2.5 | Eu levo você

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Melissa Lombardi Moraes

O filme começou a alguns minutos e eu não consigo prestar atenção nele.

Não quando meu noivo que foi arrajando pela minha mãe está sentando do seu lado.

Isso é estranho demais!

Meus olhos — involundarimente — desceram até a mão dele que estava apoiada no acento. Ele tinha anéis do dedo e pulseiras no pulso.

Isso é jogo baixo! Como que eu consigo manter respiração controlada assim?

Imagens nada prudentes passavam na minha cabeça e eu me amaldiçoava mentalmente por isso. Por que esse garoto tem que ser tão bonito e mexer tanto comigo?

Caralho, eu não posso sentir essas coisas.

Balancei a cabeça negativamente tentando afastar aqueles pensamentos nada bem vindos da mente.

— Você está bem? — ele perguntou baixinho, olhando para mim.

A única coisa que eu consegui fazer foi balançar a cabeça, afirmando.

O que será que o Felipe colocou no meu café?

Ele se virou para continuar assistindo o filme, não parecia nem um pouco incomodado com a minha presença.

Ou ele só escondia isso muito bem.

Lembrei dos presentes que ele tinha me mandado e instantaneamente, agradeci:

— Obrigada! — sorri, me virando para olhá-lo.

Eu podia não querer casar, mas eu não sou mal educada. Ainda mais com as pessoas que me presenteiam com livros.

— Pelo o que exatamente? — perguntou confuso.

— Pelos presentes ué. — ele me encarou mais confuso ainda.

— Não estou entendendo. Que presentes Melissa?

Oxi, esse garoto tem amnésia?

— Você não precisa fingir que não sabe, eu gostei. — afirmei, falando baixinho para não atrapalhar o povo que queria assistir o filme. — Eu amei o livro. — admiti, meia envergonhada.

Não é fácil conversar com uma pessoa que você sabe que é seu noivo, mas você não ama e não quer que ela preencha esse papel.

— Definitivamente, eu não sei do que você está falando. Mas de nada! — riu. — Na verdade, eu que tinha que agradecer você.

— Pelo o que? — agora quem encarou ele confusa foi eu.

— Pelo poema e pelo livro. — sorriu tímido, coçando a cabeça. — Aquele livro é o original, eu nem sei como agradecer.

Esse garoto não bate muito bem da cabeça não, do que ele está falando?

— Agora quem não faz ideia do que você está falando sou eu. — admiti, totalmente confusa.

— Não precisa ter vergonha, eu amei de verdade.

Arregalhei os olhos rindo de desespero.

Ele fumou uma, né?

— Esse papo está muito confuso, acho que meu irmão exagerou na dose....— me virei, olhando para frente e bebendo meu refri. —....seja lá o que ele tenha colocado no meu café.

[...]

O filme tinha acabado e agora estávamos todos caminhando até a praça de alimentação.

Acreditam que a Eduarda e a Priscila inventaram de ir comer?

Será que elas duas não entendem que eu não quero ficar perto do Matheus por muito mais tempo?

E ainda por cima a Priscila me abandonou e só fica com a Eduarda. Elas estão grudadas desde do cinema, andando juntas e rindo.

Estou me sentido traída.

A Mariana e o Caio andavam abraçados, e de fez enquanto, o Caio passava a mão na barriga da mulher. Eu odiava ter que ver casal feliz.

A Eduarda e a Priscila conversando e rindo uma do lado da outra pareciam um casal e, estou começando a achar que minha prima joga nos dois lados.

Será que quando a Priscila disse que queria ficar com alguém da roda do verdade ou consequência ela não estava se referindo ao Pedro?

Suspeito....

Eu e o Matheus estamos segurando vela, nem parece que quem vai casar é a gente.

As meninas ficaram meia hora decidindo o que iam comer enquanto eu e os rapazes esperávamos na mesa. Eu não queria comer, e parece que eles também não.

Então só fiquei ali com eles esperando elas chegarem com a comida e, quando ela chegaram, roubei umas batatas da bandeja da Priscila.

[...]

— Você vai para onde? — perguntei para a Priscila, em um tom não tão baixo. — Você vai me deixar a pé?

— Me desculpe Melissa, mas é que a Eduarda me chamou para ir com ela até a cidade histórica, parece que vai ter alguma festival lá. Eu aceitei o convite.

Eu estava pronta para arrastar ela pelos cabelos e fazer ela me levar até em casa, mas o pessoal se aproximou da gente me proibindo de fazer isso.

— Vamos? — perguntou a Eduarda para minha prima.

Essa garota está roubando a Priscilla de mim. E ainda fez ela me deixar a pé.

— Sim. — concordou a Priscila com um sorriso animado.

— Você vai me deixar mesmo a pé? — perguntei indignada. — Bela prima.... — cruzei os braços, empurrada.

— Você pode pedir um uber. — sugeriu.

— Não é necessário, ela pode ir com a gente. — disse o Caio — A gente vai para o mesmo condomínio.

— Ela vai com o Matheus. Lembra que combinados de ver o berço? — lembrou a Mariana, recebendo um olhar desnorteado.

— Não. — ela deu um tapa no braço dele de leve, fazendo o mesmo soltar "ai" baixinho. — Ah, claro que lembro. O berço.

Eu já havia percebido, ela estava querendo deixar eu sozinha com o Matheus, mas isso não vai acontecer.

— Não tem necessidade, eu peço um uber. Sem problemas. — digo, pegando meu celular que estava no bolso.

— O Matheus vai levá-la e ponto final. Ele não vai fazer nada de interessante mesmo. — disse a Mariana recebendo um olhar bravo do irmão. — Que foi?

Ele só revirou os olhos e pegou a chave no bolso da calça.

— Eu levo você. — disse, já caminhando para fora do shopping.

Antes de conseguir protestar, a Priscila me empurrou na direção do Matheus, fazendo eu lançar um olhar mortal na sua direção.

Ela só riu de mim e se virou para sair do local com a nova melhor amiga.

Algum carro passa por cima de mim antes deu entrar no carro do Matheus?

Pelo amor, isso é castigo demais.

Até o próximo capítulo ♡

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