— Não, Henry! — discordou ela, o tom de voz alto, tentando impor sua autoridade com um olhar firme. — Você não vai!!
— Mas eu quero ir! — retruquei. — E eu estou pronto!
— Você está fora do próximo teste! É arriscado demais!
— Mas acabou de ser feito um teste e deu tudo certo!
— Não interessa! Eu já disse que não!
— Mas eu me preparei para isso! E você prometeu que eu poderia ir!
— Porque você me forçou a isso! Você é impossível, Henry! Insistente demais! — Havia uma prancheta em suas mãos, onde era visível as várias anotações feitas por ela. — Mas estou voltando atrás agora!
— Droga! — Minha indignação apenas aumentava com sua posição firme em me negar aquilo. — Não preciso ser protegido como um bebê! Já tenho dezesseis anos! E sei me cuidar! Sei o que fazer se algo der errado! Mas nada vai dar errado! Nada!
— Não, Henry! Você não vai ser o próximo! Esquece! E essa é minha palavra final! — A caneta foi retirada do bolso e ela fez uma rápida anotação na folha colada à prancheta.
Bufei de irritação e levei as mãos à cabeça, tentando encontrar um meio de dobrá-la. Porque eu não iria desistir daquela oportunidade.
Até que me vi obrigado a jogar sujo.
— Eu serei o próximo! — retruquei, de modo ameaçador, apontando o dedo para ela, e depois, para a porta de saída. —, porque se não me deixar ser o próximo, eu vou sair por aquela porta e você nunca mais vai me ver de novo na sua vida! Eu sumo para sempre! Ninguém nunca mais vai me ver!
Ela me encarou assustada e percebeu que não era uma ameaça vazia. Sabia o quanto eu queria aquilo e o quanto eu era teimoso em minhas convicções.
E o quanto eu gostava de enfrentar autoridades.
Meu olhar se manteve determinado enquanto ela ficava agora em silêncio, ponderando nas consequências de minha ameaça. Seus lábios se contraíram e, após guardar novamente a caneta no bolso, ela ajeitou o jaleco no corpo; um leve cacoete de quando estava nervosa. Ao mesmo tempo, seu olhar fugiu do contato com o meu por alguns segundos.
Percebera que não tinha saída.
Chantagem.
Não era um artifício honroso para se vencer uma discussão, mas ela não tinha me deixado outra alternativa.
— OK, Está bem... — suspirou ela, baixando a cabeça, finalmente vencida.
Enquanto eu sorria satisfeito com o desfecho favorável, fui perdendo o contato com a realidade quando todo o cenário mudou de repente; e ela foi sumindo diante de mim. E o mesmo acontecia com todo o lugar...
Tudo se dissipava, como se minha percepção do mundo se tornasse irreal.
Segundos depois, uma escuridão total me envolveu quando abri os olhos.
E quando me dei conta, estava no quarto, deitado na cama, no escuro.
Foi um... sonho...
Mas não um simples sonho. Foi como uma... lembrança.
Rapidamente, me coloquei sentado sobre a cama e acendi a luz. Em seguida, me levantei quase correndo e busquei minha mochila, abrindo-a, lutando para não esquecer.
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Consciência Viajante
Ficção Adolescente(Classificação +14) Ele despertou na beirada de um prédio, prestes a cair. E após enfrentar momentos de tensão para impedir uma queda fatal, acabou descobrindo que acordar naquela situação aflitiva não era o maior de seus problemas. Logo se deu cont...