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Eva sabia que havia cometido um erro quando certa vez, sem querer revelou para Bruce que tinha medo do escuro. O pavor tomou conta dela quando no meio da estrada no caminho para casa, seu noivo parou o carro, desceu e abriu a porta do lado que ela estava sentada.

— O que está fazendo? — questionou, confusa.

Seu pescoço ainda doía do aperto dele e seus olhos ardiam por querer tanto chorar e se negar a fazer isso em sua frente. 

— Você fica aqui. — disse ríspido, puxando seu braço com brutalidade até ser obrigada a sair do carro.

— Vai me deixar no meio do nada? — apesar de saber tudo que ele era capaz, ela estava incrédula.

— Dê o seu jeito. Da próxima vez, pense duas vezes antes de me tratar da maneira que tratou. Eu quero uma esposa submissa e até que aprenda isso, será tratada desta forma.

— Bruce, está tudo escuro aqui e eu não tenho dinheiro para o ônibus, apenas cartão de crédito na bolsa! — ela se desesperou quando ele entrou no carro e bateu a porta.

— Nos vemos amanhã. Pense em sua mãe em um caixão e talvez assim consiga ser a mulher que preciso.

— Não me deixe aqui, Bruce! — pediu, batendo no carro.

— Pense melhor da próxima vez! — ele gritou e acelerou o carro.

— Desgraçado! Mil vezes desgraçado! — Eva xingou e finalmente deixou cair as lágrimas que estavam presas.

Sentou-se no chão e chorou de soluçar, alguns minutos depois, olhou ao redor, sentindo sua mente girar, tinha pavor do escuro, não havia nada por perto, lembrou-se então de um restaurante que haviam passado a poucos quilômetros e começou a correr em direção a ele. Não tinha nenhum dinheiro na bolsa, apenas um pouco de limite no cartão de crédito e o seu celular havia ficado em casa carregando.

Quando alcançou o estabelecimento, se recompôs antes de abrir as portas, buscando lá dentro alguém que talvez conhecesse, se não, teria de ir andando ou pegar carona com um estranho, tinha muito medo das duas opções.

Varreu o olhar pelo lugar e seu coração errou uma batida quando seu olhar encontrou um homem enorme e musculoso sentado próximo ao balcão do bar. Ele tinha o queixo firme, maçãs do rosto salientes, lábios grossos, nariz achatado e cabelos loiro escuro, sua memória rapidamente lhe disse que ele era um Nova Espécie, dos quais sempre ouvira falar, bem e mal, mas nunca havia visto um pessoalmente.

Seu olhar viajou sobre a camisa preta que usava e não deixou passar a forma como as mangas eram apertadas no ombro e braços. Ele não estava usando o uniforme preto que sempre os via vestindo na TV e que no fundo sempre achou extremamente sexy. Mas ele ainda usava roupas da mesma cor. Engoliu um seco.

Uau. Agora entendo todas as mulheres que se casaram com eles. Foi seu pensamento.

Um leve empurrão em suas costas lhe fez perceber que ainda estava parada na porta e havia alguém atrás dela querendo passar, desviou o olhar do Nova Espécie e apressadamente caminhou para a mesa no canto mais distante de todos, sentou-se e respirou fundo, sentindo um frio incomum na barriga.

Um garçom simpático se aproximou da mesa dela.

— Em que posso ajudar? — o homem sorriu.

— Eu quero... — ela pensou, sem saber o que pedir.

Se eu beber um pouco de bebida alcoólica, talvez eu perca o medo de ir caminhando sozinha.

— O que tem de bom aí? Para perder o medo, sei lá, ganhar coragem e que seja barato. — ela perguntou, nervosa.

4 - TIMBER - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora