Melissa Lombardi Moraes
— ...Por que não me beijou?
Eu me dei um tapa na cara mentalmente assim que vi a cara dele de surpreso e, levemente envergonhado.
O que se passa na minha cabeça?
Por que diabos eu perguntei isso?
Soltei uma risadinha fraca e sorri para ele sem mostrar os dentes. Tentei fazer parecer que eu só estava brincando, mas acho que não funcionou.
— Você queria que eu te beijasse? — perguntou confuso, mas ao mesmo tempo ele parecia provocativo.
Esse menino é muito difícil de descrever, misericórdia.
— N-não. — gaguejei.
Ele riu, jogando a perna em cima do assento.
Dali em diante foi um silêncio altamente constrangedor. Quando chegamos na festa, eu agradeci, pois não aguentava mais aquilo.
Eu não fiquei nem meia hora com ele dentro do carro e já queria me matar, imagina ter que conviver na mesma casa por semanas.....
Eu não vou aguentar isso não.
Ao sair do carro, ele ficou meio indeciso se me dava a mão para sair ou não. Mas no final, estendeu a mão para mim e saímos juntos.
O povo que estava na igreja já estava tudo ali — tinha umas pessoas que eu não tinha visto na igreja também, mas eu não julgo, muitas vezes eu não fui na cerimônia mas fui na festa —, como eles chegaram primeiro que a gente se saímos primeiro?
Essa pergunta ficou rodeando pela minha cabeça, mas no fim, me esqueci dela quando os convidados começaram a jogar mais arroz.
De onde eles tiraram tanto arroz?
Um arroz voou no meu olho, e nisso, murmurei um "caralho" baixinho. Tive que parar de andar e tentei tirar o grão de lá. Meu olho encheu d'água, aquilo estava me incomodando.
Ao perceber que eu tinha parado, o Matheus também parou e me perguntou:
— O que houve?
— Voou um arroz no meu olho. — disse.
Ele se aproximou de mim e assoprou, me ajudando.
Sorri agradecida quando senti que já tinha saído. Voltamos a caminhar em direção a nossos pais que se encontravam sentados em uma mesa.
Eu não vou negar, a decoração dessa festa está incrível. Cada detalhe me deixou encantada, essa festa é um sonho de qualquer noiva.
Mas não o meu. Eu não liguava para nada disso, tudo parecia muito sem graça para mim.
[...]
Eu quero ir embora.
Sério, eu não aguento mais agradecer as pessoas pela presença e fingir ter gostado dela ali, sendo que a maioria eu nem conhecia.
Eu já tinha forçado tantos sorrisos que minha bochecha doía. Essa noite eu me senti uma atriz da globo por tantas cenas falsas que eu protagonizei.
Até dançar uma valsa estúpida com o Matheus eu tive que dançar.
Depois todos se juntaram a nós e do nada, no meio da pista tinha vários casais felizes dançando e se beijando. Eu estava com tédio daquilo tudo.
A Priscila me abandonou e ficou a maior parte do tempo conversando com a Eduarda, eu estou achando mesmo que perdi minha amiga para minha cunhada.
Agora eu estava sentada de frente para a pista vendo pessoas dançarem enquanto meu salto estava jogado no chão e eu comia alguns salgadinhos com refri.
Uns salgadinhos estranhos, típico de povo fresco que não come as porcarias que eu gosto.
— Negócio estranho. — fiz careta de nojo, colocando o bicho em cima da mesa.
— Isso é horrível! — exclamou uma voz atrás de mim. Virei me para ver quem era e dei de cara com meu mais novo marido. — Oi.
— Oi. — virei-me novamente, encarando a pista de dança.
— Sua mãe pediu para chamá-la para fazer um discurso, ela quer que nós dois trocamos declarações. — passou o recado, dando a volta por mim e sentando numa cadeira vazia.
Encarei ele com os olhos arregalados e morrendo de medo de ter mesmo que fazer isso.
Trocar declarações?
E eu vou falar o que?
Que não gosto dele e não queria casar?
É a única coisa que eu tenho para dizer.
— É sério? — perguntei, torcendo para ser uma brincadeira.
— Bom, se você não quiser eu posso inventar uma desculpa. Eu não gosto muito de fazer declarações mesmo. — respirei aliviada e concordei.
— Ótimo. Eu também não. — rimos.
Por um momento, eu me senti bem conversando com ele. Por um momento eu esqueci que tínhamos casado e aproveitei aquele momento de paz e tranquilidade na minha mente.
O Matheus não era ruim, eu já tinha admitido isso. Ele era simpático, vergonhoso, charmoso, mas de vez em quando provocativo e bem bipolar. Mudava da água para o vinho. Ele podia está com vergonha mas minutos depois ele estava fazendo gracinhas e provocações. Eu não entendia isso muito bem.
Em outro momento, eu me peguei pensando naquele sonho e minha calcinha já molhou só de lembrar.
Fechei os olhos com força e balancei a cabeça, mandando aqueles pensamentos para longe.
Vi ele me olhar confuso, mas não disse nada. O silêncio parava no ar, eu me sentia bem desconfortável com isso.
Mas tudo mudou quando minha mãe chegou perto da gente e nos perguntou do discurso:
— Vocês vão fazer? — perguntou. — Posso reunir os convidados para ouvirem? — neguei.
— Mãe, ninguém aqui quer fazer discurso. — digo. — Isso deveria ser feito na igreja, o que adianta fazer aqui?
— Por que não fez na igreja então? — revirei os olhos.
— Dona Angela, a senhora me desculpe, mas não estamos com cabeça para isso. Foi um dia cheio e a única coisa que queremos é uma cama. — tentou ser simpático, mesmo isso parecendo ser difícil quando a pessoa está argumentando com a minha mãe.
E eu queria uma cama, mas não a mesma que a dele. Eu não quero noite de núpcias, isso seria castigo demais.
— Tudo bem. — ela concordou. Por que ela escuta ele e não eu? — Vocês podem ir para cada se quiserem. Aproveitar a noite....
Não, obrigada. Não quero aproveitar noite nenhuma.
— É isso que iremos fazer. — disse o Matheus para ela, que em seguida saiu com um sorriso largo no rosto, toda convencida.
"É isso que iremos fazer." Sério? Ele realmente quer isso?
Alguém me mata logo?
— Vamos? — perguntou, se levantando e estendendo a mão para mim.
No momento pensei em negar, mas uma hora ou outra eu teria que ir. Não adianta negar.
Segurei sua mão e saímos dali.
Até o próximo capítulo ♡
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Casamento Arranjado | ✓
Fanfiction❥ Sipnose ↳ Melissa Lombardi Moraes, uma mulher com um padrão de vida alto, mas que não quer viver as custas dos pais para sempre. Ela só quer se formar e construir seu futuro sozinha, subindo cada degrau por mérito próprio. Mas parece que nada...