Leis da Atração

Capítulo 59

Assim que chegou na sala, estacou no lugar, totalmente perdida. Definitivamente não estava esperando por aquilo. Obrigando-se a manter o controle, expirou, tomando coragem para enfrentar as visitas inesperadas. Deu mais um passo, fazendo-se presente, chamando a atenção das convidadas, que emudeceram com a presença imponente da Procuradora.

- Boa noite! – Cumprimentou a morena, a voz firme, fria. Mentalmente ela resmungava. Estava cansada pelo estresse que havia passado ao longo do dia. A vó de Alfonso que não a deixava em paz, Júlia que fizera questão de apresentá-la para toda família. As perguntas invasivas, o mal-estar de ser o centro das atenções da família de Alfonso. Quando se despediu de Alfonso, planejou encher a banheira e relaxar ouvindo uma boa música. Mas viu seus planos irem por água abaixo, quando viu a irmã e a mãe sentadas em sua sala. A Procuradora aprumou a postura, totalmente na defensiva. Se ouvisse qualquer desaforo... Ah, ela já estava pronta para a briga. Não iria tolerar mais os insultos da mãe e a intromissão da irmã.

- Boa noite! - Respondeu Mariana, quebrando o silêncio. Os olhos da loira estavam marejados, o que os deixava em um tom de verde claro. Sem se conter, a Dentista levantou, caminhando com certa hesitação até Anahí, que esperou. - Meu Deus, você está linda! – Sua voz saiu vacilante, emocionada.

- Obrigada! – Respondeu mais fria do que pretendia. Ainda estava chateada com a intromissão da irmã. Empurrou aquele pensamento para o lado, os olhos focados na figura de Sofia que permanecia sentada, as mãos repousadas no joelho. Sofia tinha o coração acelerado, suas mãos estavam trêmulas. Sabia que tinha errado, que havia sido cruel nos seus insultos e nas suas palavras. Quis impor algo a filha, que já tinha idade o suficiente para fazer as próprias escolhas. Ver Anahí ali parada, os olhos cravados nela, fez com que ela engolisse em seco. Conhecia bem aquele olhar, e sabia que tinha um longo caminho pela frente. A caçula sempre tivera um gênio impossível, igualzinho o do pai. Controlando o seu próprio tremor e o gelo de suas mãos, ela se levantou, os olhos azuis pairaram na filha mais velha que tinha as mãos na boca, totalmente abalada com a frieza da irmã caçula. Mariana sempre pedira uma irmã. Quando Anahí nascera, andava atrás da mãe e do pai o tempo todo. Passava horas a fio depois da escola brincando com a irmãzinha. Foi para ela que Anahí andou pela primeira vez. Existia um vídeo desse momento. Mariana estava sentada com suas bonecas ao redor, Jamie estava mostrando sua fantasia do Batman para a mãe que o filmava, incentivando-o a fazer algumas poses. Em dado momento, Bertha trouxe Anahí nos braços, a menina fez pirraça querendo sair do colo, enlouquecida com as bonecas da irmã. Ao ser colocada no chão, ao lado da irmã, a pequena capturou uma Barbie, levando-a até a boca. Mariana reclamou, tentou salvar sua boneca, mas Anahí gritou, enfiando o cabelo da boneca todo na boca, Mariana então se levantou, indo reclamar com a mãe. Sofia se divertia com o caos. De repente, Anahí soltou a boneca, e ergueu—se, usando o sofá como apoio. Com o dedinho na boca, olhou para os irmãos e a mãe. Cambaleante, moveu as perninhas, a mãozinha agarrada no sofá, que a ajudava no equilíbrio. Quando o sofá acabou, olhou para a irmã, que ajoelhara e a chamava com os braços, hesitante Anahí se moveu, tentando se equilibrar, cambaleante – andou -, chamando por sua Nana. Sendo recebida com muitos beijos e abraços dos irmãos.

- Boa noite, minha filha! – Disse Sofia por fim, observando atentamente a silhueta da filha. Anahí estava mais magra do que na última foto postada, pálida, isso preocupou.

- Boa noite! – Respondeu em tom baixo, tentando controlar as próprias emoções.

- Eu vou deixar vocês conversarem primeiro. – Olhou para as duas filhas, seus olhos estavam vermelhos pela receptividade nula que havia recebido da caçula. Não esperava que aquele encontro fosse tão constrangedor, não esperava tanta frieza.