entregou o que tinha encontrado nas gavetas.
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Um Esconderijo No Tempo
FantasíaBárbara, nossa protagonista de 17 anos, é uma jovem inconformada e impulsiva, que a anos convive com a investigação do massacre da escola de seus pais,do qual eles são acusados injustamente. Por conta de um erro do tempo, ela sofre um acidente fata...