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Eva pensara que casamentos arranjados era coisa do século passado, e realmente era, no entanto, sua mãe, Ruthie, parecia ainda estar vivendo lá após ter conseguido manipulá-la a aceitar o convite do filho do pastor de sua igreja para sair.

O rapaz que se chamava Bruce, estava procurando uma jovem para se casar, ela deveria vir com alguns requisitos, ser virgem e totalmente submissa, desses dois ela só possuía um, a virgindade, mas por amar demais sua mãe, acabou aceitando ir aos encontros, já que Bruce era de uma família rica e a sua não tinha nenhuma fortuna. No entanto, a garota sabia que jamais se submeteria a isso se não fosse por motivos maiores.

Sua mãe havia descoberto um câncer de mama recentemente e o tratamento era muito caro, e lhe contou que pediu ajuda a igreja em uma reunião com o pastor Mason e o mesmo teve a brilhante ideia de juntar suas famílias como condição para pagar o tratamento.

De alguma forma, Teddy Turner e sua esposa Ruby Turner precisavam desesperadamente casar Bruce com uma jovem perfeita aos olhos da sociedade da igreja e Eva estava conseguindo desempenhar esse papel nos últimos dois meses.

Estava se saindo uma ótima atriz em público, mas quando estava sozinha, chorava até sua cabeça doer com os soluços, nunca havia contado para ninguém as coisas que Bruce falava para ela, como queria que ela emagrecesse dez quilos antes do casamento, como a proibiu de usar salto e saias acima do joelho ou vestidos sem manga comprida.

Queria até mesmo controlar seu tom de voz e o que comia.

Eva vivia em uma angústia sem fim ao pensar no maldito casamento, que quando acontecesse, sofreria mais a humilhação de ter Bruce tocando-a, sentia nojo dele e de si mesma por aguentar tudo aquilo. Pensou em desistir várias vezes, mas seu salário de caixa de supermercado não dava para pagar o tratamento, tentou até pegar um empréstimo mas foi negado e outro dia viu sua mãe vomitando sangue.

Tinha vontade de dizer tantas coisas para a família Turner, coisas nada boas, entretanto não faria pois até mesmo ser obrigada a assinar um documento que lhe impedia de romper com Bruce por pelo menos cinco anos, ela foi. Caso contrário, sua mãe deveria devolver todo o dinheiro do tratamento ou ir para a cadeia. Ela amava Ruthie mais do que qualquer coisa, apesar de muitas vezes se questionar se uma mãe que ama a filha a deixaria se submeter a isso e ser a maior apoiadora de toda a merda.

Ela fechou os olhos por alguns segundos e os abriu novamente, tentando ser forte. Por algum motivo também, eles precisavam ser vistos juntos constantemente e deveriam parecer apaixonados. Ela forçou um sorriso quando olhou o rapaz gordo a sua frente, ele comida feito um porco, rasgando o pedaço de costela nos dentes, quando em seu prato havia apenas uma salada intocada.

— Você não está com fome? — ele perguntou, mastigando.

— Estou. — ela respondeu seca.

— Então por que não come? Seu prato está cheio, não quero pagar por algo que você nem tocou.

— Eu já disse que odeio salada, não vou comer se não gosto.

Bruce queria uma jovem submissa, mas nem sempre Eva conseguia suportar calada todas as suas provocações, ainda mais depois do que descobriu há poucos dias. 

— Você sempre comeu nos outros restaurantes. — o homem a olhou com raiva.

— Jogava fora quando não estava olhando. — admitiu.

Há poucos dias havia descoberto, ouvindo uma conversa sem querer, que Bruce também não tinha outras opções de pretendentes, a única maluca que aceitou a proposta fora ela, por desespero, por manipulação e por amor a mãe. E desde então, já não aguentava mais tanta coisa calada como no início.

4 - TIMBER - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora