1.2 | Isso não irá acontecer outras vezes.

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Melissa Lombardi Moraes

.... — Mas você quer ver sua mãe triste?

Nossa!

Ela não pode ficar triste, mas eu posso...

— Que lindo! Eu posso e ela não? — questionei revoltada, estava me decepcionando cada vez mais com a minha família.

— Não é isso. Você é forte, sua mãe não. Se ela não conseguir levar esse casamento até o fim, ela passa mal. Ela não sabe lidar com a derrota, não sabe a hora de parar. Eu tenho medo do que ela possa vir a fazer.

— Então vamos internar ela, não preciso casar.

— Você conseguiria dormir sabendo que ela está internada? Sem saber como ela está sendo tratada?

— Onde você quer chegar com isso tudo? Me convencer que esse casamento é o melhor para todo mundo?

— Exatamente! É a nossa melhor escolha, Melissa, no começo pode ser difícil, mas eu tenho certeza que você vai se acostumar com essa ideia.

— Eu nunca vou me acostumar com essa ideia, pai. Casar com uma pessoa que eu mal conheço é castigo demais.

— Depois que você tiver seu emprego e seu próprio dinheiro, você pede o divórcio. — disse por fim. Se levantando e saindo do meu quarto.

Eu mereço tudo isso?

O que eu fiz de errado?

Meus próprios pais querem o meu mal, imagina o que o resto do mundo não quer de mim....

Ajoelhei na altura da cama e me permiti chorar, estava tentando segurar o choro desde da conversa com minha mãe, não queria chorar na frente deles.

Eu só queria alguém para me abraçar.... acho que um ato de carinho era tudo que eu precisava. Saber que alguém se importa comigo....

Estava me sentindo tão sozinha e pensando no tanto que minha vida é ruim.

Imagina como vai ser depois dessa merda de casamento... Vou viver em serviço do marido? Eu não imaginei isso para mim não.

Ouvir a porta do meu quarto abrir e fechar seguidamente. Aguém entrou.

O que será que meus pais querem agora?

Me virei para ver quem era e me surpreendi quando não vi nenhum dos dois.

Era meu irmão.

O que ele quer aqui?

— Oi. — falou baixinho. Ele está diferente, parece que cresceu.... Está com uma voz mais grossa também.

Acho que eu fiquei muito tempo sem ver ele, estou até estranhando.

Também, ele só fica no quarto jogando. Antissocial do cacete!

— O que você quer? — perguntei com as sobrancelhas franzidas, ele nunca vinha no meu quarto.

Coisa boa não vinha....

— Eu ouvi a discussão. — safado, ficou ouvindo atrás da porta.

— Veio zombar de mim? — me levantei do chão e sentei na minha cama, enxugando as lágrimas.

— Não, eu vim ver se você estava bem. — encarei ele confusa.

O que eu acabei de ouvir?

— Quem é você e o que fez com o meu irmão? — perguntei com medo.

— Larga de ser idiota Melissa. — se aproximou de mim. — Não posso querer cuidar da minha irmã?

Tô ficando com medo real.

Será que ele está drogado?

— Você a de concordar que isso não é uma atitude normal, não é? A gente vive como chão e gato, como que você quer que eu reagia?

Ele sentou do meu lado da cama e ficou ali parado olhando para o nada.

Acho que ele não sabia o que fazer, afinal, não costuma ser um ato frequente a gente demonstrar carinho.

Eu amo ele, mas ele me irrita demais. A gente vive brigando e trocando farpas.

— Eu não quero casar. Não com alguém que eu não amo. — falei, tentando quebrar o silêncio. — Por que é tão difícil eles entenderem isso?

Nesse momento as lágrimas que tinham sumido, voltaram, escorrendo sobre minhas bochechas.

— Vem cá. — se aproximou de mim e me abraçou. — Eu sinto muito, se eu pudesse fazer alguma coisa.....

— Que tal casar no meu lugar? — sugeri.

Ele soltou uma gargalhada alta.

— A gente dá a mão e a pessoa já quer o braço inteiro. — disse em tão de negação.

— Foi só uma ideia.

— Uma péssima ideia! — exclamou.

Silêncio.

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

— Quer ver um filme? — perguntou, olhando para mim.

— Pode ser. — sai de seus braços e deitei na cama, sendo seguida por ele. — O que você quer ver?

— Pode escolher. — encarei o meu irmão surpresa.

— Gente, o que colocaram na sua comida? Esse Felipe aqui não é o meu irmão não.

— Para de reclamar, daqui a pouco eu deixo você aqui sozinha chorando. — se ajeitou na cama e se tapou.

Deitei no seu peito e assim que coloquei o filme, ele disse:

— Não se acostume, isso não vai acontecer outras vezes. — soltei uma risada nasal e comecei a prestar atenção no filme.

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momento fofo!

Até o próximo capítulo ♡

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