Leis da Atração

Capítulo 53

Rio de Janeiro – RJ

- Oi dona Sofia – diz Bertha, atendendo o celular.

- Bertha, cadê a Anahí? – indaga Sofia, preocupada. Mariana acabara falando o que ocorrera na clínica de Paul. E a farmacêutica estava em pânico com toda a situação.

- Está no quarto desde ontem – alegou a senhora.

- E o Alfonso? – quis saber. Ficaria mais tranquila se o moreno estivesse com a filha. Talvez ele conseguisse fazer Anahí reconsiderar.

- Os dois brigaram por horas, ontem – lembrou-se dos gritos dos dois – Ele foi para um hotel – revela, preocupada. Tentara falar com Alfonso, mas o celular do moreno só caía na caixa postal.

- O Henrique está indo para aí – informou, vendo o marido pegar as chaves – Cuide dela, Bertha! – pediu com a voz embargada.

- Sim, senhora. Estou de olho nela – garantiu, a mão no peito. Estava muito preocupada com a sua menina.

Henrique tinha acabado de chegar em casa, vindo Brasília, quando fora bombardeado pela esposa, que informou que Anahí estava grávida de Alfonso e que queria tirar o bebê. Sofia estava descontrolada, o que o preocupou. A esposa era muito religiosa, e o aborto não era bem-visto por ela. O desembargador ouviu todo o discurso histérico da esposa, sem proferir uma única palavra. Quando ela finalizou, a única coisa que  perguntou foi como a filha estava , o que Sofia não soube responder. O olhar que Henrique destinara a ela, fez com que a loira passasse a mão no telefone e ligasse para Bertha, sabia que Anahí não iria atendê-la. Quando a ligação iniciou, Henrique se levantou do sofá. Não iria ficar ali sem saber o estado de sua garotinha. Pegou as chaves do carro que estavam em cima da mesinha de centro, depositou um beijo na testa da esposa e saiu.

Ao chegar ao apartamento de Anahí, bastou colocar a digital no leitor para que a porta destravasse. O apartamento estava no mais absoluto silêncio. A sala se iluminou após ele mexer no interruptor, ligando o lustre principal. Decidido, caminhou a passos lentos até o quarto da caçula, tendo uma ideia do que o aguardava. Sabia o quão frágil Anahí poderia estar. A memória viva do estado da filha quando descobrira das armações de Manuel. Com cuidado, testou a maçaneta da porta do quarto da filha abrindo-a com cuidado. O quarto estava iluminado apenas pela televisão que passava uma série qualquer.

Anahí gira o pescoço em direção a porta e quando vê a figura do pai, levanta-se da cama, chutando as cobertas para longe, correndo para os braços do pai.

- Papai – choramingou com a voz embargada pelo choro, se abraçando ao pai como se toda sua vida dependesse daquele momento. Lar. Segurança.

- Oi, minha garotinha! – murmurou amoroso, acolhendo a filha em seus braços – Como você está? – quis saber, depositando um beijo suave no alto da cabeça da morena.

- Mal – ofegou, a voz saindo um tanto manhosa.

- Quer conversar com o papai? – perguntou, a abraçando um pouco mais apertado, acariciando o alto da cabeça da morena. Anahí deixa escapar um soluço alto – Shiu! – pediu Henrique com carinho – O papai está aqui, e, eu não vou deixar nada de mal te acontecer – garantiu.

- Papai, eu estou grávida – disse em quase um sussurro – E eu não quero ter essa criança – afundou o rosto no peito do pai.

- Meu amor – a chamou, afastando o corpo da filha do seu. Quando ele faz isso, seu coração quase se partiu em mil pedaços. Ver a caçula daquele jeito, tão frágil, destruía Henrique. Anahí era o seu bem mais precioso. Ele pediu e esperou por ela. Com o nascimento da pequena, jurou que nada nem ninguém iria magoar a sua garotinha loira de incríveis olhos azuis. Vê-la nesse estado, os olhos banhados por lágrimas de sofrimento, fazia ele perceber que havia falhado como pai mais uma vez. Não conseguira poupá-la da dor – O papai te ama, e eu estou aqui para te ouvir. Você não está sozinha – declarou, acariciando a bochecha da morena, que cerrou os olhos ao sentir o toque do pai. Anahí sabia que poderia desabafar com o pai; ao contrário dos demais, ele não iria repreendê-la.