4.5 | Carta

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Melissa Lombardi Moraes

A aula acabou não faz nem dez minutos, agora estou indo para a casa com a Priscila - chamei ela para dar um passadinha lá antes dela ir para casa.

A aula foi tranquila e hoje não tive que beijar ninguém, só fingir que estava descobrindo uma traição e chorar de tristeza.

Os alunos riram tanto de mim que nem sei como conseguir continuar com a atuação, mas eu não julgo eles, ver uma professora gritar com a parede e dá tapas no ar deve ser bem engraçado mesmo.

Assim que a Priscila estacionou, desci do carro e fui até a porta principal. O carro do Matheus não estava estacionado na garagem, o que indica que ele não está em casa.

Abri a porta e entrei, junto com a minha prima. Sua expressão mudou assim que observou os quatro cantos da casa.

- Que mansão! - exclamou com a boca entreaberta. - MEU DEUS. - gritou e correu até a área de lazer. - Melissa do céu, esse é o meu lugar preferido da sua casa.

- Mas você nem viu o resto da cada ainda. - lembrei.

- Mas mesmo assim, eu amei esse cantinho aqui. Vou aparecer na sua casa todo os dias que o sol sair. - alertou, no começo até pensei que era brincadeira, mas quando vi que ela não riu, percebi que ela estava falando sério.

- Muito conveniente falar uma coisa dessas para quem mora no nordeste. Na sua casa tem piscina.

- Está querendo dizer que não sou bem-vinda aqui? - perguntou, se virando para mim com os braços cruzados, a cabeça meio tombada para o lado e as sobrancelhas erguidas.

- Sim. - brinquei, recebendo uma tapa no braço. - Ai.

- Idiota. - revirou os olhos.

- Licença, Dona Melissa, posso falar com a senhora? - pediu a Rebeca quando chegou perto da gente.

- Claro, mas retira esse senhora e dona por favor. - ela riu timidamente e ajeitou a toca que escondia seu cabelo.

- Desculpa, é o costume. Mas será que a senho.... Melissa, poderia me ajudar? Eu estava arrumando o quarto do Matheus e caiu uma sacola cheia de coisas dentro, não sei de devo mexer sem a permissão dele. Poderia vir comigo?

Desviei o olhar para a Priscila e depois para a Rebeca, ela acha que eu posso mexer nas coisas dele só porque somos casados, mas isso não é certo. Ela pensa que ele só quarda as coisas naquele quarto e que dorme comigo no meu, não sabe nem da metade.

Acho melhor esperar ele chegar ou mandar uma mensagem, não posso sair mexendo nas coisas pessoais dele.

- Acho melhor.....

- Claro, ela vai lá com você. - disse a Priscila, me interrompendo. Olhei desorientada para ela que só fez um gesto com a cabeça, me incentivando a seguir em frente.

Por que o Matheus não está em casa? Seria mais fácil de ele estivesse aqui e fosse lá ver para eu não precisar mexer nas coisas dele.

Eu sou curiosa, quero muito saber o que é, afinal, deve ser alguma coisa pessoal pois se fosse só objetos sem valor a Rebeca não teria me chamado.

Mas mesmo assim não é certo, eu não quero que ele me chame de enxerida ou fuxiqueira.

Ao entrar no quarto dele, logo de cara eu já vi tudo caído pelo chão. O quarto dele é grande, mas não igual o meu. Não é espaçoso igual a suíte mas eu acho que ele não liga para isso, se ligasse iria brigar comigo pela suíte master.

- Eu não poderia mexer nas coisas dele sem permissão, parece pessoal demais. - disse a Rebeca, explicando-se.

- O que fez você pensar que a Melissa poderia mexer nas coisas dele? - perguntou a Priscila para ela. Uma pergunta bem ridícula para falar a verdade.

- Eles são casados. - respondeu a Rebeca.

- É, faz sentido. - concordou pensativa, dando de ombros.

Revirei os olhos e me abaixei para pegar o que tinha caído da sacola. Até o momento, eu não bisbilhotei nada, mesmo minha curiosidade gritando para eu olhar, eu ignorei e coloquei dentro da sacola novamente.

Porém, tinha que ter alguma coisa para chamar mais a minha atenção e me deixar intrigada. Eu não consegui me controlar, peguei um pedaço de papel que estava marcando a página de um livro e comecei a ler.

"Eu nem sei como começar essa carta. Não sei que palavras usar para demonstrar o meu amor e a minha dor por ter que ir embora, só de pensar em ficar longe de você meu peito já dói, mas eu preciso ir. Preciso voltar para o meu país, não posso me esconder do mundo e dos meus pais para sempre, preciso enfrentá-los cara a cara, sem medo do que vai acontecer.
Mas eu prometo voltar. Voltar para os seus braços e retomar o que começamos, sem faíscas do passado ou medo do que posso acontecer no futuro. Eu te amo demais e nunca esquecerei de ti. Espero que não esqueça de mim também pois em breve estaremos juntos novamente."

Matheus.

Senti meus olhos encherem d'água e uma dor invadir meu peito. Ele tem alguém no México?

Não era para eu ficar assim, querer chorar por ler uma carta que me leva a crer que o Matheus tem um amor verdadeiro no México. A gente não se ama, foi um casamento arranjado então não tem sentido essa reação.

Era para eu está feliz, pensar que a qualquer momento esse casamento poderá acabar e eu estarei livre.

"É isso mesmo que você quer?" Meu subconsciente questiona, me deixando ainda mais confusa.

Será que eu quero mesmo que esse casamento acabe? Será que a Priscila tem razão e eu estou começando a criar sentimentos pelo Matheus?

Não. Não pode ser. É impossível!

- O que é isso? - a Priscila pergunta, me despertando desses pensamentos sem fundamento.

- Aaah, uma carta. - limpei as lágrimas que escorreram e me levantei, depois de guardar a carta na sacola e colocar em cima da cama.

- E o que diz nela? - fez outra pergunta. Respirei fundo, tentando me acalmar para não mandar ela parar de ser intrometida e me deixar em paz.

Nunca pensei que iria pensar em alguma coisa dessas a respeito dela, mas depois dessa situação toda, não estou me reconhecendo.

- Nada de interessante. - me virei e caminhei até as duas mulheres que estavam paradas uma do lado da outra. - Pode continuar arrumando o quarto. - disse para a Rebeca e segui até o meu quarto, sem querer ouvir outra pergunta.

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O Matheus é apaixonado por uma mexicana? Será que ele ainda ama ela?

Até o próximo capítulo ♡

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