Capítulo 68

4.7K 189 965
                                    

Curitiba - PR

Dezembro chega e com ele a primeira prova para Juiz Federal Substituto da 2ª Região, que aconteceria no dia 13/12. Anahí estava uma pilha de nervos. Nunca estivera tão nervosa, tão ansiosa. Alfonso estava dando apoio do jeito que dava, dormindo na casa dela nos finais de semana para que ela pudesse estudar mais. Bertha estava dando suporte em tudo, mas a mente da babá estava em São Paulo. O quadro de saúde da sua sobrinha piorava a cada dia.

Heitor crescia a passos largos, com quase cinco meses de vida, estava cada vez mais parecido com a mãe, e para o desespero de Alfonso, até o gênio era parecido. Aquele menininho de olhos azuis sabia bem como impor suas vontades, berrava quando a mãe se ausentava, só Alfonso conseguia domar a ferinha, às vezes, nem ele.

— Eu sei que você é o presidente do fã clube da sua mãe, e sei exatamente o porquê de você ser tão fissurado nela. — Encarou o filho, que estava emburrado na Mamaroo. — São os peitos, né? Acredite, aqueles peitos também eram a minha perdição. — Devaneou, achando graça. Heitor deu um gritinho, agitando as perninhas e os bracinhos. — Aproveite enquanto ainda pode, campeão! — Se agachou, e o filho se esticou todo querendo colo. — Eu não vou pegar você agora. — Sinalizou, e Heitor gritou mais uma vez, dessa vez era claramente uma represaria. — Você é brigão igualzinho sua mãe. — Negou, rindo. — Você sabe que não tem peito a essa hora, sua mãe foi para aula. — Advertiu. — Você vai ter que se contentar com essa dedeira gostosa. — Sacudiu a mamadeira, oferecendo ao filho que rejeitou, ameaçando o choro. — Não seja assim, filho... Tenho uma má notícia para você. Você ficará sem os peitos bonitos da sua mãe. — Pontuou, e Heitor se calou, prestando atenção no pai. Alfonso riu achando graça. Era um ator. — Ela vai começar a te dar comida, e quando isso começar, campeão... Já era! Aproveite enquanto você ainda tem tempo. — Recomendou, oferecendo a mamadeira para o filho outra vez. Heitor virou o rostinho, dando um grito nervoso. — Eu estou sendo seu amigo, aqui! — Achou graça. Heitor era bem filho da mãe dele mesmo. Ô gênio ruim! — Vamos lá, você precisa comer. Ela só vai te dar peito de noite. — Insistiu, e o menino finalmente aceitou a mamadeira.

 — É sério que você está brigando com um bebê de quatro meses? — Perguntou Anahí, que esquecera uma apostila e tinha ouvido toda a conversa mirabolante de Alfonso com filho.

— Desde quando você está aí? — Perguntou Alfonso, alarmado. Anahí havia saído para a aula, que estava acontecendo duas vezes na semana de forma presencial.

— O suficiente para saber que você estava discutindo sobre o meu peito com esse bebê lindo da mamãe! — Atiçou o filho, que largou o bico da mamadeira, se esticando inteiro para que ela o pegasse. — O papai mentiu para você, filho! — Disse ela, olhando para Alfonso de soslaio, que bufou, se afastando. — Você vai ter o peito da mamãe até quando você quiser! — Brincou com o filho, se agachando, e dando um beijinho nas pernas roliças. — Ainda falta para você começar a comer. Não acredita no bobão do seu pai! — Implicou. Heitor brigou, exigindo que ela o pegasse. — Não temos muito tempo. — Suspirou, pegando-o no colo, indo até a cadeira de amamentação, e oferecendo o seio. O menino rapidamente pegou o bico, suspirando de satisfação. Anahí acariciou o cabelinho loiro do filho, as bochechas, e a sobrancelha clara. — Como você tem coragem de ameaçar essa coisa fofa? — Indagou, olhando para Alfonso.

— Agora eu tenho culpa por falar a verdade? — Perguntou, desbocado.

— Francamente, Herrera! — Ralhou. — Você deveria ter vergonha de ameaçar essa coisa gostosa. — Disse em um tom infantil, dando um beijo na testa do filho.

— Ela está te enganando! — Alertou Alfonso, apontando para o filho, recebendo uma almofada na cara. — Vou te mostrar a planilha dela. Vai começar o suquinho, as papinhas. O peito? Ele vai acabar! — Riu, e Anahí o acompanhou. Heitor largou o peito, virando o rostinho para o pai. Os olhinhos azuis estavam sérios, como se quisesse dizer alguma coisa.

Leis da AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora