Capítulo 16 - Cough Syrup

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(Sei que já passaram 5 dias do Natal, mas eis aqui o presente atrasado, e sendo assim, espero que gostem.
Feliz 2022 💫)

[TW: MENÇÃO A TENTATIVA DE SUICÍDIO.]

POV. ASUKA

Meu corpo está destruído fisicamente e mentalmente, tentando expelir o impossível, eu continuo vomitando apenas a bile. Deito no chão do banheiro em posição fetal, minha crise de choro não cessou e talvez não vá parar tão cedo. Minha mente está sobrecarregada, minha vontade de viver foi arrancada do meu peito igualmente eu fui para fora do armário. E se eu cometer um suicídio?

Não... Eu não posso fazer isso, certo?
Mas qual o sentido de continuar vivendo?

Eu não tenho forças pra me levantar, então continuo deitada no chão frio com o corpo tremendo. Eu não consigo pensar, por um minuto meu olhar foca num ponto específico do banheiro e minha mente se desliga.
É como se eu não estivesse mais no meu corpo, estou sonhando?

Não estou mais no meu banheiro?
Por que tudo perdeu a cor? Eu me droguei?
Meu corpo flutua no meio de uma neblina.
E eu não sinto minhas emoções, meus pensamentos cessaram, é como se eu não estivesse viva. E se eu não estiver mesmo?

Algumas vozes e barulhos começam a me trazer de volta, mas ainda não sei de onde vem.

- Princess!

Aquela voz surge como um estalo na minha mente.
Esses minutos pareceram uma eternidade, quando na verdade passaram-se apenas 30 minutos.
Eu pisco exageradamente e olho em volta, estou de volta ao meu banheiro.

Eu dissociei?

- Me deixa em paz!

As vozes de Hikari e Mari ficam mais altas, mas ignoro seja lá o que estão falando.
Minha mente começa a relembrar o que fez eu chegar até aqui, involuntariamente meu corpo volta a tremer e lágrimas caem.
E o meu coração dói, dói muito.

Meu corpo não sentiu nenhuma dor ou emoção enquanto minha possível dissociação aconteceu.
Eu preciso me sentir assim de novo, eu não quero sentir a dor desses pensamentos.
Eu só quero fazer parar.

Observei a caixa de remédio de minha mãe, com o meu corpo enfraquecido me pus de pé e a peguei.
Desesperadamente eu procurei algum comprimido forte dentro da caixa. Eu sei que minha mãe tomava quando papai nos deixou. Joguei os outros remédios no chão, olhei para o fundo e peguei o primeiro que encontrei.
Coloco 2 comprimidos na boca e bebo água da torneira com mãos.

Guardo a cartela de remédio no meu bolso e caminho quase me arrastando até a sala.
Eu paro de frente a porta e escuto vozes tão queridas pra mim, o desespero bate e eu jogo tudo o que vejo pela frente no chão ignorando qualquer barulho que venha dali.
Alguns vasos de planta quebrados e lençóis jogados depois, encaro meu reflexo na tv desligada.
Eu estou horrível, é perceptível que tem algo quebrado dentro de mim.

Sem pensar duas vezes, eu ligo a tv e vou para o spotify, coloco Stay With Me/Mayonaka no Door no repeat.
Dou um sorriso fraco, é como se eu sentisse Mari comigo.

Dou alguns passos para atrás e me jogo no sofá, meu corpo e meus pensamentos começam a se acalmar.
Eu sinto uma grande sensação de anestesia, não consigo mover meu corpo.
Apenas minha mente funciona devagar vagando em meio a lembranças que ao som da música funcionam como uma canção de ninar.

O que você faria se uma bomba atômica atingisse sua vida?

Nesse mesmo sofá, alguns dias atrás, estávamos Mari e eu jogadas em silêncio, eu por cima dela ouvindo seu coração bater enquanto ela jogava palavras cruzadas feito uma velha em seu celular.

Suki desu, baka || AsuMari ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora