4.3 | Não preciso ser bancada por você.

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Melissa Lombardi Moraes

-... Preciso que feche os olhos.

Devo confiar nele?

- Confia em mim, por favor. - pediu.

Revirei os olhos e fechei os olhos, me sentindo uma boba por ter concordado com isso.

Ele segurou na minha mão e me seguiu até uma escada. Eu morrendo de medo de cair, subi degrau por degrau igual uma tartaruga.

Foram alguns minutos andando e quase caindo, porém, no final tudo deu certo. Ele parou de me guiar e falou:

- Pode abrir.

Meio receosa mas muito curiosa, abri os olhos. Dei um passo para trás assim que vi onde eu estava.

Aplausos ecoaram por todo o teatro e eu encarei o Matheus confusa.

Por que ele me trouxe aqui?

- Seus alunos estão esperando pela professora. - disse, sorrindo e me fazendo sorrir também.

Eu não acredito que ele fez isso. Ele é maravilhoso!

- Eu... eu... meu Deus. - gaguejei, colocando a mão na boca e me segurando para não chorar. - Matheus, muito obrigada! - pulei em seus braços, o abraçando.

Ele foi pego de surpresa e deu um passo para trás, mas assim que se equilibrou, devolveu o abraço.

- Não precisa agradecer, só estou devolvendo o que o casamento tirou de você. - disse todo tímido e com as bochechas vermelhas.

Achava confuso o fato dele ser tímido e ao mesmo tempo, despojado e brincalhão.

- Você tem um ótimo marido, Melissa! - exclamou a Stella, que estava parada na minha frente.

- Então, você vai voltar a dar aulas para a gente Melissa? - perguntou um dos alunos, vulgo aquele que eu beijei e minha mãe viu.

- Mas é claro. Com muita alegria, a resposta não poderia ser outra. - disse e abri um sorriso de orelha e orelha, não conseguindo encontrar minha alegria.

Não apenas pelo fato de voltar a dar aula, mas também por saber que o Matheus não é quem eu achava que era. Ele é incrível! E com certeza me fez muito feliz hoje.

Espero que nossa relação não mude.

[...]

- O que vamos fazer agora? - perguntei, assim que saímos do teatro.

- Bom, eu já tive muitas ideias hoje, agora é sua vez. - ele diz, pulando os últimos dois degraus.

- Ok, muito bem. - olhei em volta. Estávamos na praça e aqui tem vários bares e restaurantes, pequenos locais agradáveis que podemos parar para comer alguma coisa. - Que tal uma churrascaria?

- Ótima ideia. - disse, respirando aliviado.

- O que foi? - perguntei com curiosidade.

- Não, é que pensei que você iria escolher um desses restaurantes caros que um prato custa o olho da cara e ainda vem com um pingo de comida. - ri da cara que ele fez falando aquilo e dei um tapa de leve no seu braço.

- Acho que era mais fácil eu chamar você para ir num bar tomar uma pinga. - disse brincando.

- Eu não iria recusar. - admitiu e caímos na gargalhada, no meio da rua.

Em menos de seis minutos, já estávamos sentados na churrascaria comendo e bebendo.

- Eu estava beijando o meu aluno e quando vi minha mãe estava em pé do lado da minha tia que estava desmaiada no chão. - contei para ele e risadas altas ecoaram pela local.

Senti olhares sobre a nossa mesa e rapidamente, senti minhas bochechas ficarem vermelha e a vontade de rir aumenta ainda mais.

- Sua mãe deve ter surtado com você. - disse, bebendo a cerveja que tínhamos pedido.

- Bom, eu recebi um tapa na cara. - dei de ombros, dando um gole bem grande na minha cerveja.

- Ela bateu em você? Não acredito. Que baixa! - exclamou, parecendo está bem revoltado.

- Essa é minha mãe. - Aquele assunto estava me deixando desconfortável, eu não quero ficar falando da minha mãe. - Mas me conta como que é lá no méxico, você já morou lá, deve ser incrível.

- Muito incrível, é um país maravilhoso. Cheio de atrativos e lugares esplêndidos. Foi uma experiência incrível, eu queria poder ter ficado mais, deixei muitas coisas para trás. - contou o Matheus, com uma expressão meio de tristeza e de... saudade?

- Tipo o que? - eu poderia está sendo um pouco intrometida, mas eu fiquei curiosa para saber o que ele deixou para trás.

- Ah, nada de mais. - murmurei um "a" abafado ao ouvir isso, acho que ele não quer me contar.

Me recostei na cadeira e bebi o restinho da minha cerveja, tentando ignorar o fato dele não querer contar para mim o que deixou para trás.

"O que será que é? Por que não pode me contar?" Minha curiosidade não vai me deixar em paz.

- Podemos ir? Estou bem cansado. - perguntou ele, já pedindo a conta para o garçom.

Não diz e nem disse nada, só entreguei a ele uma nota de cinquenta e me retirei do local - sei lá se a conta tinha dado mais.

Sai do estabelecimento e fiquei esperando o Matheus do lado da moto dele. Eu não sei o que deu em mim, não sei porque sai do restaurante daquele jeito, mas eu fiquei um pouco irritada por ele não querer me contar e ter pedido para ir embora tão de repente, parece que está escondido alguma coisa.

Não que eu me importe, mas pensei que estávamos tentando nos dar bem; virar amigos.

Vi ele se aproximar da moto e dei de costas para ele, olhando para a estrada.

- Aqui. - ele esticou o braço me entregando a nota de cinquenta reais.

- Era para pagar a conta com essa nota. - respondi, evitando contato visual.

- Eu paguei, pega seu dinheiro. - ele diz num tom tão firme, me fazendo revirar os olhos e pegar o dinheiro.

- Eu não preciso ser bancada por você. - fui clara, guardando o dinheiro e subindo na garupa da moto.

- Você não está sendo bancada por mim, só estou sendo cavalheiro. Eu não me importo de pagar a conta, e eu fui um pouco grosso, queria me desculpar.

Não disse nada em relação a isso, só o ignorei e ele pilotou de volta para casa.

Até o próximo capítulo ♡

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