Capítulo 11 - Confiança ( ... )

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No dia seguinte acordei cedo, com o despertador do celular repetindo o refrão de Good Luck, do AoA.

— Filha! Está na hora de levantar para se aprontar para o colégio! — gritou dona Suzana segundos depois, após abrir uma pequena fresta da porta.

— Já acordei... — respondi, com os olhos ainda um pouco pesados. E por um breve momento após o súbito despertar, nutri a esperança de que tudo foi um sonho ruim.

Mas rapidamente tive a certeza de que o pesadelo era real enquanto sentava na beira da cama, olhando fixamente para a mochila. E se eu pretendia manter as aparências de que ainda era a Tainara, teria que continuar com a rotina dela. E isso incluía ir para o colégio.

Após respirar fundo, me levantei e caminhei até o banheiro para esvaziar a bexiga, lavar o rosto, pentear os cabelos e fazer o possível para ficar apresentável.

Mas acabei tomando outro banho.

Desta vez, no entanto, não lavei os cabelos, me poupando um bocado de trabalho.

Terminado o banho, chegou a hora de escolher as roupas para ir ao colégio. Mas como não encontrei nenhum uniforme no guarda roupa, passei a escolher outras peças mais casuais.

Mas se eu tiver sorte, a diretora me manda de volta para casa por estar sem uniforme e eu me safo da aula por hoje...

A escolha da roupa, no entanto, não foi uma tarefa tão fácil quanto imaginei. Após escolher uma calcinha mais comportada e um sutiã discreto, as outras opções para completar o vestuário não me agradaram por motivos óbvios: bermudas curtíssimas, calças justas demais e, para completar, haviam as finíssimas leggings.

Ou seja, roupas que mostravam demais. Ou me cobririam, mas deixando a sensação de estar sem roupa.

No entanto, acabei encontrando algumas calças de moletom que me agradaram bastante: bem folgadas e me cobririam com segurança, evitando a exposição das curvas desse meu novo corpo. Então, escolhi um moleton preto.

E para a parte de cima, descartei os vários tops que ela tinha em estoque no guarda roupa, sendo um mais decotado e minúsculo que o outro. No fim das contas, optei por uma camiseta azul com estampa de ursinho.

Após montar meu look, conferi o material escolar na mochila. E como parecia tudo em ordem, caminhei até a cozinha, me deparando com toda a família reunida ao redor da mesa: seu Ivo, dona Suzana e o pequeno Thiago.

Ou melhor, meu pai, minha mãe e meu irmãozinho.

E não demorou para que meu vestuário chamasse a atenção de dona Suzana, que me lançou um olhar curioso.

— Moleton, filha?

— É... mãe — respondi, me sentando também.

— E por que você vai de moleton hoje? Aquela sua legging preferida está lavada. Está no seu guarda roupa. Você não achou?

— Achei, sim. Mas eu prefiro ir de moleton hoje.

— O que houve? — continuou perguntando ela, mas agora, num tom mais preocupado.

— Não houve nada. — E sorri durante a afirmação, tentando encerrar aquele assunto. — Está tudo bem.

Mas ela não desistiria assim tão fácil: —Alguém está implicando com você na escola, filha?

Eu quase respondi que não, mas logo me dei conta de que isso não adiantaria. Então, achei melhor mudar de abordagem. — Tem um garoto que fica me... incomodando — inventei. — E ele diz que eu... fico parecendo uma tábua quando uso legging. Aí vou usar essas roupas por uns dias. Mas logo volto a usar as minhas leggings e minhas bermudas de novo.

Consciência ViajanteOnde histórias criam vida. Descubra agora