Capítulo 48 - Mensagem ( Miguel )

55 9 60
                                    

No outro dia, acordei um pouco melhor. Em parte por causa da sensação de dever cumprido por ter conseguido desmascarar aquele canalha.

Mas parte de mim continuava muito machucada pelas últimas palavras dela, gritadas para mim no caminho para casa:

Não quero mais falar com você nunca mais, Miguel!

Eu sentia muito por tê-la machucado daquele jeito. Mas era a única maneira de livrá-la totalmente de um cretino manipulador com tanta influência em sua vida. Eu precisava destruir aquela imagem idealizada que ela havia formado sobre ele.

E assim foi feito. Portanto, Tai estava segura.

Mesmo assim, eu continuava sentindo um buraco no meu peito. As palavras dela ainda reverberavam na minha mente e eu torcia para que um dia ela me perdoasse.

No entanto, eu teria a ajuda de Vanna nessa luta por uma reconciliação. Nossa amiga pirada certamente ficaria do meu lado e iria convencê-la de que eu fiz a coisa certa. Mesmo assim, eu temia que essa reconciliação demorasse a acontecer.

E até lá, acho que terei que conviver com uma Tai que não será muito tolerante comigo.

Enfim...

Nossa rotina havia começado sem muitas novidades.

Como sempre, eu acordei primeiro e tomei a iniciativa em nos preparar para aula. Vanna chegou pontualmente no seu horário, limpou a mesa devorando tudo durante o café da manhã e seguimos juntos para o colégio, com Thiago andando na nossa frente, lutando contra os monstros da calçada com seu capacete mágico de papel.

As aulas foram chatas e entediantes. E durante o intervalo, não ouvi nenhum comentário sobre o ocorrido ontem à noite.

Ou melhor, ouvi alguns rumores de que William havia se machucado em casa, quebrando o nariz acidentalmente ao bater com a cara na pia do banheiro apôs um escorregão.

Ah, esses pisos lisos são um perigo...

Depois das aulas, tivemos nosso treino, que foi muito bom, com time se tornando melhor a cada dia. Já tínhamos até jogadas ensaiadas e variações táticas no meio da partida.

Após o treino, fomos para o banho no vestiário.

E eu me comportei muito bem, devo acrescentar.

Terminado o banho, nos despedimos do restante do time e fomos embora, com Vanna tagarelando o tempo todo.

Tirando o silêncio da Tai, tudo seguiu normalmente.

Já era tarde da noite e estávamos deitados na cama quando finalmente ouvi Tai dirigir a palavra a mim:

"Miguel?"

'Sim, Tai. Estou aqui.' — respondi, prestativo. — 'Precisa de alguma coisa?'

"Preciso."

'É só pedir' — incentivei, já eufórico por ela voltar a falar comigo.

"Desculpa" — foi o que ela pediu.

Então, foi minha vez de ficar em silêncio por alguns momentos.

'Está me pedindo desculpas?' — perguntei.

"Sim. Me desculpe por ter brigado com você ontem. Você só quis me ajudar.

'Está tudo bem' — respondi, com um sorriso gigante no rosto. — 'Mas não precisa pedir desculpas.'

"Preciso sim." — reforçou ela. — "Meu Deus...! Como eu fui idiota em gostar de um cretino como ele."

'Acontece. A gente não manda no coração.'

Consciência ViajanteOnde histórias criam vida. Descubra agora