4.4 | Você está apaixonada?

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Melissa Lombardi Moraes

• Dia seguinte, quarta-feira.

— Mãe, eu vou sair agora. — avisei, tirando a ideia de me levar para o salão da cabeça dela.

Ela tinha acabado de chegar alegando que meu cabelo estava ridículo e eu precisava ir urgentemente ao cabeleireiro. Mas não vou.

O Matheus me fez um surpresa ontem, me devolveu uma coisa que eu sentia muita falta e eu não posso agradecer ele faltando no primeiro dia após todo o bololo.

Tenho que ir e não vai ser um cabelo desarrumado que vai me impedir.

— Para onde? — pergunta ela, com curiosidade.

A minha vontade é esfregar na cara dela que o Matheus não é o cara que ela achava que era e ele deixou — não que ele tenha que permitir que eu faça alguma coisa — eu voltar a dar minhas aulas, ele não se importa, diferente dela.

Mas não fiz isso. Eu não quero outra briga com minha mãe, só quero paz e tranquilidade. Não quero ela discutindo comigo e nem com ele. E também não dúvido nada que ela fale que eu que forcei a ele a deixar, do jeito que ela é.....

— Fazer uma coisa mais interessante e importante do que ficar sentada num salão se emperiquitando.

— Garota, não testa a minha paciência! — gritou, apontando o dedo no meu rosto. — Livros.... você não vai para a....

— Sim, eu vou. Algum problema? — cruzei os braços, encarando a figurando na minha frente com a postura reta.

— Claro que sim. Milhões de problemas. Você ainda não entendeu que seu marido não vai permitir você beijando outros caras? Melissa, isso é traição. Você não vai voltar para aquele teatro. Nunca. — gritou, e tenho certeza que a vizinhança toda escutou.

— Mas por quê não? Eu acho incrível o papel que ela faz lá, ajudar aquelas crianças de graça é uma atitude muito nobre. E é só teatro dona Angela, eu não me importo dela beijar outros alunos, é só beijo técnico. — o Matheus me defendeu enquanto caminhava até nós. — E a gente precisa ir logo, seus alunos devem está esperando.

Eu vi o semblante da minha mãe mudar a cada palavra que o Matheus dizia, acho que ela não esperava essa atitude dele.

— Então vamos, a minha conversa com a minha mãe já terminou. — disse e ajeitei meus livros na minha mão.

O olhar de ódio em seus olhos voltou, parece que a qualquer momento vai explodir e a vítima fatal sou eu.

Mas só lhe lancei um sorriso amarelo e me despedi, dando meio volta e saindo de casa. Ao lado do Matheus.

— Obrigada por me defender. — agradeci a ele assim que entrei no carro e coloquei o cinto.

— Não foi nada. Eu não podia ficar ouvindo ela falar aquelas coisas para você e ainda usar a desculpa que eu não permitiria, o que não é verdade. Você é livre para fazer o que quiser, eu não vou proibir você de nada, afinal, esse casamento é só fingimento.

— Claro, obrigada mais uma vez. — estava meia desconfortável, nunca esperei ele falar que o casamento era só fingimento, ainda não me acostumei com a realidade dele não me amar, passei as últimas semanas todas acreditando nisso.

O caminho até o teatro foi silencioso, a única coisa que eu ouvia era a música baixa que saia do rádio e o barulho dos carros que passavam do nosso lado.

Ao chegar no teatro, ele me deixou na porta e logo foi embora. Entrei no lugar com as minhas mãos suando frio, parecia até a primeira fez.

Mas podemos dizer que é a primeira vez depois que minha mãe me proibiu de vir aqui.

Combinei com a Priscila de nos encontrar lá dentro e, provavelmente, ela já deve ter chegado pois vi seu carro estacionado no lado de fora.

Faz alguns dias que eu não vejo ela, agora que não moramos mais uma de frente para a outra, não posso ir perturbar ela e nem ela a mim. Mas sinto saudades de passar a tarde toda com ela fofocando sobre o pessoal do condomínio.

Encontrei ela sentada em umas das primeiras fileiras do teatro, estava concentrada no palco. Uma outra turma, alunos mais jovens — crianças —, estavam lá em cima junta com a outra professora.

— Oi. — cumprimentei minha prima com uma abraço apertado e me sentei do seu lado.

— Estava com saudades de você, depois que casou esqueceu que tem prima? — brincou ela, rindo logo em seguida.

— Não, é impossível esquecer que você existe. Você me enviou umas trezentas mensagens, não tinha como.

— Você não me respondia, ué — disse colocando a mão no peito para dar aquele efeito dramático. — Me ignorou completamente. — fingiu secar um lágrima e lhe dei um tapa no ombro.

— Boba. Você está exagerando! A gente se viu ontem na escola. — relembrei. Ela bufou e revirou os olhos, me olhando.

— Mas você não me respondeu ontem a tarde. Eu mandei muitas mensagens.

— Eu vi e só não respondi pois o Matheus me chamou para um passeio, nem peguei o celul....

— É o que? — gritou, interrompendo a minha fala e também interrompendo os alunos que estavam no palco. — Desculpa. — pediu assim que viu que todos que estavam no palco a encarava.

Não consegui segurar e ri da situação e da cara dela. Ela esticou o braço e me deu um tapa no ombro.

— Para de rir de mim. — exigiu e eu cai na gargalhada. — Para.

— Ta bom, parei. — me recompus, ajeitando a postura e me segurando para não rir.

Isso não tinha muito graça, mas meu humor é quebrado. O que eu posso fazer?

— Agora me conta, você saiu para um passeio com o Matheus? E por que está aqui? Pensei que sua mãe não gostava.... você gosta de brincar com o perigo....

— Minha querida, eu rio na cara do perigo... — brinquei, usando a referência do rei leão.

— Tá bom, chega. — diz ela. — Agora para de enrolar e me conta.

— Assim, ontem quando eu cheguei da faculdade, a sala de estar estava repleta de caixas e eu, como uma pessoa curiosa que sou, corri para ver o que tinha nela. E adivinha só o que enchia aquelas caixas..... — fiz um suspense, balançando as mãos para irritar ela.

— Fala logo caralho. — Para ela xingar assim, tem que está muito ansiosa ou brava.

— Livros. — contei, super animada.

— Ele sabe como agradar você.

— Sim, exatamente. Ele até falou para montarmos uma biblioteca em uns dos quartos de hóspedes.

— Quero um Matheus para mim. — resmungou com um bico e um olhar triste.

— Ele é totalmente diferente do que eu pensava, me convidou para um passeio logo em seguida e me trouxe até aqui, falando que era para mim voltar a dar minha aulas. Acredita? — eu falei isso com tanta naturalidade, só lembrando do tanto que ele me fez feliz com simples gestos. Olhei para a Priscila que me encarava com um sorriso no rosto. — Que foi?

— Você está apaixonada? — perguntou, e minha vontade era de rir da sua pergunta ridícula.

— Não, claro que não. Ele só é gentil. — expliquei, tentando convencer a mim mesma. Eu não estou apaixonada por ele, só fiquei surpresa por ter conhecido o verdadeiro Matheus, imaginava ele totalmente diferente. Cheguei a falar que ele era esnobe mas ele está longe de ser isso.

— Sei. — provocou e eu revirei os olhos.

— Larga de ser chata, só estou falando como ele é legal e não é igual os pais. Ele é diferente do que eu pensei que era.

— Ok, já entendi, senhora Lombardi Ferraz. — dei língua para ela e me levantei, indo ajeitar as coisas para a minha aula.

Até o próximo capítulo ♡

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