4.1 | Livros.

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Melissa Lombardi Moraes

• Dia seguinte, terça-feira

Esses últimos dias eu não estava indo na faculdade, participei das aulas em casa, mas agora eu preciso voltar a rotina.

Não que eu queria ter que ir para lá e ficar vendo aquele povo todo, a última coisa que eu quero é ter que atura-los. Mas pelo menos lá eu poderei me distrair e vê a Priscila todos os dias, afinal, agora que eu mudei de casa não poderei atravessar a rua para ir na casa dela todo santo dia.

Continuo no mesmo condomínio, só que a casa nova é mais afastada da casa da minha mãe. Na verdade, é mais perto da casa da Cecília do que da minha, e eu me pergunto o porque da minha mãe não ter comprado uma casa perto da dela, do jeito que ela gosta de controlar a minha vida....

Como sempre, o sol nasceu com raiva e quem paga o pato somos nós. Calor da porra!

Obtei por um short jeans e um blusão azul com uma imagem qualquer, coloquei meu tênis e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Peguei minha mochila e desci até o andar de baixo.

Deixei minha mochila em cima do sofá e fui até a mesa que se encontrava o Matheus. Não vi nem a Rebeca e nem a Raquel.

— Bom dia. — cumprimentei ele, me sentando na cadeira.

— Bom dia. — devolvei o cumprimento, sorrindo. — Vai para a faculdade? — assenti. — Se quiser uma carona.... eu posso de deixar lá.

— Seria ótimo! Eu não tenho carro e adoraria uma carona.

— Ótimo. — levou a xícara de café até a boca.

O resto do café da manhã foi silencioso. Não um silêncio constrangedor, só um silêncio normal, acho que nós dois só estávamos concentrados na comida.

Assim que acabei, corri para escovar o dente. Quando sai de casa, ele já me esperava com o carro ligado. Dei a volta no veículo e abri a porta do carona, entrando no mesmo. Em seguida, ele arrancou com o carro dali e fomos em direção a saída.

Passando pela rodovia principal, eu me lembrei do dia que fomos assaltados e tivemos que ir a pé para casa.

Eu não comentei, mas o Matheus conseguiu recuperar o carro, os bandidos deixaram ele perto de uma estrada abandonada e fugiram. Não sei do paradeiro deles, e nem a do meu celular porque isso não consegui recuperar.

Talvez só sejam policiais disfarçados. — disse relembrando aquele dia. O Matheus, por um breve segundo, me olhou confuso, mas logo voltou a prestar atenção na estrada.

— O que? — perguntou.

— Foi o que você me disse quando perguntei se iriamos morrer. — respondi.

— Continuo sem entender.

Ele tem alzheimer?

— No dia que fomos assaltados, você não lembra? Eu perguntei se iriamos morrer e você disse, esperançoso: Não sei. Talvez seja só policiais disfarçados.

Ah tá. Lembro sim. — disse, rindo logo em seguida. — Falei isso logo depois que você mudou de ideia a respeito de descer do carro e brigar com os bandidos. Estava querendo morrer aquele dia?

— Não, só não passou pela minha cabeça que seriam bandidos armados. — expliquei, dando de ombros. — Foi burrice.

— É, mas pelo menos estamos bem. — concordei.

— Tivemos tantas oportunidades e nunca paramos para conversar sobre tudo isso. As coisas poderiam ter sido diferentes. — comentei, sentindo ele respirar fundo.

— É, talvez. — foi a única coisa que disse.

Não devia ter tocado nesse assunto, o clima depois disso ficou pesado e não falamos mais nada até ele parar em frente a faculdade.

— Obrigada pela carona! — agradeci e sai do carro.

— De nada. — arrancou com o carro dali e foi embora. Virei os calcanhares e caminhei para dentro da faculdade.

[...]

Abri a porta da casa e deu de cara com a sala cheia de caixas.

Oxi....

O que aconteceu aqui?

Olhei em volta procurando por alguém mas não vi ninguém. Deitei a mochila em cima do sofá e fui até as caixas.

Abri uma e deu de cara com livros. Muitos livros.

Peguei um exemplar e li o nome: Dom Casmuro.

Sorri e abri o livro, lendo as primeiras páginas.

— Gostou? — dei um pulo para trás e pus a mão no coração. — Desculpa, não queria assustar você.

Virei-me e vi o Matheus parado me olhando com um sorriso no rosto.

— Esses livros são seus? — pergunto, deixando o que estava na minha mão em cima da mesa.

— Na verdade, são seus. — disse, e encarei ele com a sobrancelha franzida.

— Meus? — balançou a cabeça, afirmando.
— Como assim?

— São os livros que sua mãe doou para a biblioteca. — explicou e eu abri um sorriso de orelha a orelha.

— Você comprou para mim? — perguntei, não conseguindo esconder minha felicidade.

— Sim, não achei justo você ficar com um marido e sem os livros. — soltei uma risada baixinha e corri para abraçá-lo e depositei um beijo na sua bochecha.

— Muito obrigada! — ele ficou meio sem graça e um pouquinho vermelho, mas assentiu sorrindo.

— De nada. E olha, eu estava pensando em uma coisa que você talvez goste....

Fiquei esperando ele contar, bem curiosa.

— Essa casa é bem grande e tem muitos quartos desocupados, o que acha de montarmos uma pequena biblioteca em um deles? — sugeriu, se aproximando das caixas de livros. — Podemos comprar mais depois.

— Eu amei essa ideia, adoraria ter um pequena biblioteca em casa. — ele sorriu simpático e também aliviado. — Se minha mãe descobre isso, ela vai achar que estou te obrigando a fazer tudo isso.

— Mas ela não precisa saber, podemos fazer tudo no maior sigilo e quando ela vier aqui, já vai está tudo pronto.

— Uma boa, assim ela não pertuba ninguém.

— Fico feliz em saber que gostou, ter uma biblioteca particular vai ser magnífico.

— Sempre foi meu sonho.

— O nosso então.

Até o próximo capítulo ♡

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Só quero informar novamente que, alguns acontecimentos da história foi baseado na história de Laura e Edgar, da novela lado a lado.

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