1.1 | Moça cheia de fantasias.

18.7K 960 152
                                    

Melissa Lombardi Moraes

Tô fudida....

Vi várias pessoas sairem correndo para ver se a minha tia estava bem, inclusive a Priscila.

Eu estava parada no palco com os olhos arregalados enquanto encarava minha mãe. Ela me olhava com sangue nos olhos, eu estava totalmente fudida.

Sai do meu transe após o rapaz do beijo me chamar.

— Melissa, está tudo bem? — perguntou.

— Sim. Está tudo ótimo. — menti.

Não está nada ótimo.

Minha morte está confirmada para hoje.

Tchau para todo mundo, saiba que amo todos vocês.

De longe vi a Stella jogar um pouco de água no rosto da minha tia que levantou assustada.

Ela desmaiou mesmo.

Imagina se você a Priscila no meu lugar....

Ela infartava.

Minha mãe rodou os calcanhares e caminhou para fora do teatro, sendo seguida pela minha tia.

O povo encarava as duas confusos, não é todo dia que eles veem uma doida caindo dura no chão desmaiada.

Vi a Priscila corre até o palco e parar na minha frente.

— E agora? Ela viu você beijando o seu aluno, o que acha que ela vai fazer?

— Me matar? — era uma das possibilidades mais prováveis de acontecer.

— Você está muito fudida!

Que prima maravilhosa essa a minha.

— Obrigada por me dizer o óbvio.

— O que foi isso? — perguntou a Stella assim que chegou perto da gente.

— Longa história e não posso contar agora. Olha, eu tenho que ir para casa, tudo bem para você? — perguntei, vendo ela assentir.

— Tudo, pode ir. Eu acabo aqui.

— Muito obrigada! Boa noite gente. — me despedi de todo mundo e corri para o lado de fora junto da Priscila.

Entramos no carro e ela dirigiu de volta para casa.

Estava morrendo de medo do que me esperava em casa. Minha mãe já deve ter contado tudo para o meu pai e não dúvido nada que os dois estejam me esperando com o chinelo na mão.

Minha mãe já não gostava dessa ideia de aula de graça, agora que viu eu beijando um dos meus alunos nunca mais vai deixar eu pisar lá de novo.

Eu sou muito burra. Aquela desculpa que inventamos para a minha tia foi muito ruim, ela não cairia.

Ainda mais depois que a Priscila disse o nome da Esther e da Laura....

Assim que o carro parou, respirei fundo tentando tomar coragem para sair do carro e entrar em casa.

— Se eu morrer, não esqueça de quebrar meu celular e jogar os pedaços no mar, ok? — falei fazendo ela rir.

— Pode deixar. — se aproximou de mim e me abraçou. — Boa sorte!

— Obrigada! Não se esqueça que eu te amo. — sai do carro.

— Também amo você. — falou, em seguida, girou o volante para entrar na garagem.

Me virei para a minha casa e atravessei a rua. Passei pelo portão e caminhei até a porta principal. Abri a mesma lentamente e, assim que abri, não vi ninguém na sala.

Ué? Eles desistiram de me matar?

Acho que minha morte foi cancelada.

Passei pela sala tentando fazer o mínimo barulho possível. Assim que cheguei na escada, subi a mesma e corri para o meu quarto.

Respirei aliviada assim que tranquei a porta.

Me virei para encarar minha cama e vi minha mãe sentada na mesma e o meu pai escostado no batente da porta que dava para a sacada.

Arregalhei os olhos. Acho que comemorei cedo de mais.

— Boa noite meus belos pais, como vocês estão? — coloquei o meu sorriso mais falso no rosto e olhei para eles sínica.

Meu pai olhou para mim e depois olhou para chão, provavelmente não conseguindo me encarar.

Minha mãe se levantou da cama e caminhou em passos lentos até mim.

Antes dela dizer alguma coisa, me pronunciei antes:

— Mãe, só estavamos lendo a peça que estou dando na minha aula de literatura.

— Você acha mesmo que o seu marido vai permitir isso? Permitir uma insanidade dessa? — gritou, me fazendo levar um susto.

— Mãe... — ela me cortou.

— Quando você entrar naquela igreja, eu estarei acompanhando cada passo seu até o altar, não só eu, mas todos aqueles que a amam. Todos estarão lá para apreciar a sua felicidade e escolha certa, e você mesma vai esquecer dessa moça tão cheia de fantasias.

— Não são fantasias. — protestei, gritando também.

— São idiotices, Melissa. Não passam disso. Que brevemente, diante do padre e da benção de Deus, estarão mortas. Você terá que aceitar isso.

— Será que você não percebe que eu não o amo? Que eu não quero casar assim? Que eu quero conseguir um emprego na área que eu gosto, dar as minhas aulas. Fazer o que EU gosto. — dei uma pausa. — Para você nada disso importa, né? Para você e pro papai, dinheiro e mídia sempre foi mais importante do que a minha felicidade e a do meu irmão. Vocês nunca fizeram nada para o nosso bem e sim para o bem de vocês. Só agem por conveniência. O mundo não gira em torno do seu umbigo mãe. Dinheiro não é tudo. Dinheiro não trás felicidade alguma.

— Primeiramente, abaixe o tom de voz mocinha, não tem o direito de gritar comigo.

— E você não tem o direito de escolher com quem irei me casar.

— Tenho. E é melhor se acostumar com essa ideia.

— Eu tenho nojo de você.

Rapidamente, senti o meu rosto ficar quente.

Ela me bateu?

Levei minha mão até minha bochecha, no local que ela havia me dado o tapa.

— Nunca mais repita isso! — me encarou com ódio.

— Não falei nenhuma mentira.

— Você está parecendo uma criança mimada Melissa, pare com essa frescura.

— Frescura? Você chama isso de frescura?

— Sim. Frescura, é só um casamento. — olhei para ela em choque, sem acreditar que ela levava fé naquilo que falava.

Como que pode alguém ser assim tão sem coração?

— Angela, deixa eu ficar sozinho com a minha filha, por favor. — pediu o meu pai.

— Tudo bem. — disse e assim, saiu do meu quarto.

— Pai, como você concorda com tudo isso? Você gosta de me ver triste? — perguntei, olhando para o mesmo que caminhou até mim lentamente.

— Não, claro que não. Mas você quer ver sua mãe triste?

____________________

não me matem por essa fala, sei que os dois são dois hipócritas, mas é a vida....

e podem xingar bastante eles, mas guardem um pouco desse xingamento para o próximo capítulo também.

Até o próximo capítulo ♡

Casamento Arranjado | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora