2.6 | Eu vou morrer.

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Melissa Lombardi Moraes

Não. Nenhum carro me atropelou antes de entrar no carro dele.

Eu estou viva.

E agora sentada no balco de carona do carro do Matheus.

Por que eu resolvi sair de casa hoje?

Fechei os olhos, respirando fundo e me ajeitando no banco, estava me sentindo totalmente desconfortável.

Mas é de se esperar, como que eu ficaria confortável perto dele?

— Tem formiga no banco? — perguntou, me olhando divertido.

Ele já tinha ligado o carro, então mantinha o pé na embreagem para o carro não morrer.

Fiz cara de bunda para ele e voltei a olhar para o estacionamento. Ele deu uma última gargalhada e dirigiu para fora da área do shopping.

Ficamos em silêncio por um belo tempo, faltava pouco para chegarmos no condomínio, mas alguma coisa tinha que acontecer para atrasar a nossa chegada.

Um gol redondo escuro passou pela gente igual um foguete, eu pensei que era só mais um doido querendo se aparecer e causar um acidente, mas não. Era algum a mais.

Um frio percorreu o meu corpo quando eu vi o carro dando um cavalinho de pau e voltando a nossa direção, na contramão e em alta velocidade.

Olhei para o Matheus desesperada, ele mantinha um olhar confuso e nervoso, ao mesmo tempo.

Eu observava o carro se aproximar da gente e já estava vendo ele bater contra o capô e o farol, causando um acidente.

O Matheus parou o carro bruscamente, mas antes de pisar no freio, ele colocou a mão contra o meu corpo, me impedindo de bater contra o vidro.

Sorri para ele agradecida que me olhou com um sorriso sem graça.

Ele fica fofo com vergonha!

Anula.

Eu não quis dizer isso.

Ai que ódio! Eu até esqueci que estou preste a morrer.

Com a queimada de pneu que o motorista do carro deu, despertei dos meus pensamentos e encarei a estrada.

O carro dele parou por centímetros de distância da Chevrolet Tracker do Matheus, por pouco ele não tinha batido na gente.

Pela velocidade que ele estava e pela freiada brusca, não sei como o carro não rodou.

Suspirei aliviada ao perceber que estava viva.

O Matheus se recostou no banco do carro,  também suspirando aliviado.

O motorista do gol saiu do veículo sendo acompanhado por outro homem que estava no carona.

Irresponsáveis, eu podia ter morrido.

Estava preste a sair do carro parar ir tirar satisfações com eles, mas o Matheus segurou o meu braço, me impedindo de sair.

— Que foi? Destranca o carro, por favor, eu quero falar com eles. — pedi, olhando para o mesmo que olhava para os dois caras.

— Acho melhor não. — disse.

— Por que não? Eles quase mataram a gente.

O Matheus continuava olhando para os dois irresponsáveis, ele parecia nervoso.

Estranhei, então, olhei para ver o que deixava ele nervoso.

Arregalhei os olhos assim que percebi o que eles seguravam.

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