Capítulo 35

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São Paulo – SP

Paraisópolis

- Quem é essa lindeza? – perguntou um dos traficantes de Paraisópolis.

- A Chefia ordenou que cuidássemos dela por um tempo – prepara a seringa, espetando-a em seguida no braço de Amanda, que tinha os olhos vidrados na parede, mas sem de fato enxergar. Sua mente estava uma bagunça, perdera completamente a noção de tempo e espaço, vivia em uma realidade paralela, tendo apenas lapsos de consciência. Quando sente o braço sendo espetado, encara o homem. Um moreno de olhos negros, cabelo black, sobrancelha riscada e piercings espalhados pelo rosto. Se ela não estivesse tão "mole" jamais deixaria ele se aproximar dela.

- Você já vai voltar para casa, lourinha – sorri, deixando aparecer o aparelho metálico.

Os dois homens se sentam à mesa da cozinha do barraco em que estavam, enquanto a garota tinha outra vez o olhar preso a um ponto da sala. Ela sentia frio, os pelos do seu braço estavam arrepiados. Sua língua estava dormente, sua mente confusa. Olhava para os homens sentados tentando entender onde estava, quem eram eles. Seu coração de repente estava ficando acelerado, seu sangue parecia estar fervendo, ela se sentia quente. O que estava acontecendo?

- Amanhã ela fará um Casting falso lá no teatro comunitário. A chefia ordenou que ela estivesse menos noiada. Quer que entenda o que está acontecendo. Os brous do teatro já estão instruídos a levarem ela para república. Precisamos criar memórias novas, algo mais suave – explica manso, o olhar cravado na loira.

- Isso é furada – rebate o outro traficante.

- O que não é furada na nossa vida? – dá os ombros, já acostumado com a vida que levava - Pelo menos ganhei um bom dinheiro – mostra o sorriso metálico. – A patricinha está tão na pilha que nem vai lembrar de mim – fala confiante, olhando outra vez para a garota.

- Podíamos pedir mais dinheiro por ela – sugere o outro Ela tem cara de ser endinheirada. Podíamos pedir um resgate em troca da informação do paradeiro dela. Se deixássemos ela na estação da MOCCA ninguém pegava nós, parça.

- Tá maluco, brou? O bica disse que ela saiu do cativeiro dos grandões – nega com a cabeça – Essa loirinha deve ser filha ou neta de um engravatado importante.

- Que cilada!

- Vamos seguir as ordens do Chefia.

XX

- Fizeram o que eu mandei? – perguntou o homem ao telefone.

- Sim, senhor. A menina já está em Paraisópolis.

- Falou com o chefe de lá? Deixaram tudo irrastreável?

- Sim. O Bica se encarregou de deixar tudo nos conformes.

- Excelente. E a morena de cabelos cacheados? – quis saber, enquanto assinava os documentos que sua secretária deixara em sua mesa.

- Acabou de trocar de pavimento conforme suas instruções. Posso ajudá-lo em algo mais? – pergunta o capanga.

- Não – encerra a chamada pelo aparelho que não dava para ser rastreado pela polícia.

XX

Curitiba – PR

- Que demora! – reclama Helena, vendo Anahí sair do prédio.

- Eu disse que saía dez e meia – ralha, catando as chaves do carro na bolsa. Quando a encontra, aperta o botão, destravando o carro. Anda a passos largos até o automóvel com Helena em seu encalço. As duas tinham combinado de irem juntas para a social na casa de James.

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