McLean, VA.
— Eu estou exausta! — Exclamou Emma, deitando-se em um dos tapetes do ginásio. Alfonso a olhou, sorrindo. Os dois tinham acabado de sair de uma aula de Krav Maga. Alfonso tinha um pequeno corte no supercilio, e colocava gelo para estancar o sangue. Seu corpo inteiro doía. O primeiro módulo de treinamento estava exigindo muito dele fisicamente, principalmente porque os instrutores não pegavam leve.
Com a rotina de aulas e treinos extras, aos quais alguns agentes como Emma e ele eram submetidos, o moreno não falava por vídeo com Anahí há dois dias, sempre quando ele tentava fazer uma chamada, a morena alegava que estava ocupada ou com sono. Diariamente ele trocava áudios com ela e com Heitor, que parecia um carrapatinho da mãe, que agora estava ficando o dia inteiro com ela. Anahí enviava diariamente os avanços do filho. Era impressionante como ele havia desenvolvido vocabulário em poucos dias. Nos vídeos que ela e Bertha mandavam, ele pôde ver o tanto de brinquedos educativos que Anahí havia comprado para Heitor. O pequeno passava horas no quarto brincando e sendo estimulado pela mãe, que estava deliciada em ficar tanto tempo com o filho.
— Confesso que eu também estou. — Admitiu o moreno, pressionando o gelo no corte.
— Deixa eu ver isso aí! — Se levantou, engatinhando até Alfonso, que removeu o gelo do ferimento. Os olhos azuis de Emma focaram no corte, analisando o estrago. Os dedos finos tocaram o rosto do moreno, avaliando a ferida com o auxílio de uma gaze que Alfonso segurava na outra mão. — Não vai precisar levar ponto. — Sorriu, se afastando. — Podemos passar na farmácia e comprar aqueles curativos borboleta e uma pomada cicatrizante.
— Você virou enfermeira agora? — Perguntou desbocado, rindo. Emma revirou os olhos, o dispensando com a mão. A loira deu um salto do chão, e Alfonso observou a agilidade dela. Emma era esguia, sua pele parecia porcelana. Ela era linda, chamava atenção por onde passava por sua postura altiva. Os dois passavam o dia todo juntos, faziam dupla quando era necessário, e durante a noite, sempre se juntavam para jantar. Alfonso contou da sua família e mostrava diariamente fotos e vídeos de Heitor, traduzindo o que o filho falava. A agente estava encantada pelo menino, inclusive disse que aprenderia a falar português para conseguir se comunicar com aquela süßes Kind. Na ocasião, Alfonso disse que Anahí estava ensinando algumas coisas em inglês para o filho, e que quando chegasse a época da escola, optariam por um colégio internacional.
— Vamos correr? — Indagou a agente, enquanto se alongava em outra posição, descendo aos poucos.
— Vamos! — Se levantou. — Vou só pegar um curativo na enfermaria. — Apontou para o ferimento. A agente alemã assentiu, fazendo a posição "torção de tronco com a perna cruzada".
Alfonso foi até a enfermaria onde lhe colocaram um band-aid no corte. Dez minutos depois, encontrou Emma, e os dois foram para outro complexo para correr.
Após um dia intenso de atividades, os dois pegaram o ônibus que os deixaria em casa. Sempre que tinham treinamento físico, um ônibus passava para buscar eles e os demais agentes. Era proibida a entrada de carros particulares naquele complexo, que ficava há quase quarenta minutos de distância, assim como também era proibido o uso de celulares, que ficam guardados em armários individuais, e entregues ao final do dia.
Emma e Alfonso pouco interagiam com os demais agentes, os dois eram conhecidos pelos colegas como "reservados", pois pouco falavam.
No tempo em que estava ali, Alfonso percebeu que alguns agentes estavam mais preocupados em se exibir, obtendo baixo rendimento nas atividades que lhe eram passadas, o que o levou a se questionar qual foi o critério de escolha da agência. Um queria ser mais que o outro. Muitos pareciam estar só focados em aparecer para o alto escalão de agentes da CIA, o famoso puxa-saquismo. Alfonso e Emma eram os que tinham os maiores índices de aproveitamento, o que chamou a atenção do diretor da agência, que monitorava tudo por câmeras, e recebia reportes de quem estava abaixo dele. Os exercícios de Alfonso e Emma passaram a ser diferente dos outros, o grau de dificuldade aumentando gradualmente sempre que uma tarefa era concluída com êxito. Emma era ligada a tecnologia, seu pai era um engenheiro de rede e sua mãe era do escalão do exército alemão no setor de inteligência/estratégia. A loira vinha impressionando seus instrutores no manuseio dos softwares. Alfonso não ficava atrás, o moreno estava se destacando nas análises e nos relatórios, nada passava despercebido por ele. Cada agente escolhido para estar ali, tinha uma habilidade, que era testada e desenvolvida.
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Leis da Atração
RomansaEla é procuradora da República especialista em combate a corrupção. Ele é Delegado Federal especialista em combate ao narcotráfico. Anahí e Alfonso se conheceram em uma viagem pela América Central, ela arrastada pelo melhor amigo e ele pela irmã caç...