2.8 | Despedida de solteira

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Melissa Lombardi Moraes

— Chegamos! — avisou assim que parou em frente a minha casa.

Eu estava grudada nele, apertei ele dando que acho que ele deve ter ficado até sem ar. O medo de cair da moto foi maior do que a raiva de saber que ele é meu noivo.

Desci da moto e quase dei com a cara no chão.

Minhas pernas falharam e se não fosse pelo fato do Matheus ser primo do flash, eu teria quebrado um dente.

— Valeu. — agradeci. — Você é parente do flash? Yo-Yo? — perguntei. Ele me lançou um olhar confuso de início, mas depois riu.

— Talvez um parentesco longe. — disse, me fazendo soltar um risada fraca.

— Então tchau, obrigada pela carona. — me despedi.

— Não foi nada. Até mais. — virei os calcanhares e abri o portão de casa.

Olhei para trás e vi ele subir na moto e dar partida, indo embora. Voltei a minha atenção para o portão e fechei o mesmo, andando até a porta principal.

Assim que entrei em casa, vi minha mãe sentada em um sofá mexendo no celular e meu pai em outro sofá lendo um livro.

— O que estavam fazendo juntos? — perguntou minha mãe, fazendo eu paralisar.

A Cecília já foi fofocar com ela?

— Do que está falando? — dei uma de sonsa.

— Ah Melissa, a Cecília já me contou. — bufei inacreditada.

— Essa mulher não tem nada de bom para fazer não? Ela só fica fofocando sobre a vida dos outros com você?

— Não é vida dos outros. É a vida da minha filha.

— A tal filha que você está obrigando a casar com um desconhecido? — entrei no jogo dela, cruzando os braços. Tombei um pouco minha cabeça e ergui as sobrancelhas, a espera de uma resposta.

— Se ele fosse um desconhecido, você não aceitaria andar na garupa dele de moto. — descruzei os braços e mative minha postura ereta. — Não iria ao cinema com ele e não ficaria horas fora de casa com ele.

— Primeiro que eu não fui no cinema com ele. Cheguei lá com a Priscila e encontrei ele, as irmãs e o cunhado, por pura coincidência. Segundo que, a gente só demorou para chegar pois fomos assaltados. Quase morremos. Está bom para você?

Para quem pensou que ela iria vir me abraçar e perguntar se estava tudo bem, vocês erraram feio. Ela não está nem aí para mim. 

— Você voltou com o Matheus? Viu, se ele fosse um desconhecido você não entraria no carro dele. E já viveram até uma aventura juntos. — meu semblante mudou completamente, eu estava pasma com a sua cara de pau.

Era sério? Por que eu ainda fico chocada com isso? Eu já devia ter me acostumado.

Eu queria chorar. Já estava sentindo meus olhos se encherem de água e uma dor insuportável no peito. Eu não podia demonstrar fraqueza na frente dela.

Quando a primeira lágrima escorreu, a seguei rapidamente, na expectativa dela não ver.

— Você vai chorar, Melissa? Faça-me o favor. — disse, voltando a prestar atenção no celular.

— Vocês não vão começar, né? Por favor, deixem eu ler meu livro em paz. — resmungou meu pai pela primeira vez desde o minuto que passei por aquela porta.

Eu não consegui dizer nada, um nó se formou na minha garganta e nada saia. As lágrimas agora já estavam caindo instantaneamente, eu não conseguia controlá-las.

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