0.4 | Eu caso.

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Melissa Lombardi Moraes

— ...Resumindo, a casa que acontecerá a festa do seu casamento....

Ri de desespero.

É isso mesmo que eu entendi? Elas compraram uma casa somente para fazer a festa do casamento que nem vai acontecer ou eu estou ouvindo coisas?

— Você comprou uma casa só para isso? — assentiu. — Gastou dinheiro a toa, já disse que não vou casar. — ela arregalou os olhos, me repreendendo só pelo olhar por ter falado isso.

Talvez pensava que não seria capaz de falar isso na frente da Cecília, mas ela estava enganada. Não tenho medo.

— A gente já conversou sobre isso e, como eu já disse, isso não está em discussão, Melissa. — diz, tentando manter a calma e a disciplina convicta.

A Cecília soltou uma risada baixa e levantou do sofá, ajoelhando aos meus pés e segurando em minhas mãos. Por fim, me encarou no fundo dos meus olhos com um olhar simpático.

O que será que ela vai fazer? Sei lá, eu não quero brigar com a minha possível futura sogra — que se depender de mim minha sogra ela não vai ser, nem que eu tenha que subornar o padre.

— Olha minha querida, sei que pode parecer algo chato ter que casar com alguém que a gente não goste... — começou, mantendo o contato visual comigo.

Chato?

Ela chama isso de chato?

Ah, pelo amor de Deus! Isso no mínimo é abominável!

Um castigo do capeta.

— Mas pense pelo lado bom, você vai construir sua família, ter uma vida estabilizada, não precisará trabalhar... — continuou, tentando me convencer que casar com seu filho era uma boa escolha.

— Esse é o lado bom? Misericórdia, não quero nem conhecer o lado ruim. — balancei a cabeça em negação.

Eu estava vendo a hora que minha mãe iria pular na minha garganta e me matar sufocada.

— Melissa. — me repreendeu. — Isso é jeito de falar?

Bufei, revirando os olhos. Dona Angela soltou um risadinha e se desculpou com a Cecília, que disse que estava tudo bem e voltou a falar comigo:

— Eu não sou uma pessoa má. Só estou fazendo tudo isso pois meu filho gosta de você. Na verdade, sempre gostou. Eu queria ver ele com a pessoa que ele gosta. — contou, me pegando totalmente de surpresa.

Travei.

Estou no chão.

O Matheus gosta de mim?

Que capítulo eu pulei?

Em que momento da minha vida eu iria imaginar isso? Aquele garoto me odiava.

— Sei que vocês não tinham uma relação muito boa na escola, e era exatamente por isso que ele tratava você daquele jeito, já que ele sabia que você não o amava, odiá-lo já era alguma coisa.

Em que planeta ele vive? Querer que a menina que ele gostava odiasse ele? Mas é louco mesmo.

Essa família toda é louca.

Inclusive a minha.

— Então ele conseguiu o que queria, meu ódio. Uma coisa irreversível que não irá mudar. — sorri debochada e tirei minha mão de baixo da dela.  — Nunca.

— Que horror minha filha! Despedaçar o coração de uma pessoa dessa maneira é pecado. — dramaticou minha mãe.

— Pecado é casar sem amor. — devolvi.

Faltava pouco para ela explodir de raiva e me atacar. Coisa que eu queria. Vai que assim a Cecília percebe que minha família é louca e desista da ideia de fazer parte dela.

Oxi...

Eu não sei o que aconteceu, mas a Cecília começou a chorar do nada. O que deu nela gente?

— Que foi? Se emocionou com as minhas palavras? — perguntei, sarcástica.

— Melissa, calada! — outra vez, minha mãe me repreendeu. — O que houve? — perguntou para a chorona.

Mulher maluca!

— Desculpa! — pediu, enxugando as lágrimas e se sentando no sofá novamente. — Mas é que eu não estou pronta para ver meu filho sofrer.

Encarei aquilo com uma careta feia, vendo a mulher passar aquela vergonha.

— Relaxa, ele supera. — minha mãe me encarou com os olhos em sangue me mandando calar a boca, revirei os olhos e me recostei no sofá.

A Cecília fungava e suas lágrimas estavam evidentes, não paravam de cair. Minha mãe estava tentando consolá-la, e para isso, ela ficou me atacando.

Eu não sei se aquilo tudo era real ou só um teatrinho para me atingir, pois se for isso, elas já podem ir para globo pois estão conseguindo.

Que cacete! Estou me sentindo culpada.

— Não fica assim, a Melissa não pensa nos sentimentos das pessoas, destrata todos. — abri a boca chocada com a fala da minha mãe.

— Eu? — gargalhei. — Quem está querendo que eu me case a força são vocês. — cruzei os braços.

Bando de hipócritas.

— Desculpe, eu sou apenas uma mãe querendo ver a felicidade do filho. — se lamentou, fungando.

"Será que você pode parar de chorar? Já deu! Não quero ter meu orgulho ferido" era o que eu queria dizer para ela.

Eu tenho quarenta defeitos e, um deles, é ter um coração bom. Eu odeio ver ou fazer mal para as pessoas, saber que elas podem estar triste ou magoadas por minha causa, me destrói.

Ou ouvir alguém falando mal de mim, eu me deixo atingir pelas palavras das pessoas.

Eu não acredito que vou fazer isso.

Puta que pariu! Alguém entra aqui e faz essa mulher parar de chorar antes que eu cometa a maior burrada da minha vida?

"Não fere seu orgulho dessa forma, Melissa. Ignora essas duas e fingi que não está nem para elas. A não ser que você queria casar com o Matheus e isso seja uma desculpa..." Meu subconsciente provocou, me fazendo parar para pensar no que eu iria fazer.

Porra, o que eu irei fazer agora? Eu não quero casar com o Matheus. Não quero mesmo. Então eu vou seguir a primeira opção, ignorar as duas e fingir que não está acontecendo nada.

— Ok. Eu caso. — soltei, ignorando o que tinha acabado de planejar e falando o contrário do que concordei em fazer. Mas já me arrependi amargamente por ter dito isso.

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Esse final me resumiu, odeio saber que alguém está triste por minha causa. Me dói tanto.

Alguém com coração mole aí? (sou só quando quero também)

Até o próximo capítulo ♡

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