Fui recebida por Rose, Luz e Laura no canto da sala, onde se concentravam as novatas da festa. E as três jogadoras do time do colégio me receberam calorosamente, segurando seus copos contendo inofensivas doses de refrigerante. Apesar de estarem morrendo de inveja das amigas que já se embebedavam virando caixas de cerveja no gargalo, elas se mostravam meninas disciplinadas, levando a sério a rotina rígida de atletas, descartando totalmente a ingestão de álcool.
Mas pelo menos não estavam pagando o mico de dançar em cima das mesas só de calcinha e sutiã como uma das mais alegrinhas da festa fazia naquele momento. Entre risadas e gritos de incentivo, ela se divertia naquele strip improvisado, fazendo a alegria dos garotos, que procuravam eternizar o momento com seus smartphones mirados em seu corpo seminu que dançava sensualmente entre os tropeços da embriaguez.
Porém, ela talvez se arrependesse daquilo no dia seguinte quando as gravações começassem a rodar pelas redes sociais.
Ou não. Já não era a primeira vez que ela exagerava na bebida e fazia um show daqueles no meio de uma festa.
Era quase rotina.
Eu mal havia chegado e as meninas já me perguntaram entusiasmadas sobre o interesse inesperado de William em Tai.
Diante do meu silêncio, elas logo tentaram ligar os pontos para tentar explicar o súbito interesse do cobiçado garoto numa menina que não fazia parte da elite escolar.
E chegaram à conclusão de que a inesperada paixão dele fora despertada exatamente pelo talento de Tai no futebol. Algo que, diga-se de passagem, havia impressionado muita gente.
Mas senti nelas uma pontinha de inveja da companheira de time. O que não era novidade, já que dez entre dez garotas do colégio dariam um rim pela oportunidade de saírem com aquele besta. Digo, aquele idiota. Quero dizer, aquele... imbecil.
Mas elas não faziam ideia do quanto aquele encontro estava sendo traumático para minha amiga.
Ou, pelo menos, para metade dela...
Não demorou para que eu percebesse que a coisa lá estava ficando bem séria. E para piorar tudo, o encontro estava se tornando o evento principal da festa, já que praticamente todas as pessoas daquela enorme sala estavam interessadas em acompanhar os amassos do novo casal mais invejado do colégio.
Pela postura contida da Tai, todos achavam que ela estava adorando aquilo, apesar de um pouco envergonhada e insegura com as investidas do canalha, que estava praticamente em cima dela como um vampiro sedento de sangue.
No entanto, a verdade é que ela estava apavorada.
Ou melhor, a metade Miguel estava apavorada.
Mas apenas esta metade, porque lá dentro, minha amiga certamente estava se sentindo no paraíso.
Quanto a mim, o que eu mais queria ver era Miguel dando uma de louca desvairada e metendo um murro bem forte na cara daquele verme.
Até que comecei a notar algo interessante nos trejeitos do corpo da minha amiga. Nas reações dela. Principalmente, em seu rosto.
À princípio, imaginei que Tai tivesse pedido para que Miguel fizesse algumas coisas para ela. Que, por exemplo, ele cedesse inteiramente às investidas do desgraçado, suprimindo a vontade de estrangular o sujeito.
No entanto, logo tive a impressão de que toda aquela vergonha e submissão exibida não era apenas mera atuação dele. Principalmente, aquele sutil fundo de prazer que pairava no semblante dela. Aquilo não era apenas um fingimento que ele se sujeitava a pedido dela.
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Consciência Viajante
Fiksi Remaja(Classificação +14) Ele despertou na beirada de um prédio, prestes a cair. E após enfrentar momentos de tensão para impedir uma queda fatal, acabou descobrindo que acordar naquela situação aflitiva não era o maior de seus problemas. Logo se deu cont...