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Eva tremia muito na medida que a marcha nupcial soava e ela entrava na igreja acompanhada de sua mãe. Apertou firme o buquê de flores em suas mãos na tentativa de disfarçar, evitou olhar para as pessoas sentadas, a igreja estava mais cheia do que ela pensou que fosse estar. Muitas pessoas que ela nunca sequer viu na vida.

Concentrou o olhar em Bruce, o homem fingia um sorriso e em seguida limpou uma lágrima falsa. Suas pernas se forçavam a caminhar por toda a extensão do grande corredor da igreja, lutando para não tropeçar, o longo corredor parecia não ter fim para ela.

Finalmente chegaram ao altar e sua mãe a entregou para Bruce, antes, se virou para a filha e sussurrou em seu ouvido.

— Não desgraça isso para mim. Faça o que tem que fazer. — Ruthie então sorriu e beijou a bochecha da filha.

Seu coração já estava acelerado de ansiedade e medo, pensava em desistir e simplesmente cumprir com o acordo. Olhando aquela igreja cheia e sabendo que tinha um segurança lá fora, a fazia se sentir receosa de que tudo fosse dar errado e a ideia de Susan de que eram apenas duas para lidar com toda aquela gente lhe veio a mente.

Como eu vou sair daqui, meu Deus?

Eu estou com medo. Eu estou com medo. Já não sou mais tão corajosa agora.

O sangue fugiu do seu corpo quando sua mãe cochichou algo para Bruce também e ele franziu as sobrancelhas para ela. O homem tomou sua mão quando Ruthie se afastou e a posicionou de frente para o pastor Teddy, quem iria ministrar a cerimônia.

— Nem pense em fazer qualquer merda, entendeu? — ele susurrou para ela, sorrindo falso.

Ela tentou fingir naturalidade. O que sua mãe havia falado? O que ele sabia? Não havia ao menos combinado com Susan que horas ela soltaria o áudio e as fotos. Ela se sentia tão destemida e furiosa na hora de planejar que agora pensando com clareza não sabia se fazer aquilo sem preparo algum, seria uma boa ideia.

— Caso tente algo, eu matarei você depois daqui e colocarei a culpa em um fatídico acidente de carro. Sobrará para sua amiga Susan também, sei que se importa com ela.

Ela engoliu em seco, ele estava fazendo ameaças, certamente sua mãe falou que ela descobriu alguma coisa. Seu coração ficou gelado, por si mesma e por Susan. Quando olhou para frente notou também como pastor Teddy a olhava enquanto ministrava. De soslaio olhou para os lados e haviam vários homens vestidos de terno preto, parados em posições idênticas.

Agora não tem volta. Eu preciso fazer isso.

Ela fechou os olhos por alguns segundos e lindos olhos caninos apareceram, em sua mente, o sorriso com presas e a maneira como ele olhava para ela, a elogiava e adorava seu corpo aqueceram seu coração. Ela com certeza o amava. A forma como o deixou doeu nela tanto como deve ter doído nele, deveria ter ido com ele quando queria levá-la, mas antes não sabia que toda a doença de sua mãe era uma mentira.

Entretanto, nem tudo estava perdido. Medo se transformou em coragem e determinação para estar com seu Nova Espécie novamente. Ela queria dizer pessoalmente para ele que o amava, mesmo que talvez ele ainda não sentisse o mesmo.

— Bruce Turner, é de livre e espontânea vontade que você aceita Evangelinne como sua legítima esposa neste matrimônio? — Eva voltou de seus devaneios ouvindo o pastor perguntar.

— Sim. — Bruce respondeu imediatamente, parecendo ansioso.

Naquele momento ela conseguia ouvir as batidas do próprio coração, seu estômago doeu como se quisesse vomitar.

— Evangelinne, é de livre e espontânea vontade que você aceita Bruce Turner como seu legítimo esposo neste matrimônio? 

Ela olhou para Bruce e o homem possuía um olhar mortal para ela, em seguida olhou para sua mãe que tinha o mesmo olhar. Fechou os olhos sabendo que Susan estava acompanhando tudo.

4 - TIMBER - Novas Espécies (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora