4.8 | Sou suficiente para você?

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— Eu venho da parte do Matheus. — e foi aí que eu parei de respirar. Meu corpo travou e provavelmente fiquei pálida pois a Rebeca perguntou se eu estava bem.

Não podia ser que eu estava pensando? Podia?

— Melissa, você está bem? — a Rebeca voltou a perguntar, demonstrando preocupação na voz. — Você está pálida!

— Eu estou bem. — respondi. — Estou ótima! O que você quer comigo em? Jogar na minha cara o que você e o Matheus tiveram? — esbravejei tudo antes mesmo dela falar o que queria, não iria deixar essa mulherzinha me rebaixar.

— Perai, do que está falando? — perguntou, se fazendo de sonsa.

— Não adianta se fazer de sonsa, eu sei o que aconteceu entre vocês. Você é uma.... — ela me interrompeu.

— Eu não sei do que você está falando, sinceramente. O Matheus falou que você estava brava com ele e parece que está descontando essa raiva em todo mundo. Eu sou a secretária do Matheus e nunca tive nada com ele, então pode ficar tranquila.

Arregalhei os olhos assim que ouvi a palavra "secretária". Como assim secretária? Não era a mulher da carta que estava no telefone?

Minhas bochechas queimarem de vergonha, queria correr e me esconder, nunca poderei sonhar em pisar no trabalho do Matheus depois disso.

Me apressei em pedir desculpas e tentar explicar o motivo do meu "surto" desnecessário.

— Eu sinto muito, pensei que era outra pessoa e deixei a raiva me levar. Me desculpe mesmo, não queria ter tratado você assim. — disse, rezando para a moça não achar que eu era uma doida de pedra e dizer para o Matheus que eu tinha tido um surto de ciúmes.

— Tudo bem, eu entendo. — respondeu com tanta calma e paz na voz que eu tive vontade de ir lá e abraçar ela. — É algum amor antigo do senhor Matheus, né? Eu super entendo, a gente fica com um pé atrás mesmo. Isso se chama insegurança, mas você pode ficar tranquila pois o Matheus ama você. Pode ter certeza disso. Você tinha que ver o jeito que ele fala de você, os olhos dele brilha e um sorriso aparece no rosto. Ele a ama.

Eu não esperava ouvir isso. Meus olhos marejaram e confesso que fiquei emocionada, queria muito que isso fosse verdade.

Não sei se foi burrice minha me apaixonar por ele, mas não consegui evitar. Ele é incrível, muito diferente do que eu pensava ou me lembrava. O jeito que ele me trata, o carinho e o respeito que ele tem comigo, tudo isso acumulou e cresceu dentro de mim. A coisa que eu menos pensava que iria acontecer, aconteceu. Eu me apaixonei.

Mas isso não é recíproco. E todas as chances que eu poderia ter, acabou a partir do momento que li aquele carta. Além de trazer os sentimentos dele de volta, fiz ele duvidar de mim e perder a confiança que tinha. Eu acabei de terminar uma coisa que nunca nem aconteceu.

Ontem eu tive um surto totalmente desnecessário, parecia uma criancinha mimada, deveria ter agido com mais leveza, perguntar sobre a carta com calma e não sair apontado dedo e levantar suspeitas.

Eu fui burra, o ciúmes tomou conta de mim e na hora pensei que estava fazendo a coisa certa. Mas não estava. Eu estou morrendo de ódio de mim mesma e, depois disso que a secretária do Matheus me disse, estou com mais raiva ainda.

Talvez a esperança tivesse crescido um pouco dentro de mim, mas não acho que é verdade. Não pode ser. Se eu acreditar nisso, estarei me Iludindo e criando expectativas não verídicas. É melhor continuar achando que não é recíproco, não quero me machucar ainda mais.

— Dona Melissa? A senhora está aí? — ouvi a voz da secretária soar do outro lado do telefone, me despertando da minha conversa mental.

— Ah, sim. Estou sim. — respondi, me concentrando nela de novo. — Olha, me desculpa por esse surto de ciúmes, eu não sou sempre assim. E obrigada por me alertar sobre... o Matheus.

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