As Cartas de Ninguém

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Há cinco pessoas que é necessário se falar agora. Por ordem cronológica, Vernon Dursley era um homem baixo e com a cintura com o diâmetro de um pinel, tinha três queixos quando olhava para frente e seis quando baixava a cabeça, uma cabeleira negra sempre partida ao meio e endurecida de gel, e um bigode igualmente escuro e lustroso.

Sua esposa, Petunia Dursley, era irmã da mãe de Harry e Sophie. Era uma mulher bem alta, tão magra que parecia um esqueleto, com um pescoço longo geralmente enfeitado por um lenço colorido ou um conjunto de pérolas brancas lustrosas. Ela tinha olhos azuis escuros e estreitos, geralmente rigorosos com os três integrantes mais novos da família, e cabelos loiros escuros sempre armados e curtinhos. Perfeitamente alinhada, sempre.

Seu primeiro filho era Dudley Dursley, mais ou menos um mês mais velho que Harry, e uns cem quilos mais gordo. Ele tinha os mesmos olhos de botão negros e redondos do pai, a mesma cabeleira loira que a mãe, e uma mistura difusa de seus traços pelo rosto muito preenchido de gordura nada saudável ou infantil.

Então, vinha Harry Potter, o intruso. Harry era um garoto baixo, magro, de óculos redondos que ampliaram seus olhos duas vezes o tamanho, cabelos negros raramente arrumados e roupas sempre muito largas. Ele tinha olhos verdes estreitos nas extremidades e uma cicatriz na testa que sempre tinha que cobrir para não receber comentários bastante maldosos dos tios e primo. Mas ele já foi bastante mencionado.

O quarto membro da família era uma garota, Daisy Dursley. Ela era pouco mais de um ano mais nova que Harry, três vezes mais animada e com os dentes duas vezes mais salientes. Daisy era uma garota de ombros grossos e rosto largo, olhos estreitos e perfeitamente azuis, de cabelos negros como piche, geralmente presos em tranças ou afastados do rosto de alguma forma. Daisy não era metade da garotinha que Petunia esperava que fosse.

Por último, Daphny Dursley. Daphny era apenas dez meses mais nova que a irmã, sendo Daisy de setembro e ela de junho. Então, desde sempre, agiam como gêmeas, pois assim sua mãe as ensinara a agir. Vestiam-se igualmente, andavam juntas, dividiam o quarto, a turma, as roupas. As duas vestiam o mesmo número e, mesmo sendo mais baixas que Harry, gostavam dele.

Por isso, talvez mais do que qualquer outra coisa, Vernon e Petunia não dessem mais tanta atenção às meninas. Eram as únicas pessoas naquela casa que pareciam gostar de Harry.

Sentadas uma de cada lado de Harry, geralmente elas o defendiam de Dudley e do pai delas, alegando que apenas as duas tinham o direito de irritá-lo. Harry gostava disso, principalmente porque a ideia de irritá-lo era cutucá-lo até que aceitasse preparar alguma coisa doce para que os três comessem.

Certo dia de julho, tia Petunia levou Dudley a Londres para comprar o uniforme da Smeltings e deixou Harry e as meninas com a Sra. Figg. A Sra. Figg não estava tão ruim quanto de costume. Afinal, fraturara a perna porque tropeçara em um dos gatos e não parecia gostar tanto deles quanto antes. Deixou Harry assistir à televisão e lhe deu um pedaço de bolo de chocolate que pelo gosto parecia ter muitos anos.

Pela primeira vez em anos, tia Petunia não reclamou quando Godric, seu velho gato gordo, ruivo e malhado, acompanhou-o de volta para casa, como sempre fazia, na esperança de poder dormir novamente com o dono. Harry o contrabandeou para dentro de casa e sentou com o bichano em seu colo no tapete da sala e lhe fez carinho boa parte da noite.

As meninas tinham bichinhos de estimação, como Harry. Godric, o velho gato gordo que adotara o garoto desde o primeiro segundo que o vira, não se importava muito quando as duas colocavam seus ratinhos sobre seu dorso. Menos ainda quando as patinhas deles brincavam com seus pelos longos. Na verdade, eram porquinhos da índia, que elas conseguiram após gritar no ouvido do pai por quase três dias seguidos.

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora