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Eva queria criar coragem para ser cruel com Timber. Tudo seria diferente se não tivesse sido obrigada a assinar o maldito contrato.  Nunca imaginou que aquela noite com ele pudesse significar tanto.

"Foi apenas sexo, está bem? Não vai voltar a acontecer, eu vou embora agora e nunca mais voltaremos a nos ver."

Queria gritar essas palavras, mas não conseguia, não conseguiria ser malvada com ele. Ela fechou os olhos com o barulho que ressoou dele, pareceu uma espécie de grunhido angustiado. Ela o magoou, mesmo com seu silêncio e hesitação. 

— O que eu fiz de errado? — ele insistiu, seu corpo tremeu com o soluço que tentava segurar.

— Nada. — ela caminhou para a sala, sentindo todas as evidências de ter feito sexo com Timber doer em seus músculos na medida que andava, e pegou suas roupas, um segundo depois ele estava atrás dela.

— Você está com medo e triste. Olhe em meus olhos e diga, para que eu possa ler sua verdade. Eu te machuquei?

Ela queria chorar, mas não iria fazê-lo em sua frente, as emoções estavam todas sobre ela agora, querendo desabar. Ele era perfeito e ela não o merecia. Estava arrependida naquele momento de tê-lo usado como vingança contra seu noivo.

Merda, eu podia perfeitamente sair daqui apaixonada por ele. Olha aqueles olhos bonitos brilhando de sinceridade? Até mesmo arrisco dizer que vi pureza. O que eu fiz? O que eu fiz? Eu brinquei com a única pessoa que não deveria!

Mas Eva precisava ser forte e voltar para sua via medíocre.

— Você pode chamar um táxi para mim? — mudou de assunto.

— Não precisa, eu levo você. — ele tocou o braço dela com gentileza.

— Minha mãe é anti-espécie, fará uma escândalo se vê-lo, mas você pode me deixar em alguma rua próxima.

— Você quer falar sobre isso? Sobre sua mãe? Tem a ver com ela?

— Eu não quero. Por favor. Só me leve para casa. Por favor. — sussurrou a última frase.

Timber engoliu um grunhido de frustração, queria saber o que havia feito durante aquele tempo com ela, que a tivesse espantado, mas nada vinha a sua cabeça, então faria como ela queria, depois iria refletir e voltar a procurá-la para concertar seja lá o que tivesse errado. As vezes fêmeas humanas precisavam de tempo e eram confusas, difíceis de entender, mas ele estava disposto por Eva. Ela era especial e o fez se sentir diferente.

Ela estava com medo de algo.

Timber não estava desistindo dela.

— Eu deixo você onde quiser. — ele falou.

Um minuto depois ele já estava vestido, Eva se levantou do sofá em que estava sentada, sentindo o meio de suas pernas completamente sensível e dolorido, se estava assim no mesmo instante em que fez, não queria imaginar como estaria se sentindo no dia seguinte.

Ele ergueu a mão para ela e ela segurou a dele, saindo juntos do apartamento. No elevador Eva tentou manter distância, não conseguiu olhá-lo nos olhos novamente, abraçou o próprio corpo e sabia que Timber ficaria marcado para sempre em sua mente, mesmo seus momentos juntos tendo sido poucos, significou demais.

Abraçando o próprio corpo, quis chorar, por saber que tinha alguém que a chamava de linda, achava seu corpo bonito e a desejava mesmo estando acima do peso, Timber viu suas estrias, seus seios que não eram empinados e a olhou com tanta fome e desejo sincero mas agora iria voltar para se casar em breve com uma pessoa que queria transformá-la na noiva perfeita destacando sempre que podia todos os seus defeitos.

Timber saiu pelo portão mais tranquilo da Reserva, e parou no início de uma rua que ela disse morar, isso ficava a alguns metros.

Ele quis beijá-la antes dela descer, mas absteve-se. Ela tinha feito uma escolha e tinha que respeitar isto, se a beijasse desejaria levá-la de volta para sua casa e nunca mais deixá-la ir, fazer isso no entanto, poderia estragar todas as chances que pudesse vir a ter com ela.

— Eu vou abrir a porta para você. — ele se moveu rápido para descer do carro, mas ela o impediu.

— Não precisa. — ela se moveu para abrir.

— Não quer que eu a deixe mais perto? Não é perigoso andar sozinha a essa hora?

— Está tudo bem. É um bairro tranquilo. — Eva não quis dizer que teria que andar mais alguns minutos para chegar em casa.

Então ela desceu e dando alguns passos, se virou para olhá-lo.

— Obrigada por hoje, Timber. — abriu um sorriso que não sentia.

Timber apenas balançou a cabeça, sentindo suas pernas balançarem, lutando contra o desejo de correr até ela, agarrá-la e mantê-la. Quis rugir quando perdeu ela de vista. A rejeição começava a doer agora que ela não estava mais com ele.

Raiva e dor queimaram pelo peito. Era louco para ter uma companheira, por fêmeas humanas que não considerou que quando se sentisse especial sobre alguma, correria o risco de ter o coração partido.

Ela nem mesmo o queria além do tempo que passaram juntos, ela só quis compartilhar sexo. Mas ela era virgem. Então a ideia veio de que ela poderia não ter gostado do seu corpo tanto quanto tinha gostado do dela, o fez se sentir ainda pior.

Tinha certeza que havia sido muito duro em algum momento e machucado-a apesar dela dizer que não machucou.

* * * *

Quando Eva entrou em sua rua, pôde avistar Bruce sentado na escada da entrada de sua casa, quando a viu também, ele se levantou e caminhou apressadamente até ela, com uma expressão furiosa no rosto, Eva se enfureceu, indignada que ele se achasse no direito de ficar chateado de alguma forma.

— Você demorou demais! Onde estava? — ele a pegou pelos braços.

— O que está fazendo aqui? — ela questionou.

— Esperando você. Não era tão longe assim!

— Mas eu não viria andando! Você sabe dos meus medos e me deixou sozinha lá, precisei conseguir uma forma de voltar e não foi fácil.

Ele apertou mais os dedos nos braços dela, machucando-a.

— Quem a trouxe? — o rapaz questionou.

— Você é doente? Para que você quer saber? Já não basta ter me deixado a mercê de qualquer perigo? E se tivesse acontecido algo ruim comigo? Você é um grande bastardo idiota, eu odeio você com toda minha alma. — cuspiu.

— Como ousa falar assim comigo? — Eva se encolheu quando sentiu a mão pesada de Bruce contra seu rosto, em seguida ele a segurou e sacudiu seu corpo pelos ombros — O que deu em você? Você deveria ser submissa! Você assinou um maldito contrato e eu farei de sua vida o pior inferno possível se continuar com esse comportamento.

Eva engoliu a raiva que encheu suas veias e segurou firme para não chorar na frente dele, respirou fundo e ergueu a cabeça.

— Você quer falar mais alguma coisa? Preciso entrar porque tenho que trabalhar amanhã. — tentou soar fria.

— Amanhã temos uma sessão de fotos de noivado as nove da manhã e um jantar com alguns sócios do meu pai às oito e meia.

Ela não disse nada, apenas entrou em casa, trancou a porta e correu para seu quarto, arrancou as roupas com o cheiro de Timber grudado nelas e entrou debaixo do chuveiro, naquele instante ela fechou os olhos e desabou, chorando tanto, até os soluços ecoarem pelo cômodo e sua cabeça doer.



Olaaaa ❤️❤️❤️

Desculpem a demora, testei positivo para COVID e estou tão indisposta.

Espero que tenham gostado desse capítulo mesmo tendo sido pequeno.

Votem e comentem ❤️❤️❤️

4 - TIMBER - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora