Durante as semanas seguintes, Sophie manteve visitas à Hagrid todas as sextas feiras. Tentava manter conversas simples, porém, falavam da escola, das matérias, dos dias de Hagrid e, por duas vezes, o gigante foi chamado a um trabalho e Sophie ficou sozinha na cabana, encubindo-se de fazer alguma lição.
Hagrid agora tinha um filhotinho de cão de quem cuidava, o Canino, que era agitado e extremamente desastrado, bem como o dono. Sophie uma vez perguntou ao Guarda Caça como ele pretendia treinar o cachorrinho, e desde então era o principal tópico de suas conversas. Que era um assunto muito melhor do que o conteúdo do caderno vermelho.
Sophie até chegou a ler as páginas antigas. Naquela primeira noite, sob a luz do feitiço Lumus – que eles ainda não tinham estudado em sala, mas vira no livro e resolvera que era um feitiço bastante útil –, ela tinha aberto o caderno e folheado. Era, de fato, um livro de receitas, poções que Sophie nunca ouvira falar, mas que pareciam funcionar muito bem.
Algumas delas, Sophie facilmente encontrou em livros da biblioteca, poções para curar resfriado, amenizar dor muscular e coisas do gênero. Em sua maioria, as poções limitavam-se a tratamentos de doenças e remédios diversos, o que fazia a bruxa se perguntar se sua mãe sonhava em ser curandeira, já que Remus uma vez lhe disse que ela não trabalhava.
Havia, como era de se esperar, uma folha que marcava o fim das anotações em letras arredondadas e pequenas. Era uma receita incompleta, de uma poção que ela nunca ouvira falar, intitulada Mata-Lobo. Depois que Sophie chegou ali, duas folhas de pergaminho escorregaram para o colchão e a bruxa os iluminou como pôde.
Uma estava apenas dobrada, outra havia sido enrolada e prensada no caderno. O pergaminho dobrado parecia se abrir infinitamente, uma folha colada ao lado da outra, mas sem uma palavra escrita, nenhuma única mancha de tinta, apesar de parecer bastante velho. Enquanto o outro se desdobrou facilmente, revelando ser uma carta, a letra um tanto maior e bem mais torta do que o resto do caderno. Se as anotações eram de Lilian, aquela carta seria de James.
Sophie ficou bons minutos apenas encarando a tinta sem ler nada, tentando definir o que sentia. Talvez a carta não fosse para ela, ou Harry, talvez fosse apenas uma carta aleatória de James. Talvez não fosse nem dele, apenas de outra pessoa, e eles resolveram guardar ali. Novamente, sua mente estava vazia e seu estômago se revirou.
A bruxa sentou-se de pernas cruzadas e encaixou a varinha na orelha, de forma que a cama desarrumada ficou bem iluminada. O caderno se encaixou em seu colo e Sophie voltou a colocar o pergaminho em branco nele, prometendo a si mesma que pensaria naquilo depois. Ela pegou a carta, por um momento, decidida a ler.
Queridos Sophie e Harry,
Se essa carta chegou até vocês, é porque não pude queimá-la depois que a guerra acabou, nem escondê-la quando foram à Hogwarts.
Sua leitura acabou ali. Era uma carta de seu pai, uma carta para ela e Harry. Sophie tentou respirar fundo, tentou puxar o ar para não começar a tremer, mas não conseguiu, seus olhos se embaçaram e um soluço lhe escapou os lábios.
Desde então, o caderno, o pergaminho em branco e a carta estavam escondidos debaixo de seu travesseiro, intocados. Aquilo fazia quase um mês e meio, e os pensamentos de Sophie voltavam às palavras não lidas de seu pai com cada vez mais frequência, principalmente naquele dia.
– Srta. Lupin? – Chamou uma voz entediada e debochada atrás dela.
– Sim, Prof. Snape? – Sophie arrumou a postura.
O Prof. Snape dava medo em todos os alunos, e tinha uma implicância ainda sem precedentes com todos de Gryffindor, principalmente centrada em Sophie. Logo na primeira aula, ela descobrira duas coisas sobre ele, como a Prof. McGonagall, ele tinha uma facilidade incomum de manter a turma em perfeito silêncio, e que ela conseguiria conquistá-lo até o fim de seus dias em Hogwarts.
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Irmãos Potter _ A História de Harry e Sophie
FantastikSophie Potter é uma bruxa talentosa, mas solitária. Oito anos após a morte de seus pais, ela se encontra sob a tutela de seu amado, mas recluso, padrinho Remus Lupin. Em seus primeiros anos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, prova-se talento...