Consciência Viajante

Capítulo 46 - Surpresa ( Miguel )

Eu estava caminhando rápido, quase correndo, ansioso por chegar ao meu destino. E eu queria que ela se mantivesse dormindo, porque pretendia acordá-la apenas quando já estivesse lá e fosse dar o golpe final, provando para ela o quanto estava errada em confiar no seu amado William.

No entanto, Tai acabou acordando antes de eu chegar.

"Onde a gente está?" — perguntou assustada, ao perceber que estávamos na rua no meio da noite. E praticamente correndo. — "Para onde está nos levando, Miguell?"

'Para uma surpresa.' — respondi. — 'Pra te mostrar quem é realmente o seu namoradinho.'

"Do que está falando?"

'Tô falando que ele está com outra.'

"O que?!"

'Ele está com outra' — repeti. — 'Com a Pamela. E, sendo mais específico, ele está na cama com ela.'

"Pamela? V-você está doido, Miguel? Ele está sozinho há um mês. Não está namorando ninguém! E está comigo agora!"

'Sinto te despontar, mas ele mentiu.'

"Seu idiota! Eu quero ir embora!"

'Não antes de eu te mostrar os dois.' — discordei. — 'Eu não vou deixar ele te enganar, Tai!'

"Me leva de volta!" — ordenou ela, raivosa. — "Agora!"

'Não.'

"Se não me levar de volta agora, Miguel, eu vou te odiar para sempre!"

'Eu assumo o risco.'

"Você está louco! Se eu aparecer na casa dele assim, ele vai achar que eu não confio nele!"

'Porque você não deve mesmo confiar.'

"O que você pretende fazer com isso, Miguel?"

'Eu colhi algumas informações. No começo, pensei em só te mostrar as trocas de mensagens deles e os áudios das ligações. Mas você poderia não acreditar.

"Espere aí! Você andou invadindo as coisas do William e roubando informações?"

'Você vivia jogando na minha cara que eu roubei o seu corpo e invadi o seu notebook. Pois bem, sou mesmo um ladrão e invasor. Só estou te dando razão.'

Naquele momento, para o desespero de Tai eu acabava de pular o altíssimo muro de dois metros e meio e seguia obstinado pelo gramado, que se estendia em frente à casa do imbecil.

"Você está louco! Você está invadindo a propriedade da família dele!"

'Estou sim.'

"A casa dele tem sistema de vigilância, você sabia? Tem câmeras agora mesmo me gravando! Eu posso ser presa por isso!!"

'Não se preocupe. Nenhuma câmera está funcionando. O sistema de segurança foi hackeado. Ninguém está nos vendo.'

"Como você sabe disso?"

'Porque eu dei um jeito.'

Naquela altura da conversa, eu já alcançava a casa.

E começava a escalar a parede, exatamente do lado onde se localizava o quarto de William.

"Meu Deus! Não acredito que está fazendo isso!! Desce daí! Você está louco!! Eu quero voltar! Eu vou ser presa!!"

As caminhadas e exercícios vieram bem a calhar. Eu tinha agora a mobilidade necessária para realizar a invasão. E, com destreza, encontrei os apoios necessários para as mãos e pés, já previamente visualizados em fotos via satélite com zoom.