Capítulo 18 - Nathan ( Miguel )

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— Pois é. Eu te falei — reforçou ela.

— E eu devo me preocupar com isso?

— Não. Mas... — Vanna, então, se debruçou um pouco sobre a mesa e me encarou, um gesto que me fez ter certeza de que viria alguma bomba: — Você acha ele bonito?

— Ah, fala sério... — debochei, balançando a cabeça diante de uma pergunta tão besta. — O cara é mais feio que meu joelho.

— Eu acho que ele é bem gatinho — observou ela, dando um gole no seu suco de caju. — E a Tai também acha ele um gato.

— Bom pra ela.

— Ela bem que podia investir nele.

— Mas isso é com ela, não comigo.

Seguiu-se um momento de silêncio. Mas eu quase podia ouvir as engrenagens barulhando dentro da cabeça da minha nova amiga pirada, com suas ideias insanas sendo formuladas. Definitivamente, ela não estava planejando coisa boa.

Até que, comprovando meus temores:

— Duvido você ir lá falar com ele — disse ela de repente, num desafio.

Dei um sorrisinho de lado antes de responder com outra pergunta. — E o que você ganharia com isso?

— Por que acha que eu ganharia algo com isso? — ela se fez de sonsa.

— Porque eu já te saquei, Vanna. Esse seu olharzinho aí não me engana... Tem alguma coisa sobre esse tal Nathan que você não me contou — concluí. — Vai, desembucha.

Mais um momento de silêncio, até ela ceder e confessar:

— Ok. Eu gosto do irmão dele. E se a Tai ficasse com o Nathan — Um olhar mais lascivo pontuou esse momento da frase —, isso facilitaria o meu acesso àquele pedaço de mau caminho.

— Ah, sua malandrinha... você está querendo é me usar, né? — insinuei.

— Só um pouquinho — admitiu ela, franzindo o nariz por um segundo enquanto sorria de uma maneira bem safada. Em seguida, ainda sorrindo, devorou mais um pedaço do seu cachorro-quente.

— Sinto te decepcionar, mas isso não vai acontecer. Never.

— Que pena... — suspirou ela. — Então vou ter que esperar a Tai voltar.

Comecei a olhar para os lados. — E cadê o seu crush?

— Ele não estuda aqui. Estuda em outro colégio.

— Eles são irmãos e estudam em colégios diferentes?

— O Nathan não se adaptou ao outro colégio. Por isso veio pra cá. Preferiu ficar nesse manicômio aqui do que ir para um colégio particular.

— Então ele é louco.

— Exato. Louco por você — provocou ela. — É por isso que ele não sai daqui por nada.

— Aff...

— Mas é verdade, só aceite.

Não consegui evitar de fazer uma careta. — Mas, só a título de curiosidade, por que ele está assim tão sozinho? É que agora eu lembro de tê-lo visto mais cedo hoje. E ele também estava sozinho.

— Ele está sempre sozinho.

— Mas ele não tem amigos? — questionei. — Ele parece ser um cara bacana. Feio, mas bacana.

Ela revirou os olhos. — Você acha todos os garotos feios.

— Todos, não. Eu sou bonito, embora ainda não me lembre de como era meu rosto. Mas tenho certeza que sou mó gato.

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