O Beco Diagonal

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Harry nunca estivera em Londres antes. Hagrid, embora parecesse saber aonde ia, obviamente não estava acostumado a chegar lá pelos meios comuns. Ficou entalado na roleta do metrô e queixou-se em voz alta que os assentos eram demasiado pequenos e os trens demasiado lentos.

– Não sei como os trouxas conseguem se arranjar sem mágica – Disse, quando subiam uma escada rolante gasta que levava a uma rua movimentada com lojas dos dois lados.

Hagrid era tão grande que abria caminho pela multidão sem esforço, os outros só precisavam segui-lo de perto. Guiados por Remus, que parecia um londrino nativo, passaram por livrarias e lojas de música, lanchonetes e cinemas, mas nenhuma loja parecia vender varinhas mágicas.

Aquela era apenas uma rua comum cheia de gente comum. Seria realmente possível que houvesse montes de ouro dos bruxos enterrados quilômetros abaixo dali? Haveria realmente lojas que vendessem livros de feitiços e vassouras? Não seria talvez uma grande peça que os Dursley tinham pregado?

Se Harry não soubesse que os Dursley não tinham senso de humor, poderia ter tirado uma dessas conclusões; mas, por alguma razão, embora tudo que Sophie, Remus e Hagrid tivessem dito até ali fosse inacreditável, Harry não podia deixar de confiar neles.

– É aqui – Disse Remus parando. – O Caldeirão Furado. É um lugar famoso.

– Apesar de fedido. – Adicionou Sophie, naquele cochicho para apenas Harry ouvir.

Era um barzinho sujo. Se Remus não o tivesse apontado, Harry nem teria reparado que existia. As pessoas que passavam apressadas nem olhavam para aquele lado. Os olhos delas corriam da grande livraria a um lado à loja de discos no outro como se nem conseguissem ver O Caldeirão Furado. Na verdade Harry teve a sensação muito estranha de que somente eles quatro eram capazes de vê-lo. Antes que pudesse comentar isso, Hagrid o empurrou para dentro.

Para um lugar famoso, o Caldeirão era muito escuro e miserável, e, como dissera Sophie, bastante fedido. Havia umas velhas sentadas a um canto, bebendo pequenos cálices de xerez. Uma delas fumava um longo cachimbo. Um homenzinho de cartola conversava com o velho dono do bar, que era bem careca e parecia uma noz viscosa. O zum-zum das conversas parou quando eles entraram. Todos pareciam conhecer Hagrid; acenaram e sorriram para ele, o barman apanhou um copo, perguntando:

– O de sempre, Hagrid?

– Não posso, Tom, estou a serviço de Hogwarts – Disse Hagrid, dando uma palmada com a manzorra no ombro de Harry, o que fez os joelhos do garoto dobrarem, Remus segurou seu peito para que não caísse para frente.

Tom estreitou os olhos para Sophie e o padrinho e sorriu abertamente.

– Sophie, Remus! Há quanto tempo não aparecem por aqui. Encontraram outro beco para fazer compras?

– Bom dia, Tom. – Sorriu Sophie, mas a atenção do homem já estava em outra pessoa.

– Meu Deus! – Exclamou Tom, fitando Harry. – É... será possível?

O Caldeirão Furado repentinamente parou e fez-se um silêncio total.

– Valha-me bom Merlim – Murmurou o velho Tom. – Harry Potter... que honra.

E saiu correndo de trás do balcão, precipitou-se para Harry e agarrou suas mãos, as lágrimas nos olhos.

– Seja bem-vindo, Sr. Potter, seja bem-vindo.

Harry não sabia o que dizer. Todos tinham os olhos nele. A velha com o cachimbo puxava o fumo sem se dar conta de que o cachimbo apagara. Hagrid sorria radiante.

Logo houve um grande arrastar de cadeiras e no momento seguinte Harry se viu apertando as mãos de todos n'O Caldeirão Furado. Sophie desviou de todos por um lado e agora estava ali, na outra porta do bar, rindo do irmão.

Irmãos Potter _ A História de Harry e SophieOnde histórias criam vida. Descubra agora